Enchentes provocam queda de 15,6% nas vendas da indústria gaúcha em maio
Publicada nesta sexta-feira (7/6), a terceira edição do Boletim Econômico-Tributário da Receita Estadual sobre os impactos das enchentes nas movimentações econômicas dos contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços (ICMS) do RS indica queda de 15,6% nas vendas da indústria em maio de 2024. A comparação é frente ao mesmo mês de 2023. Entre os destaques da publicação estão os efeitos na emissão de notas fiscais e na arrecadação, além da visão detalhada dos setores de agroindústria, alimentos e insumos agropecuários.
O volume de vendas das indústrias do RS foi mais impactado nos setores de insumos agropecuários, com menos 39,1% em maio, metalmecânico, com menos 24,4%, e de pneumáticos e borrachas, com menos 18,2%. Os segmentos de têxteis e vestuário, com menos 17,2%, e de Madeira, Cimento e Vidro, com menos 16,1%, também estão com desempenho pior que a média geral da indústria gaúcha em comparação como mesmo período do ano anterior (-15,6%). Apesar disso, todos os setores analisados já apresentam sinal de retomada após o momento mais crítico da crise meteorológica – a queda geral média chegou a ser de menos 37,3% na primeira semana do mês.
Na visão por região do Rstado, as maiores baixas são verificadas na Fronteira Noroeste (-63,2%), no Alto do Jacuí (-28,6%), no Vale do Rio dos Sinos (-26,2%), no Vale do Taquari (-26,0%) e no Vale do Caí (-25,9%). A Região Metropolitana tem índice de menos 21,2% na comparação das vendas da indústria em maio de 2024 e 2023.
Detalhamento setorial
A terceira edição do boletim aprofunda os dados relativos a três setores da economia gaúcha: agroindústria, alimentos e insumos agropecuários.
Dos 1,3 mil estabelecimentos da agroindústria contribuintes do ICMS, 89% deles estão em municípios afetados (24% em estado de calamidade e 65% em estado de emergência). Eles respondem por 88% da arrecadação do setor. Desses, 12% estão em áreas que foram inundadas, representando 15% da arrecadação setorial. O volume de vendas no mês de maio em comparação a maio de 2023 caiu 9,9%.
Já no setor de alimentos, a queda no volume de vendas em maio foi menor: 5,3%. As baixas estão concentradas nas regiões do Vale do Taquari, com menos 31,6%, e do Vale do Rio dos Sinos, com menos 26,1%. Dos 8,3 mil estabelecimentos do setor, 92% estão em municípios afetados (50% em estado de calamidade e 42% em estado de emergência). Eles respondem por 94% da arrecadação do setor. Desses, 18% estão em áreas que foram inundadas, representando 33% da arrecadação setorial.
O setor de insumos agropecuários, por sua vez, é o mais afetado entre todos os analisados, com menos 39,1% no volume de vendas em maio. A perda foi impulsionada principalmente pela Região Sul (que concentra mais de metade das vendas e apresentou redução de 35,9%) e pelo Vale do Rio dos Sinos, com menos 63,8%. Dos 2,8, mil estabelecimentos do setor, 84% estão em municípios afetados (22% em estado de calamidade e 62% em estado de emergência). Eles respondem por 74% da arrecadação do setor. Desses, 9% estão em áreas que foram inundadas, representando 18% da arrecadação setorial.
Arrecadação de ICMS caiu 16,1%
O fechamento do mês também revela os primeiros impactos na arrecadação de ICMS. O valor projetado para o período de 1º a 3 de maio, antes das enchentes, era de R$ 3,97 bilhões. Na prática, entretanto, foram arrecadados R$ 3,33 bilhões, ou seja, uma redução de R$ 640 milhões (-16,1%). Pelo fato de o ICMS refletir as operações do mês anterior, a expectativa é que junho tenha queda mais acentuada.
44 mil estabelecimentos em áreas inundadas
Conforme apurado, 91% dos 278 mil estabelecimentos contribuintes do ICMS no RS estão situados em municípios em estado de calamidade pública ou em situação de emergência, conforme o Decreto 57.626/24. Em média, eles respondem por 93% da arrecadação e 90% das vendas entre empresas. A publicação indica ainda que 44 mil estabelecimentos (16% do total), responsáveis por 27% da arrecadação de ICMS no RS, estão situados em áreas que foram inundadas.
Impactos na atividade econômica
O valor das operações realizadas por empresas gaúchas teve uma queda de 20% nos últimos sete dias de maio em comparação ao mesmo período de abril. Isso significa uma redução de R$ 630 milhões em operações diárias. A queda percentual chegou a ser de 55% no pior momento da crise, conforme números atualizados. Já o número de empresas que emitiram nota fiscal no RS caiu 12% nos últimos sete dias. O indicador chegou a mostrar redução de 37% no início de maio.
Medidas implementadas até o momento
A Secretaria da Fazenda (Sefaz) e a Receita Estadual monitoram permanentemente as necessidades e buscam soluções para mitigar os impactos e atender os contribuintes durante o período de calamidade, bem como facilitar a recuperação das empresas que foram mais severamente impactadas pelos alagamentos e deslizamentos em diferentes regiões gaúchas.
Entre as medidas já implementadas estão: prorrogação de prazos de pagamento para estabelecimentos de todos os municípios gaúchos (ICMS em geral e Simples Nacional); prorrogação de prazos para entrega das declarações; prorrogação de prazos processuais e demais atos administrativos; inibição das negativações na Serasa; benefício de isenção de ICMS para compra de ativos imobilizados para estabelecimentos em munícipios em estado de calamidade ou de emergência; benefício de não estorno dos créditos de ICMS dos bens danificados ou perdidos do estoque nas enchentes para estabelecimentos em munícipios em estado de calamidade ou de emergência; entre outras.
Sobre o Boletim
O Boletim Econômico-Tributário da Receita Estadual avalia os impactos das enchentes no comportamento da economia gaúcha, analisando como a crise meteorológica pode impactar no equilíbrio fiscal e o que está sendo feito para mitigar os efeitos dela sobre o Estado. Inicialmente, o documento é publicado com periodicidade semanal nos canais da Sefaz. As duas primeiras edições tiveram colaboração da Receita Federal do Brasil (RFB) para obtenção dos dados relacionados às Notas Fiscais eletrônicas (NF-e).
A publicação apresenta dados que revelam os impactos das enchentes na realidade das empresas, na atividade econômica, nos setores econômicos e na arrecadação do ICMS, principal imposto estadual. Além disso, constam também as medidas que estão sendo implementadas pela administração tributária gaúcha para mitigar os efeitos para os contribuintes e para a sociedade como um todo. O objetivo é ampliar a transparência e apoiar o processo de tomada de decisão para o enfrentamento das consequências da crise meteorológica.
Link para a 3ª edição do Boletim Econômico-Tributário da Receita Estadual
0 comentário
Ibovespa cai pressionado por Vale enquanto mercado aguarda pacote fiscal
Agricultores bloqueiam acesso ao porto de Bordeaux para elevar pressão sobre governo francês
Dólar tem leve alta na abertura em meio à escalada de tensões entre Ucrânia e Rússia
China anuncia medidas para impulsionar comércio em meio a preocupações com tarifas de Trump
Expectativa é de que redação do pacote fiscal seja finalizada nesta semana, diz Rui Costa
Presidente do Fed de Richmond diz que EUA estão mais vulneráveis a choques de inflação, informa FT