BC estava convicto de que ciclo de aperto não acabou e que próximos passos seriam menores, diz diretor
Por Bernardo Caram
(Reuters) - O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou nesta segunda-feira que a autarquia tinha convicção em sua reunião de março de que o ciclo de aperto monetário não estava encerrado e que os movimentos à frente seriam menores do que os aumentos recentes realizados até então.
Falando em evento promovido pelo Itaú BBA, David disse que a sinalização dada foi mais interessante para se ter uma saída "suave" do guidance da autarquia, minimizando volatilidades.
Em sua declaração, David citou "passos menores" do BC à frente no plural, embora a autoridade monetária tenha sinalizado em suas comunicações oficiais o movimento que será feito apenas em maio, deixando as reuniões à frente em aberto.
“Na reunião passada, (houve) alta convicção de que o ciclo não estava encerrado e que os passos seriam menores do que até então. Logo, para nós, foi mais interessante dar essa sinalização para ter essa saída do 'forward guidance' mais suavizada, minimizando volatilidades possíveis de interpretação”, disse.
O diretor afirmou que o uso do “forward guidance” pela autoridade monetária é bastante extraordinário e sua aplicação demanda uma elevada convicção de onde o BC deve estar no futuro.
Segundo ele, a saída da indicação futura feita em dezembro, de três elevações consecutivas de 1 ponto percentual na Selic, trouxe inquietudes ao mercado e, por isso, o BC trabalhou para minimizar as volatilidades.
Neste mês, o BC implementou a terceira alta seguida nos juros básicos, a 14,25% ao ano, e indicou uma elevação em menor magnitude para a próxima reunião de política monetária, em maio.
David ressaltou que a autarquia calibrará a política de juros à frente considerando a dinâmica das expectativas de mercado para os preços no país e a inflação corrente, que para ele não deve arrefecer nos próximos três a cinco meses.
O diretor ainda pontuou que o crédito incentivado existente no Brasil, que viabiliza empréstimos mais baratos a parte das empresas, faz com que a política monetária não tenha efeito equânime sobre todos os agentes.
“O que acaba acontecendo é que o BC tem que colocar a taxa de juros um pouquinho acima para que todos estejam no nível restritivo”, disse.
CÂMBIO
David ainda afirmou que neste momento as reservas internacionais do Brasil estão em “níveis confortáveis” e acrescentou não haver razão para incrementá-las.
Ele reforçou que o BC apenas intervém no câmbio quando detecta alguma disfuncionalidade, seja no mercado à vista ou em derivativos.
“O objetivo do BC é ser o mais eficaz possível, o mais cirúrgico possível e endereçar a questão diretamente onde o mercado viu a disfuncionalidade”, afirmou.
David acrescentou que as expectativas de inflação se elevaram no primeiro trimestre, a despeito da valorização do câmbio, o que pode indicar que os agentes não têm uma percepção de que a alteração do patamar é permanente. Segundo o diretor, expectativas de mercado para a condução da política fiscal podem explicar a desancoragem da inflação.
Ele reforçou que não há relação mecânica entre a taxa de câmbio e a política monetária.
Para o diretor, o BC fica muito mais atento às tendências do câmbio do que a outros movimentos que podem ser respostas a ruídos.
Na live, David também afirmou que o BC ainda está estudando possíveis efeitos do novo programa de estímulo ao crédito consignado para trabalhadores privados, lançado pelo governo, ressaltando que essa avaliação não envolve apenas a demanda pelos tomadores dos empréstimos, mas o comportamento dos bancos.
Para ele, o novo consignado pode levar a uma troca de dívidas mais caras por mais baratas, o que reduziria o endividamento. Por outro lado, poderia haver uma simples ampliação de novas dívidas da população, o que levaria a um maior comprometimento de renda.
“Nos nossos estudos, a gente ainda não tem uma conclusão com toda a convicção”, disse.
(Reportagem adicional de Fernando Cardoso)
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