Diesel, gasolina e etanol atingem recorde na série histórica da ANP puxados pelo petróleo
Gasolina atingiu na última semana máxima de R$ 6,299/l, o etanol de 5,699/l e o diesel R$ 5,850/l - Foto: Reuters
Os três principais combustíveis utilizados no Brasil (diesel, etanol e gasolina) atingiram na última semana os maiores valores da série histórica do período da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), iniciada em 2004, superando os registros anteriores de 2018 para a gasolina e diesel e de 2020 para o etanol, acompanhando nova disparada nos preços internacionais do petróleo.
Na semana entre os dias 28 de fevereiro e 06 de março, a gasolina teve um preço médio de R$ 5,29 o litro no país, segundo dados da ANP levantados em mais de 3 mil postos e compilados pelo Notícias Agrícolas, superando o recorde anterior de R$ 4,725/l do final de 2018. O etanol, que tem acompanhado os valores da gasolina, registrou marco de R$ 3,898/l, sobre R$ 3,256/l do início de 2020.
“Desde o começo do ano a gasolina subiu mais de R$ 1 nas refinarias, isso é muita coisa. Ao mesmo tempo, a gente percebe que essa alta ainda não chegou completamente nas bombas, ou seja, ainda tem espaço para novas altas”, afirma Lígia Heise, consultora sênior em gerenciamento de risco da StoneX, destacando que a paridade entre o etanol e a gasolina está próxima de um limite.
A gasolina oscilou entre um preço máximo de R$ 6,299/l e mínimo de R$ 4,279/l na última semana. Enquanto o biocombustível variou entre R$ 2,859/l e R$ 5,699/l. Em fevereiro, o IGP-M registrou um salto de 2,53% e acumula 28,94% de alta nos últimos 12 meses.
O diesel, que é utilizado como combustível por caminhões de carga e maquinários agrícolas no Brasil, também registrou recorde no levantamento de preços da ANP na última semana, com registro de média de R$ 4,23/l, mas variando nos mais de 1.200 pontos pesquisados pela entidade entre a máxima de R$ 5,850 e mínima de R$ 3,599/l.
A gasolina e o diesel, derivados do petróleo, estão em uma escalada de preços neste início de 2021 com a commodity fóssil testando máximas históricas. O WTI está acima de US$ 65 o barril e o Brent próximo dos US$ 70 depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados decidiu manter cortes de produção.
Além disso, o mercado acompanha neste início de semana a aprovação do pacote de estímulo no sábado (06) para a economia dos EUA, além do ataque das forças Houthi no Iêmen à Arábia Saudita.
Acompanhando a alta nos preços internacionais do petróleo, a Petrobras anunciou nesta segunda-feira um novo aumento do preço médio do diesel (5,5%) e da gasolina (cerca de 9%) nas refinarias a partir desta terça-feira (09).
Veja mais:
» Petrobras eleva diesel em 5,5% e a gasolina em 9% a partir de terça-feira
Oscilação dos preços do petróleo WTI nos últimos dois anos - Imagem: Barchart
Oscilação dos preços do petróleo Brent nos últimos dois anos - Imagem: Barchart
Para Flávio Gualter Inácio Inocêncio, professor de direito de petróleo e gás da Universidade Nova de Lisboa, apesar da queda da demanda por conta da pandemia do coronavírus em 2020, há uma franca recuperação desse cenário e a commodity pode bater novos recordes, podendo em 2022 marcar patamares entre US$ 80 e US$ 100 por barril.
A escalada de preços da gasolina com o petróleo tem repercutido sobre o etanol, além de impacto adicional da entressafra no Brasil, com menor oferta. Na última semana, o etanol só ficou mais competitivo que a gasolina em dois estados do Brasil, Goiás e Mato Grosso, com paridades de 68,90% e de 69,32%, respectivamente. Na média Brasil, a paridade ficou em 73,69%.
Para Lígia, a chegada da nova safra de cana deve pressionar o etanol, mas isso pode demorar um pouco se a gasolina seguir nesses altos patamares. Além disso, poucas usinas devem antecipar a moagem. “A tendência natural é de a gente ter queda de preço do etanol, mas eu ainda acredito que essa antecipação será feita por poucas usinas e destilarias”, pontua a analista.
Maria Christina Pacheco, presidente do Conselho dos Produtores de Cana de Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo (Consecana), disse ao Notícias Agrícolas que as usinas de cana-de-açúcar do principal estado produtor do país já se movimentam neste mês de março para a produção de etanol, favorecendo o abastecimento do biocombustível ao mercado.
A safra 2021/22 começaria de fato a partir de abril. “No momento, existe uma tendência de a nova safra ser mais açucareira do que alcooleira pelos preços do açúcar. Mas, já tem usinas na região de Ribeirão Preto começando a safra agora”, afirma Pacheco. “Muito coisa será decidida agora neste mês de março”, pontua Maria Christina.
PREÇO DO ETANOL NAS USINAS
Na semana encerrada no dia 05 de março, o Indicador semanal do etanol hidratado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), nas usinas de São Paulo, sem considerar o frete, registrou uma variação de positiva de 7,27% sobre a semana anterior, cotado a R$ 2,9071. Em um mês, o salto acumulado do indicador foi de cerca de 35%.
"Apesar das valorizações, os preços médios do etanol anidro e hidratado nesta safra (2020/21) ainda estão 1,5% abaixo do mesmo período da safra anterior (2019/20), considerando as médias do CEPEA/ESALQ Índices mensais do etanol anidro e hidratado entre abril de 2020 e fevereiro de 2021, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-M de fev/2021)", disse o centro.
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