Café barato em euros não evita a queda de Nova Iorque, por Rodrigo Costa
Os deputados americanos aprovaram, em sua maioria, a reforma tributária de Donald Trump, como esperado, mas agora o mercado aguarda a batalha real, que será no Senado.
Comentários de um presidente regional do FED sobre um eventual não aumento dos juros em dezembro talvez tenha ajudado o índice do dólar ceder na semana, mas um indicador do Bloomberg mostra uma probabilidade de 92% de ocorrência do incremento do custo do dinheiro para a próxima reunião do FOMC.
As bolsas europeias cederam novamente nos últimos cinco dias, enquanto as americanas ficaram de lado, sendo que o Nasdaq subiu 0.47%.
O CRB tomou um tombo na terça-feira recuperando parcialmente na sexta-feira com o enfraquecimento da moeda americana. A maior parte dos componentes da cesta de commodities caiu, com destaque para o níquel, o cacau, a gasolina e o café, respectivamente perdendo 6.28%, 4.36%, 3.77% e 2.94%. Açúcar, suco de laranja, prata e ouro ganharam 2.74%, 2.58%, 2.42% e 1.53%, respectivamente.
A incapacidade do arábica em Nova Iorque de sustentar acima de US$ 130.00 centavos por libra forçou uma liquidação de alguns novos comprados e encorajou os seguidores de tendência em pressionar as cotações com o rompimento de alguns níveis de suporte de curto-prazo. O robusta em Londres escorregando, com outro gap sendo deixado na abertura da sessão de sexta-feira, contribuiu para manter o sentimento negativo em geral para o café.
Nem mesmo a apreciação do Real conseguiu conter alguma compra dos fundos de algoritmo.
A influência das moedas, entretanto, não devem ser negligenciadas, e tão logo encontrem um patamar de equilíbrio vão causar um ajuste nas cotações, seja para um lado ou para o outro. O Euro firme, por exemplo, faz o café ficar mais “barato” para a região que mais compra café no mundo. Assim como o Real eventualmente não enfraquecendo mais, assim como o Peso Colombiano, afastarão em alguns centavos a venda de produtores destes países.
A demanda europeia no físico, talvez em função da firmeza do Euro, tem sido notada por vários agentes recentemente, ajudada também pela baixa disponibilidade de cafés naturais no spot. No pico do consumo no hemisfério norte quem esperou para comprar diferenciais mais baratos ficou sem alternativa e no frigir dos ovos subtraindo os “caros diferenciais” às cotações atuais os europeus voltam a comprar café bem abaixo dos € 100 por libra-peso – ou seja, não é uma sangria desatada.
Nos Estados Unidos os estoques sofreram uma nova queda em outubro, nada muito grande, foram apenas de 154,706 sacas, mas devem continuar diminuindo com os embarques decrescentes do Brasil.
O USDA, departamento de agricultura americano, começou a divulgar os relatórios semianuais de café, com Indonésia e Brasil sendo as primeiras duas origens revisadas. Do país asiático a estimativa de produção para o atual ciclo, 2017/2018, ficou inalterada em 10.9 milhões de sacas.
Já para o Brasil o órgão baixou a safra para 51.2 milhões de sacas, 900 mil sacas a menos do que as 52.1 milhões que estimava no relatório de junho último. No arábica o número caiu de 40.5 para 38.8 milhões e no conilon subiu de 11.6 para 12.4 milhões de sacas.
A agência Safras e Mercados também reduziu a produção atual de 51.1 para 50.45 milhões de sacas.
A semana que vem será curta por aqui com o feriado de Ação de Graças que reúne a família mais do que qualquer outro. Sexta-feira dia 24 de novembro a bolsa abre graças aos computadores que nunca param, entretanto, a liquidez é normalmente bem menor.
Tecnicamente o gráfico fechou negativo na semana, provavelmente atraindo mais vendas na segunda-feira que parte do Brasil estará descansando.
O rompimento de US$ 126.00 centavos por libra deve atrair mais vendas de fundos, que estão com suas posições vendidas relativamente maior do que a semana anterior – considerando a diminuição do número de contratos em aberto.
O contrato de março precisa voltar acima de US$ 130.00 centavos para desencorajar os baixistas, e talvez mais importante tenha que ir acima de US$ 133.75 para efetivamente desencadear um volume de cobertura de compras dos fundos.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
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