Perto de liderar exportação global, algodão do Brasil sobe nas passarelas do SPFW

Publicado em 10/11/2023 14:28

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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - Com uma celebração aos 150 anos do jeans, produtores de algodão do Brasil levaram a fibra natural para um desfile exclusivo no São Paulo Fashion Week (SPFW), na noite de quinta-feira, enquanto buscam fortalecer a cadeia produtiva no país e destacar o selo ABR de rastreabilidade, um dos pilares por trás do salto das exportações brasileiras nos últimos anos.

De segundo maior importador de algodão do mundo em 1996, o Brasil está a 400 mil fardos de alcançar os Estados Unidos como maior exportador global na safra 2023/24, segundo dados do governo norte-americano (USDA), já aparecendo a partir desta temporada como terceiro produtor global, atrás de China e Índia, após superar os EUA.

Na safra 23/24, o próprio USDA vê a produção do Brasil em 14,56 milhões de fardos, acima das 13,09 milhões dos EUA, enquanto na temporada anterior os americanos produziram 14,47 milhões, e os brasileiros, 11,72 milhões de fardos. Já a exportação do país triplicou na última década.

"Estamos trocando posição com os EUA, igual corrida de cavalo, por um focinho na frente do outro, a gente querendo ultrapassar os americanos. Mas isso acho que não importa tanto, isso mostra mais o potencial que temos", disse o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel.

Após o desfile no SPFW de 40 "looks" com criações em jeans, Schenkel disse à Reuters que mais importante do que a competição no mercado global é mostrar à indústria e consumidores a qualidade do produto do Brasil. O país ainda rastreia mais de 80% da produção com base em critérios ambientais e sociais com a certificação ABR, que inclui QR Code de rastreabilidade na etiqueta das roupas de algumas indústrias nacionais.

"O que precisamos é nos juntar, todos os grandes países produtores de algodão, para mostrar a viabilidade que temos na fibra natural", disse o presidente da Abrapa, que voltou há cerca de 20 dias de uma viagem comercial ao Paquistão, importante destino das exportações brasileiras.

Schenkel destacou também que o produtor de outro país não é o maior concorrente do setor, mas sim a fibra sintética.

"STYLING"

Exemplos das vantagens do produto natural puderam ser vistos no SPFW, onde estilistas mostraram a versatilidade do jeans.

Paulo Martinez, ícone da moda brasileira que assinou o "styling" do desfile, destacou que o algodão brasileiro é matéria-prima "imprescindível" para a fabricação do jeans, já que a fibra é a principal composição do denim, o tecido do qual é feito.

"Muitos desfiles do Brasil e do mundo já destacaram a importância da peça. No entanto, o movimento Sou de Algodão vai além... Focadas na responsabilidade e na valorização da mão de obra nacional, as peças integram técnicas artesanais contemporâneas e inovação têxtil, apresentando um universo de possibilidades, história e identidade."

Paulo Borges, diretor do SPFW e do desfile Sou de Algodão, disse que o evento apresentou diversas possibilidades no uso do denim e construiu "imagens especiais", "além de potencializar o algodão brasileiro como um dos melhores do mundo".

A diretora da Relações Institucionais da Abrapa, Silmara Ferraresi, notou que o desfile simbolizou o envolvimento maior da cadeia produtiva, que ganhou força com o movimento Sou de Algodão, iniciado em 2016.

"Vir para a São Paulo Fashion Week, que é uma das maiores semanas de moda do mundo, envolver nove estilistas, temos 17 empresas que estão contribuindo com tecidos, com os fios, oito artesãos envolvidos, duas confecções, este trabalho é um trabalho de 36 mãos diretas...", destacou.

Schenkel, presidente da Abrapa, celebrou o desfile como produtores festejam sua colheita. "Veja como estão os nove estilistas que puderam mostrar o resultado do trabalho deles, foi a colheita deles... E todos da cadeia do algodão estão envolvidos para celebrar algo que curto muito, que é o jeans. Quem não tem uma peça de jeans no guarda-roupas?".

(Por Roberto Samora)

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Fonte:
Reuters

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