Falta soja em regiões importantes de processamento da China e demanda segue focada no BR

Publicado em 28/04/2025 09:45 e atualizado em 28/04/2025 10:21
Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest
Mercados estão atentos agora não só às novas compras, mas também à movimentação, principalmente, do farelo de soja na nação asiática.
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Regiões importantes da China estão sem soja e demanda deve seguir concentrada no Brasil

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Enquanto a China segue reafirmando que não está com negociações em andamento com os EUA, falta soja na nação asiática e a entrega de farelo está bastante baixa por lá. E a demanda dos chineses deve seguir concentrada no mercado brasileiro, como explica o analista do complexo soja e diretor da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin, em entrevista ao Bom Dia Agronegócio desta segunda-feira (28). 

"O mercado da soja já vivia o trade war antes mesmo de tarifas (...) O Brasil embarcou muita soja, China recorde no share, embarcamos até sexta-feira passada quase 38 milhões de toneladas e a China representa 77% desse embarque, isso com base em line-ups, e o ano passado era 71%", detalha Vanin. 

Com algumas mudanças em sistemas logísticos da China, em especial nos portos do norte - que são os maiores em termos de recebimento - e na região, que também concentra as maiores processadoras locais - o problema da oferta escassa se acentuou e o mercado acaba mais incerto e inseguro. 

"Isso vai aumentando o tempo para a soja virar farelo e aí há uma falta de farelo bastante forte. Então, o que resolve é o leilão. Hoje teve leilão de soja e tudo foi vendido, arremataram 100%. E eu não me lembro quando houve venda de 100% de soja em leilã, mas com isso o farelo caiu bem, o óleo caiu bem por conta desse resultado e as margens pioraram muito. Mas veja a falta de soja que regiões importantes da China sofrem mesmo com embarques do Brasil bastante parrudos", explica o analista. 

E a dependência quase que exclusiva do Brasil, em especial pelas processadoras comerciais, acaba agravando este cenário, também pelo atraso dos embarques brasileiros no começo do ano, algo que pode se repetir no final deste, inclusive, antes da chegada da nova safra brasileira, caso a guerra tarifária entre EUA e China continue. 

"E acho que as tarifas não vão ser retiradas. Para as estatais, isso é um prato cheio para controlar o fluxo. Elas vendem em um momento em que a curva está em um momento interessante. Como com este leilão. Vende soja agora e repõe, mais pra frente a preços menores é excelente. Então, esta deve ser o novo normal do mercado chinês e, Brasil e China são mesmo mercado, estamos dentro deste novo normal que é essa dependência quase que exclusiva do Brasil para as crushers comerciais", afirma Vanin. 

A concentração das compras de soja do Brasil pela China vai acarretar, inevitavelmente, em um farelo mais caro, em algum momento, para alguma ponta da cadeia, em especial no consumidor final. Para a indústria brasileira, também pode ser desafiador, uma vez que vai disputar de forma mais intensa a soja com a exportação, o que pode resultar em preços mais elevados, em especial via prêmios. 

"Isso tudo pode ser bom para a trading - a depender do trade que ela vai fazer - é bom para o produtor brasileiro, não é bom para o consumidor final na China e nem para a nossa indústria aqui no Brasil porque é mais concorrência por soja", diz. 

Acompanhe a análise completa de Eduardo Vanin no vídeo acima. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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