Dólar devolve ganhos do início da sessão após falas de líderes do Congresso e realização
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava frente ao real nesta sexta-feira, devolvendo os fortes ganhos de mais cedo, mas ainda acima de 5,97 reais, à medida que o mercado reagia a comentários de líderes do Congresso sobre o pacote fiscal do governo e realizava lucros devido aos patamares historicamente altos da moeda.
Às 13h03, o dólar à vista caía 0,24%, a 5,9768 reais na venda, após atingir mais cedo a máxima recorde de 6,1148 (+2,07%).
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,76%, a 6,055 reais na venda.
As atenções do mercado continuavam completamente voltadas para o noticiário doméstico, reagindo ao duplo anúncio pelo governo na quarta-feira de um pacote de contenção de gastos e de uma reforma do Imposto de Renda.
O pacote fiscal, que era esperado pelo mercado, veio em linha com as expectativas, mas a reforma do IR, que amplia a faixa de isenção para quem ganha até 5 mil reais por mês, pegou os investidores de surpresa, levantando mais temores sobre o compromisso do Executivo com o ajuste das contas públicas.
Após ultrapassar 6,00 reais na véspera pela primeira vez desde o início da circulação da moeda brasileira, em 1994, o dólar voltou a subir nesta sessão, com a manutenção da reação negativa do mercado.
No final da manhã, no entanto, a divisa norte-americana passou a devolver os ganhos, na esteira de comentários do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em defesa do pacote do governo e do equilíbrio fiscal.
Em publicação no X, Lira reafirmou "o compromisso inabalável da Câmara dos Deputados com o arcabouço fiscal" e afirmou que "toda medida de corte de gastos que se faça necessária para o ajuste das contas públicas contará com todo esforço, celeridade e boa vontade da Casa".
Ele ainda disse que "qualquer outra iniciativa governamental que implique em renúncia de receitas será enfrentada apenas no ano que vem, e após análise cuidadosa e sobretudo realista de suas fontes de financiamento".
Pacheco, por sua parte, disse a jornalistas depois que apoia "com restrições e possibilidade de incremento" o pacote fiscal do governo e que a reforma do IR deve ser analisada somente "mais à frente".
As falas ajudaram a aliviar a cotação do dólar.
"Após a reação explosiva ao plano do governo, houve um grande movimento de alívio quando Lira reforçou o compromisso com o arcabouço fiscal. Ele já possuía detalhes sobre o plano de corte de gastos, e seu posicionamento de hoje reafirma a visão de que a responsabilidade fiscal será respeitada", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
Outro analista ouvido pela Reuters também chamou a atenção para um movimento de realização de lucros nesta sessão, em meio aos patamares historicamente altos que o dólar atingia.
No exterior, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,08%, a 105,980.
0 comentário
Ibovespa fecha em alta, mas tem maior perda semanal deste setembro com preocupação fiscal
Dólar termina semana com valor recorde de R$6,0012 no fechamento
S&P 500 e Dow Jones fecham em recordes com impulso de ações de tecnologia
Vendas de diesel no Brasil batem recorde em outubro, diz ANP
Europeu STOXX 600 avança com ações de tecnologia
Galípolo diz que BC não defende nível de câmbio e só atua em caso de disfuncionalidade