Boi/Cepea: Queda no preço do bezerro favorece relação de troca ao terminador
Desde o encerramento do ano passado, o pecuarista terminador vem observando uma melhora no poder de compra. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário está relacionado à queda nos preços do bezerro de forma bem mais intensa que a desvalorização observada ao boi gordo. No acumulado da parcial deste ano (de dezembro/21 a parcial de junho/22), enquanto o preço do boi gordo caiu 11,23%, o recuo no valor do bezerro atingiu quase 18%. Diante disso, nesta parcial de junho (até o dia 21), a relação de troca de arroba de boi gordo por bezerro é a mais favorável ao terminador desde dezembro de 2019, ou seja, o poder de compra do pecuarista terminador é o melhor em mais de dois anos e meio. Quando considerados o animal pronto para abate negociado em São Paulo (Indicador CEPEA/B3) e o bezerro em Mato Grosso do Sul (Indicador ESALQ/BM&FBovespa), o pecuarista terminador precisa, nesta parcial de junho (até o dia 21), de 7,97 arrobas de boi gordo para a compra de um bezerro. No mês passado, o terminador precisava de 8,43 arrobas para realizar a mesma aquisição, e em junho de 2021, de 9,5 arrobas. Em dezembro de 2019, foram necessárias 7,46 arrobas.
1 comentário
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nelson jose camolesi bauru - SP
Considerando que o ciclo da pecuária passa por 3 fases, cria, recria e engorda (terminação), entendo que o preço do bezerro não interfere diretamente no resultado da terminação. O valor do bezerro, do boi magro e da arroba de boi gordo, são determinados por fatores comuns e também por fatores que estão completamente descolados. Exemplo: O comprimento da escala de abates, que atinge drasticamente o terminador, pouco atinge o recriador e o criador. O poder de compra da população também é outro fator ao qual cria e recria parecem ser imunes. Fatores climáticos e o custo dos alimentos concentrados interferem diferentemente em cada etapa da cadeia produtiva. Enfim, mesmo estando tudo interligado de certa forma, podemos considerar que cada etapa tem vida independente. Podemos ter num determinado momento, o preço do bezerro em alta e a arroba do boi em baixa e vice versa. Existe um lapso temporal muito grande na interferência de um determinado fator em cada uma das etapas. Muitas vezes antes um determinado fator surge detonando o preço numa etapa e depois desaparece antes de atingir as outras. Neste momento, queda no valor do bezerro em nada favorece o terminador , o qual encontra-se numa situação preocupante, muito mais devido a alta no custo da alimentação e da logística necessária do que o preço do bezerro.
Sr Nelson Camolesi, concordo com a sua interpretação, mas… acredito que a baixa do preço do bezerro favorece o novo ciclo para o terminador, quando ele ja fez a operação de venda dos bois e está com o capital pronto para reinvestir ou repor os animais do próximo ciclo.
Gente eu tenho uma curiosidade, considerando que produtores de leite substituíram o concentrado por pasto irrigado com elevado teor de proteína----Será que algum confinador já experimentou esse método de engorda???
Sr Carlo Meloni, existem sim, projetos de engorda a pasto irrigado, principalmente com pivôs centrais. Lembrando que na atividade leiteira a escala é muito inferior aos níveis de produção de carne. Sabendo-se que a limitação de operação desses projetos de irrigação para engorda de bois acima de 100 unidades é muito complicado. Lembrando que engordar bois abaixo ou até essa quantidade de animais, a viabilidade econômica fica ameaçada.
Corrigindo: a limitação é grande*.
A viabilidade econômica é muito difícil e muito arriscada.
Sr. Aloisio Brito, boa tarde. Em relação ao momento em que citou, ou seja, quando o terminador vendeu seu gado e vai reiniciar outro ciclo, considero que este é o momento crucial, em que o cálculo deverá ser feito para se avaliar o resultado. Tomemos por exemplo a venda de 100 bois com um determinado peso. O valor liquido desta venda tem que ser suficiente para a compra de 100 bois magros mais o valor das despesas necessárias para engorda-los até o peso dos bois da referida venda. Se precisar por mais dinheiro, a operação deu prejuízo e se sobrar, deu lucro. Quanto sobrou ou quanto faltou é o tamanho do lucro ou do prejuízo. Então pouco importa o preço do bezerro porque ele não entra nesta equação. Os preços que importam são os dos bois magros e das diárias, sejam de boitel ou por conta própria. Não estou considerando como Terminador aquele pecuarista que atua também nas outras fases do ciclo (cria e recria). Muitos deles costumam exportar os lucros das fases anteriores para transformar o prejuízo do confinamento em lucro.
Boa tarde Sr. Meloni. Brilhante a sua colocação. Acredito que a sobrevivência do confinamento terá que passar por mudanças drásticas na sua essência, pois estamos vivenciando situações novas e determinantes que alteraram os valores dos alimentos a nível global e de maneira aparentemente duradoura. Não dá para afirmar que o valor dos alimentos concentrados vão regredir no curto ou médio prazo. Notadamente o milho, que na forma de grãos ou silagem é um forte componente das dietas dos bovinos confinados. Tão pouco a soja e seus derivados voltarão a níveis de preços que tínhamos a 3 anos atrás. Alimentos alternativos como PCP, gérmen de milho, casquinha de soja etc.etc, também acompanharam os primeiros e chegam e custar mais caro ainda, se for levado em consideração o valor nutritivo. Bovinos, suínos, aves, peixes, pets e humanos se forem colocados numa escala de competitividade, teremos a seguinte ordem. Primeiramente humanos, depois pets, peixes, aves, suínos e por último B O V I N O S. Assim sendo, caso haja
falta de alimento, não haverá espaço para tratar bois em confinamento, na escala que hoje estamos vendo. Temos que pensar em sistemas alternativos e mais eficientes para a produção de elevados volumes do alimento que somente o boi come e não tem como sofrer competição de outros consumidores mais eficientes. Este alimento é o capim. A irrigação e também outras técnicas serão utilizadas para atingir este objetivo.
Sem dúvida a vida no Brasil não é pra amadores, e mais uma vez vemos a mídia falar e falar, esse dias uma notícia mostrando um armazém de grãos transbordando em mato grosso e claro isso é usado pra derrubar o preço do milho, esse que o agricultor plantou com preço altos , esperando recuperar o prejuízo do soja , ou seja, o agricultor brasileiro tenta produzir mais, pra recuperar e se enterra mais ainda, será que se reduzíssemos as áreas de soja, reduzíssemos as áreas de safrinha e se preocupasse em fazer rotação de culturas não seria mais lucrativo, produzir mais c menos, riscos sem loterias e preservar nossa poupança no solo, a mídia e o governo usam o agro pra tudo afinal sem comida o mundo para e o tal ser humano vira um bicho incontrolável