Ovos: O Brasil está preparado para para as novas tendências?

Publicado em 19/06/2023 10:26 e atualizado em 19/06/2023 15:01
A lógica é inovar e também pensar nos canais de distribuição, aponta especialista

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Um dos produtos mais populares e versáteis na alimentação do brasileiro, o ovo, foi pauta de análise sobre como avançar no setor de avicultura de postura olhando os desafios globais em palestra da pesquisadora do Cepea, Juliana Ferraz, durante a 4ª Conbrasul Ovos. 

“A grande questão é como agregar produtos que são carros-chefe da nossa economia e avançar nisso? Precisamos ficar atentos às mudanças que acontecem no Brasil e no mundo”, pontua.

Juliana Ferraz pesquisadora do Cepea na Conbrasul Ovos
Juliana Ferraz, pesquisadora do Cepea (Foto: Rafael Cavalli)

Juliana detalha quatro pontos importantes: demanda por produtos sustentáveis, bem-estar animal, avanços tecnológicos e geopolítica.

Uma das alternativas que têm se destacado é a inteligência artificial que, segundo a pesquisadora, é algo muito difícil que os avanços desta tecnologia sejam freados. 

A respeito da demanda por produtos mais sustentáveis, a especialista detalha que os consumidores querem saber de onde vem os produtos que eles compram. “A gente não pode ficar alheio às demandas do consumidor. A Europa, por exemplo, tem tendências de importações que acabam criando regras para todos seus parceiros comerciais. Quebrar padrões é algo muito difícil, ainda mais quando é algo de risco. A lógica é inovar, pensar na distribuição”, afirmou.

Em relação à geopolítica, Juliana Ferraz fez um paralelo com o que o Brasil vivenciou em relação à Rússia em 2017 com a suspensão dos russos à importação da carne suína brasileira. 

“No final de 2017, a Rússia, que por 16 anos foi a principal importadora de carne suína do Brasil, embargou as importações, alegando presença de ractopamina na carne suína brasileira. A gente sabe que a Rússia já vinha fazendo investimentos para ser auto suficiente na produção de carne suína, e quando atingiu seu objetivo, deixou de comprar os volumes que adquiria. O impacto só não foi maior porque em meados de 2018 explodiram os casos de Peste Suína Africana na China,  que passou a importar grandes volumes para poder suprir as necessidades”, relembrou.

No mercado de ovos, o movimento é muito similar, explica a pesquisadora. As vendas são muito concentradas em alguns parceiros, e o que o Brasil  mais exporta é o produto in natura, mas o que o mercado externo paga mais é o produto industrializado, justamente o que o país exporta em menor quantidade. 

Apesar disso, Juliana pondera que é interessante, sim, acompanhar as exportações, mas a maior parte da produção de ovos fica no Brasil, âmbito para o qual o setor produtivo também precisa olhar com atenção. “Fazendo o recorte de que 44% dos Estados Brasileiros o rendimento per capita é menor que um salário mínimo. A questão que fica é ‘será que a população brasileira está apta a pagar valores maiores por um produto produzido de forma mais sustentável?’”, questiona,

Uma das estratégias do Brasil deveria ser a diversificação, na visão da pesquisadora. O país precisa se adaptar a um novo modelo geopolítico, uma vez que as mudanças já estão acontecendo. “Não dá para criar estratégias sem observar esse cenário. Temos que olhar para o passado, ver o que está acontecendo no presente e aí sim planejar o futuro”. 
 

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Por:
Letícia Guimarães
Fonte:
Notícias Agrícolas

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