Dólar opera em alta nesta 6ª e ronda R$ 3,40 após referendo britânico; perspectiva de estímulos limita alta

Publicado em 24/06/2016 09:12

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Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia quase 1,5 por cento ante o real nesta sexta-feira após o Reino Unido votar por deixar a União Europeia, mas a pressão era limitada pela perspectiva de que bancos centrais possam tomar medidas para oferecer segurança ao mercado, tanto no exterior quanto no Brasil.

Às 10:20, o dólar avançava 1,46 por cento, a 3,3933 reais na venda. A moeda norte-americana chegou a 3,45 reais na máxima da sessão, alta de 3,15 por cento e equivalente a mais de 10 centavos.

Investidores vinham apostando que a campanha pela permanência seria vitoriosa, o que trouxe o dólar abaixo de 3,35 reais pela primeira vez em um ano na véspera. Nesta sessão, o dólar futuro avançava cerca de 1,5 por cento.

"O mercado sangrou um pouco do referendo e teve que desfazer parte do otimismo dos últimos dias. Mas o movimento é mais um ajuste do que um pânico generalizado", disse o economista da corretora Renascença Marcos Pessoa.

O referendo apresentou placar apertado de 51,89 por cento contra 48,11 por cento e forçou a renúncia do primeiro-ministro David Cameron. Analistas temem que a decisão possa atingir investimentos na quinta maior economia do mundo, ameaçar o papel de Londres como capital financeira global e gerar meses de incertezas políticas.

Ativos considerados portos-seguros, como ouro e títulos alemães, disparavam, enquanto a libra esterlina despencou ao menor nível em 31 anos frente ao dólar. Em relação ao fechamento do real na quinta-feira, a libra caía cerca de 7 por cento.

No entanto, a pressão sobre o câmbio era limitada pela perspectiva de novos estímulos de bancos centrais estrangeiros e até mesmo a possibilidade de o Federal Reserve, banco central norte-americano, postergar o aumento de juros.

"Quando a poeira baixar, acreditamos que a decisão (do Reino Unido de deixar a UE) não deve ter efeito sustentado, especialmente fora do centro da Europa e do leste europeu", escreveram analistas do banco Societé Générale em relatório.

Em nota, o BC brasileiro destacou que está monitorando os mercados financeiros após o referendo e que, caso necessário, "adotará as medidas adequadas para manter o funcionamento normal dos mercados financeiro e cambial".

"O BC ganhou no gogó, conseguiu tranquilizar um pouco o mercado. Não vai precisar usar qualquer ferramenta, seja swap ou linha", disse o operador de um banco nacional que opera diretamente com a autoridade monetária, referindo-se aos swaps cambiais, que equivalem a compra ou venda futura de dólares.

O BC tem atuado muito pouco nos mercados cambiais nas últimas semanas, realizando apenas dois leilões de linha para rolagem desde 19 de maio.

Ibovespa mergulha mais de 2% com decisão do Reino Unido por saída da UE

Por Priscila Jordão

SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa caía mais de 2 por cento na manhã desta sexta-feira, pressionada principalmente por ações ligadas a commodities, com a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia surpreendendo os mercados ao redor do mundo, que estavam se preparando nos últimos dias para uma escolha pela permanência.

Às 10h56, o Ibovespa recuava 2,4 por cento, a 50.341 pontos. O giro financeiro era de 1,64 bilhão de reais.

Com isso, investidores se voltavam para ativos considerados mais seguros e realizavam ajustes após os últimos pregões -- a Bovespa subiu quase 3 por cento na véspera com o mercado apostando em uma manutenção britânica na UE.

Para além do Reino Unido, a preocupação era sobre o futuro do bloco econômico, com possível fortalecimento do separatismo em outros países. O principal índice acionário europeu FTSEurofirst 300 recuava 5,23 por cento e, nos Estados Unidos, o S&P 500 perdia 2,3 por cento.

De acordo com o economista-chefe do Modalmais, Álvaro Bandeira, os impactos negativos para o Brasil são vários, uma vez que a instabilidade afeta preços de commodities, o câmbio, dificulta investimentos externos diretos e a tomada de empréstimos.

Com isso, a atenção se volta para qual será a ação de bancos centrais para tentar dar equilíbrio ao mercado. "Se os BCs tiverem uma ação coordenada e atuação de maior prudência, dando liquidez, pode ser que a situação se acalme", disse Bandeira. A avaliação também é de que o Federal Reserve tende a postergar uma alta do juro.

Contudo, parte do mercado já relativizava o impacto do resultado do referendo nos próximos dias. "Embora a decisão da votação deva pesar em preços de ativos de mercados emergentes ao longo dos próximos dias, o impacto econômico direto no mundo emergente deve ser menor do que muitos temem", disse a consultoria Capital Economics em relatório.

O HSBC afirmou que, uma vez que a poeira baixe, a decisão não deve ter um impacto continuado, ao menos para regiões fora da Europa central e oriental.

A notícia deixava o restante do noticiário doméstico em segundo plano.

DESTAQUES

--PETROBRAS perdia 5 por cento nas preferenciais e nas ordinárias, em meio à forte baixa do preço do petróleo por conta da decisão do Reino Unido. Além disso, a estatal informou na quinta-feira que o Petros, seu fundo de pensão, fechou 2015 com um déficit de 22,6 bilhões de reais, diante de um limite de tolerância máximo de 6,5 bilhões de reais previsto em legislação.

--VALE tinha as preferenciais em baixa de 4,6 por cento, assim como outros papéis ligados a commodities como CSN e Gerdau, que caíam 5 e 3,9 por cento, respectivamente.

--CYRELA tinha desvalorização de 2,2 por cento depois de acertar acordo para investir entre 73 milhões e 100 milhões de reais na rival Tecnisa, cujos papéis recuavam 1,2 por cento. A operação envolverá aumento de capital de até 200 milhões de reais pela Tecnisa, a um preço de emissão de 2 reais -- o valor representa deságio de 17 por cento sobre o preço de fechamento da ação da Tecnisa na véspera, de 2,41 reais.

--ESTÁCIO caía 2,6 por cento. A empresa informou que conversas com representantes da Unip sobre uma eventual união não prosperaram. A Ser Educacional prepara novos termos de sua proposta pela Estácio até o começo da próxima semana, disse uma fonte a par das negociações. KROTON, que melhorou sua proposta pela união com a Estácio, recuava 1,4 por cento.

--FIBRIA e KLABIN caiam 2 por cento cada enquanto SUZANO tinha baixa de 0,8 por cento, apesar da alta do dólar frente ao real.

--BRADESCO perdia 3 por cento nas ações preferenciais, apesar do Conselho de Administração do segundo maior banco privado do país ter aprovado a renovação de um programa de recompra de ações, num total de até 15 milhões de papéis.

--ELETROBRAS subia3 por cento. Nesta sexta-feira, edital de desestatização da distribuidora de energia goiana Celg-D, controlada pela Eletrobras, estabeleceu um valor mínimo de 2,8 bilhões de reais para o leilão previsto para ocorrer em 19 de agosto.

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Fonte:
Reuters

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