Parte do mercado que apostou nas altas do milho sai vitoriosa após tarifaço, diz analista internacional

NAPERVILLE, Illinois, 13 de abril (Reuters) - Depois de fazer apostas extremamente otimistas, especuladores superaram no final de fevereiro a pior queda do milho de Chicago em mais de um ano, enquanto os Estados Unidos se preparavam para prejudicar o comércio global.

A maioria dessas posições compradas foi descartada em março, à medida que as incertezas econômicas se intensificaram, e os futuros do milho caíram para mínimas de três meses no final de março.

Mas aqueles que permaneceram no curso foram recompensados ​​na semana passada. O milho negociado na CBOT subiu 6,5% entre segunda e sexta-feira, o melhor período de cinco dias do contrato mais ativo desde o final de 2023.

Em 2 de abril, Washington anunciou tarifas elevadas sobre produtos de quase todos os países, embora grande parte disso tenha sido revogada na quarta-feira, com taxas pesadas permanecendo apenas contra a China.

O Departamento de Agricultura dos EUA cortou na quinta-feira o fornecimento doméstico de milho a um nível que sugere que os futuros do milho próximo podem estar subvalorizados , alimentando ainda mais a alta em andamento.

Apesar de muitas outras commodities registrarem perdas consideráveis ​​em meio à escalada da guerra comercial global, o milho CBOT subiu 1,6% na semana encerrada em 8 de abril, atingindo seus preços mais altos em mais de duas semanas.

Essa força pode ter despertado suspeitas entre gestores de fundos, que reduziram suas posições compradas líquidas em futuros e opções de milho da CBOT para 53.576 contratos, ante 56.757 na semana anterior, impulsionadas por um aumento nas posições vendidas brutas.

Mas os futuros do milho subiram 4,5% nos três dias seguintes e a soja mais ativa na CBOT avançou 5%, ambos atingindo máximas de seis semanas na sexta-feira.

Isso confundiu alguns investidores, já que os Estados Unidos e sua principal compradora de soja, a China, aumentaram as tarifas entre si ao longo da semana. No entanto, a China raramente faz negócios no mercado de soja dos EUA nesta época do ano, já que a oferta brasileira é abundante.

A alta do feijão no final da semana não foi favorável aos gestores de recursos, que até 8 de abril haviam aumentado suas posições vendidas líquidas em futuros e opções de soja na CBOT para uma máxima de 15 semanas de 50.447 contratos. Isso em comparação com 29.847 na semana anterior.

PRODUTOS DE SOJA, TRIGO

A cobertura de posições vendidas foi intensa no óleo de soja da CBOT pela segunda semana consecutiva, em meio à volatilidade dos preços globais do óleo vegetal. Os gestores de recursos estabeleceram uma posição comprada líquida de 30.125 contratos futuros e de opções de óleo de soja em 8 de abril, contra uma posição vendida líquida de 5.762 na semana anterior. 

Gestores de recursos reduziram ligeiramente o que havia sido uma posição vendida líquida recorde em futuros e opções de farelo de soja na CBOT, resultando em uma posição vendida líquida de 97.630 contratos. O farelo de soja na CBOT valorizou 3% nas últimas três sessões, ultrapassando US$ 300 por tonelada vendida na sexta-feira pela primeira vez em três semanas.

Os contratos futuros de trigo da CBOT também atingiram máximas de três semanas na sexta-feira, com um preço de fechamento de US$ 5,55-3/4 por bushel. Esse valor é quase idêntico ao da mesma data do ano passado, quando os fundos mantiveram uma posição líquida vendida de cerca de 87.000 contratos.

Em 8 de abril, as posições vendidas líquidas de trigo na CBOT dos gestores de fundos totalizaram 102.132 contratos futuros e de opções, uma queda de cerca de 10.000 na semana.

Os fundos também permanecem fortemente pessimistas em relação aos outros sabores de trigo. Sua posição vendida líquida em futuros e opções de trigo de Kansas City, cerca de 49.834 contratos em 8 de abril, é a maior desde maio de 2019. 

As posições vendidas líquidas dos gestores de fundos em futuros e opções de trigo de Minneapolis em 8 de abril atingiram uma alta de 13 semanas de 28.844 contratos, não muito longe do recorde.

Esta semana, os traders continuarão monitorando as manchetes sobre as tarifas dos EUA, mas também estarão atentos ao início da safra americana. Até domingo, o milho americano estava com cerca de 5% da área plantada, em média.

Karen Braun é analista de mercado da Reuters. As opiniões expressas acima são dela.
Edição de Cynthia Osterman