Milho: De olho na colheita nos EUA, mercado inicia a semana em campo negativo na Bolsa de Chicago

Publicado em 26/09/2016 08:07

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros do milho iniciaram a semana do lado negativo da tabela. Às 7h23 (horário de Brasília), os principais vencimentos da commodity testavam perdas entre 2,50 e 3,00 pontos. O contrato dezembro/16 era cotado a US$ 3,33 por bushel, enquanto o março/17 trabalhava a US$ 3,43 por bushel. O julho/17 era negociado a US$ 3,57 por bushel.

As atenções dos participantes do mercado permanecem voltadas ao comportamento do clima nos Estados Unidos. De acordo com informações do Commodity Weather Group, algumas localidades de Kansas e Oklahoma receberam chuvas fortes de até 127 mm no final de semana. E mais chuvas são previstas no Meio-Oeste americano ao longo dessa semana.

Contudo, o restante do cinturão produtor do cereal deverá ter uma semana um pouco mais seca antes do retorno de novas chuvas, o que deve ocorrer na próxima semana. "O mercado continua preocupado com algumas inundações em Iowa, Minnesota e Wisconsin. Porém, os trabalhos nos campos têm avançado no restante da região, de modo a manter a pressão sobre os preços", disse Tobin Gorey, do Commonwealth Bank of Australia.

Até a semana anterior, em torno de 9% da área havia sido colhida, conforme dados oficiais do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O departamento irá atualizar os números no final da tarde de hoje. Paralelamente, o órgão ainda divulga hoje o boletim de embarques semanais, importante indicador de demanda.  

Confira como fecharam os preços na última sexta-feira:

Milho tem semana de ligeiras quedas em Chicago com foco no andamento da colheita no Meio-Oeste

As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a semana com ligeiras desvalorizações, entre 0,15% e 0,49%, conforme levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes. Nesta sexta-feira (23), as principais posições do cereal também recuaram e fecharam o dia com ligeiras perdas, próximas da estabilidade. O dezembro/16 era cotado a US$ 3,36 por bushel e o março/17 era negociado a US$ 3,46 por bushel.

Durante os últimos dias, as atenções dos participantes do mercado tiveram voltadas ao comportamento do clima no Meio-Oeste dos EUA. Isso porque, as recentes chuvas interromperam a colheita do milho em grande parte do cinturão produtor e trouxeram especulações em relação às doenças nas lavouras. Até o início da semana, em torno de 9% da área cultivada nesta safra havia sido colhida, conforme apontam os números oficiais.

O índice ficou abaixo da média registrada nos últimos anos, de 12% e das apostas dos participantes do mercado, de 11%. As informações serão atualizadas na próxima segunda-feira (26) em novo boletim de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Segundo dados reportados pelas agências internacionais, em Minnesota, Wisconsin e norte de Iowa acumularam chuvas fortes nos últimos dois dias, um volume próximo de 203 a 254 mm. Essa semana também houve relatos de enchentes no sul de Minnesota.

Em contrapartida, em alguns estados como, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Nebraska e a metade oriental do cinturão de milho, a colheita tem corrido normalmente. "De modo geral, as previsões mais alongadas indicam mais chuvas no período de colheita do cereal, o que se confirmado pode atrasar a colheita", pondera a analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi.

Também há muitas expectativas em relação ao rendimento das lavouras de milho no país. "A perspectiva é que no próximo boletim de oferta e demanda o USDA revise os números, embora, ainda seja uma grande safra", completa Ana Luiza. Em setembro, o órgão indicou a produção de milho dos EUA em 383,38 milhões de toneladas na safra 2016/17. Já a produtividade média das lavouras foi estimada em 184,57 sacas do grão por hectare.

Mercado brasileiro

A semana também foi de queda aos preços do milho praticados na BM&F Bovespa. As principais posições do cereal acumularam perdas entre 3,69% e 4,27%. O contrato novembro/16 fechou a sexta-feira (23) a R$ 40,30 a saca e o março/17 a R$ 39,88 a saca. O vencimento maio/17 era negociado a R$ 37,30 a saca.

No mercado interno, as cotações também recuaram na semana, conforme levantamento do Notícias Agrícolas. Em Barretos (SP), o preço caiu 12,83%, com a saca do cereal a R$ 33,21. Ainda em São Paulo, na região de Assis, a queda foi de 7,89%, com a saca a R$ 34,19. Já em Itapeva (SP), o recuo foi de 6,66%, com a saca a R$ 34,19 a saca.

Em Campinas (SP), a desvalorização foi de 1,17%, com a saca R$ 42,10. Em Uberlândia (MG), as cotações recuaram 1,14% e a saca fechou a semana a R$ 43,50. Em Panambi (RS), a queda foi de 4,711%, com a saca a R$ 40,02 e Não-me-toque (RS), o preço ficou em R$ 40,00 e queda de 2,44%.

Por outro lado, no Porto de Paranaguá, os preços subiram em torno de 6,25% na semana, com a saca a R$ 34,00 no final dessa semana. No Paraná, nas praças de Ubiratã, Londrina e Cascavel, o ganho foi de 3,23%, com a saca a R$ 32,00. Em São Gabriel do Oeste (MS), a cotação subiu 1,64% e a saca fechou a sexta-feira a R$ 31,00.

É consenso entre os analistas de que os grandes compradores permanecem fora do mercado e se abastecem com o produto vindo da Argentina e Paraguai. Com isso, as negociações no mercado doméstico continuam lentas. Em Santa Catarina, por exemplo, a agroindústria tem se abastecido do produto importado.

"O milho importado chega aos produtores do estado com valor mais baixo, também em função da recente queda do dólar. Já a saca do grão trazida de Mato Grosso, chega ao agricultor catarinense com valor de R$ 45,00. Cenário que mantém os custos de produção elevados aos granjeiros", disse o vice-presidente da Faesc (Federação de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina), Enori Barbieri.

"Ainda precisamos acompanhar os números das exportações, que apesar de menores, ainda continuam acontecendo. Esse cenário irá refletir nos estoques de passagem e, consequentemente, ainda iremos iniciar o próximo ano com quadro apertado entre oferta e demanda", reforça a analista de mercado da FCStone.

Outro fator que também tem tido a atenção dos participantes do mercado é o andamento da safra de verão. Ao contrário do que vinha acontecendo nos últimos anos, os produtores rurais voltaram a investir na semeadura do cereal na primeira safra motivados pelos preços recordes registrados no início desse ano.

Dólar

A moeda norte-americana encerrou a sexta-feira a R$ 3,2472 na venda, com ganho de 0,66%. Na semana, o câmbio registrou perda de 0,64%. Ainda hoje, a movimentação foi decorrente da piora no cenário externo puxada pela queda nos preços do petróleo, que refletiram o apetite por risco, conforme informou a agência Reuters.

Essa semana, outro destaque também foi a manutenção da taxa de juros nos EUA, pelo Federal Reserve, banco central americano. Porém, há grande expectativa de que a elevação ocorra até o final de 2016.

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Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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