Analistas do mercado financeiro avaliam as consequências para as empresas e o mercado após a paralisação da exportação de carne para a China

Publicado em 28/02/2023 10:33

O governo federal suspendeu a exportação de carne bovina para a China após a confirmação do caso da doença da vaca louca no Pará. A Encefalopatia Espongiforme Bovina (conhecida como vaca louca), é uma doença degenerativa e fatal do sistema nervoso central de bovinos. Até o momento, não parece haver risco de saúde a seres humanos, mas o Ministério da Agricultura segue aguardando a confirmação através de um parecer do laboratório, em que estão sendo avaliadas as amostras em que foram encontrados o vírus. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse na última segunda, que "muito provavelmente" o caso do mal da vaca louca identificado no Pará será atípico. O resultado do exame final deve ficar pronto no meio dessa semana. Com isso, ele espera intensificar as negociações para restabelecer as vendas de carne bovina à China.

A descoberta da doença tem trazido preocupações para o mercado e sobre quais seriam as consequências para as empresas envolvidas.  O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo e a China é a maior importadora de carne. Nesse cenário, empresas como a Marfrig (MRFG3), JBS (JBSS3), BRF (Brasil Food) e Minerva (BEEF3), podem ser afetadas.

Marcus Labarthe, especialista em investimentos e sócio-fundador da GT Capital, acredita que a tendência é de volatilidade nas ações do setor. Ele lembra que ocorreu uma situação parecida em 2021, em que a suspensão para exportação durou cerca de três meses e também no ano de 2019, que chegou a durar por duas semanas. Marcus explica que, em relação às empresas do setor, 20-25% da receita são da Minerva, 8% Marfrig e 5% da JBS. 

Um fato negativo é que historicamente a China utiliza destes fatores para barganhar menores preços nos contratos, fazendo com que a margem do setor caia e os spreads mais apertados possam traduzir em piores números nos balanços de 2023”, enfatiza Labarthe.

Possivelmente, a empresa mais prejudicada, segundo Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, seria a Minerva, todavia a companhia afirmou que foi notificada da suspensão das exportações e irá atender a demanda da China com suas unidades no Uruguai e Argentina.  “Isso, com certeza, pode minimizar os impactos na companhia”, afirma Cardozo.

André Fernandes, Head de Renda Variável e sócio da A7 Capital acredita que, por ter sido um caso atípico, a doença pode não impactar negativamente por muito tempo. 

"A suspeita é que esse é um caso atípico da doença que assola o animal, casos atípicos são classificados quando a doença se origina dentro do animal, sem ingestão de algum alimento contaminado, portanto um caso mais leve. Mas mesmo assim atrapalha nossas exportações, pois em todos os casos de "vaca louca" são suspensas as exportações até que se conclua as investigações", afirmou. 

Fernandeslembra que hoje, apesar do ocorrido, a Minerva está em um melhor momento que suas concorrentes. “A Minerva está num bom momento devido ao ciclo do boi nos EUA, que ainda se mantém em alta pressionando as margens de Marfrig e JBS. A Minerva acompanhou a queda da arroba do boi no Brasil, onde fica suas principais plantas. Com isso tem potencial para expandir suas margens", diz o sócio da A7 Capital.

Fernandes lembra que o mercado se mostra preocupado também com as empresas de proteína animal por conta da gripe aviária, que já possui casos confirmados na Argentina e no Uruguai, o que torna um risco grande ao Brasil, devido à proximidade das fronteiras. De acordo com ele, a região sul do país corresponde a 60% dos abates de aves de corte, e isso impacta negativamente as ações da BRF Foods, que já caiu mais de 15% desde que começaram as suspeitas. 

"Esses casos acabam impactando o setor como um todo, no caso a BR Foods por ser a única empresa da bolsa de grande porte que trabalha principalmente com aves, é fortemente impactada se a gripe aviária chegar ao nosso país, risco esse que o mercado já está colocando nos preços das ações da BR Foods", completou o head. 

Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, enfatiza que é necessário uma cautela máxima sobre a questão da doença da vaca louca, pois o que está em jogo é a paralisação de uma exportação relevante, o que pode impactar negativamente na balança comercial brasileira.

A Minerva até pode ter anunciado o uso de outras plantas para cobrir eventuais impactos na empresa, mas nem todo frigorífico possui planta para fazer o mesmo. Estamos dependendo exclusivamente dos resultados dos testes da doença que foram realizados no Canadá. Não sabemos ainda como o governo irá atuar devido essa crise, e é por não saber o que esperar, essa incerteza, que o mercado cai. Quando se tem incerteza, o mercado prefere vender”, relata Brasil.

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Fonte:
Assessoria de Imprensa

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