Peso argentino: qual o destino da moeda após revisão do regime cambial?
Por Jorge Otaola
BUENOS AIRES (Reuters) - A pergunta que está na boca de todo operador na Argentina: quanto valerá o peso nesta segunda-feira?
A moeda entrará em um novo regime cambial nesta segunda-feira depois que o governo desmantelou grande parte dos controles de capital do país que já duravam anos, colocando o peso em uma faixa de negociação muito mais ampla do que a sua fixação anterior.
Agora, o peso poderá flutuar livremente em uma faixa que se expandirá gradualmente entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar. Ele fechou em 1.074 por dólar na sexta-feira, com os mercados paralelos em 1.355. Anteriormente, a taxa de câmbio só podia desvalorizar 1% ao mês.
Operadores consultados pela Reuters durante o fim de semana disseram que o peso deve abrir entre 1.250 e 1.350 pesos por dólar, o que significaria uma queda de quase 20% em relação ao fechamento anterior, apesar de o governo evitar chamar isso de desvalorização.
A taxa do peso "certamente se dirigirá para a extremidade superior da banda (flutuante), e é aí que os exportadores aparecerão", disse o economista Damián Di Pace. "A taxa de câmbio de segunda-feira não será a que permanecerá nas mesas de negociação por muito tempo."
A mudança inesperada e repentina da taxa de câmbio marcou o fim de cerca de seis anos de controles rígidos de capital implementados para impedir uma queda acentuada nas reservas de moeda estrangeira, que permanecem em território negativo.
No entanto, a Argentina fechou um acordo de empréstimo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional na sexta-feira, juntamente com outros grandes empréstimos de credores internacionais, o que reforçará o balanço patrimonial do banco central e foi fundamental para desbloquear os controles.
A remoção dos controles, que emperravam os investimentos ao dificultar a remessa de lucros para o exterior, põe fim a uma importante distorção do mercado pela qual os investidores e as empresas há muito tempo vinham lutando e que o presidente Javier Milei havia se comprometido a eliminar.
AUMENTO DO DÓLAR
O analista Salvador di Stefano, baseado em Buenos Aires, disse que o governo tentará empurrar o dólar para o limite inferior da banda de 1.000, enquanto tenta acumular reservas em dólares. O acordo com o FMI tem metas para o acúmulo de reservas.
"Acho que teremos uma oferta muito significativa de dólares, devido a questões sazonais de exportação", disse Stefano, referindo-se à próxima colheita de soja.
A economista Maria Castiglioni disse que a flexibilização dos chamados controles cambiais "cepo" foi um retorno à "normalidade".
"Isso significa tentar recuperar a confiança em sua própria moeda", disse ela, acrescentando que o tamanho e a velocidade dos empréstimos internacionais foram favoráveis. "O montante da ajuda de organizações internacionais é surpreendente, pois é muito maior do que o esperado."
Um operador de uma corretora local disse que o peso mais fraco pode até mesmo ajudar a atrair moeda forte, já que os exportadores liquidariam seus dólares a uma taxa de câmbio melhor.
"Isso ajudará a aliviar a pressão sobre o mercado, oferecendo até mesmo a oportunidade de buscar pesos para 'carry trades', dada a especulação sobre o teto da banda flutuante", disse a pessoa.
0 comentário

Trump pisa no freio: recua nas tarifas e tenta salvar a indústria automotiva

Confiança de serviços no Brasil cai em abril para menor nível em quase 4 anos, mostra FGV

Expectativas de inflação da zona do euro aumentam, mostra pesquisa do BCE

Pequim não se envolverá em dumping de mercado, afirma embaixador da China na Índia

Carney vence eleição no Canadá e busca papel de liderança global contra Trump

Ações da China caem, Hong Kong sobe com investidores de olho em impacto das tarifas