Participação das mulheres no agronegócio é motivo de orgulho, mas ainda há desafios, mostra pesquisa
A participação das mulheres no agronegócio tem sido motivo de orgulho nos últimos anos. Ao mesmo tempo, ainda há desafios a serem superados, como desigualdades e espaços a serem conquistados e consolidados no setor, segundo aponta a “Pesquisa sobre a participação feminina no agronegócio brasileiro” da entidade Agroligadas feita de Norte a Sul do país, em parceria com a Corteva Agriscience, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e o Sicredi.
Das mais de 408 mulheres participantes do levantamento, com idade média de 40 anos, 93% afirmaram ter orgulho de atuar no campo ou na indústria agrícola do Brasil. Porém, quando o assunto é a desigualdade de gênero, mais da metade das mulheres (64%) acreditam que esse problema ainda cerca a cadeia do agronegócio, mesmo 79% afirmando que a situação vista atualmente já é melhor que há 10 anos e 21% acreditam em melhora nos próximos 10 anos.
Além disso, mais da metade das mulheres ainda indicam que ganham menos que os homens, apesar de terem visto melhora na desigualdade. Do ponto de vista de igualdade de confiança do setor financeiro nelas para a aquisição de linhas de crédito, por exemplo, que são importantes para o desenvolvimento das propriedades agrícolas, apesar de 49% das mulheres dizerem ter as mesmas facilidades, cerca de 30% ainda dizem ter menos acesso que os homens.
“A visibilidade da mulher em todos os setores, inclusive no agronegócio, só tem aumentado, além de todo o seu orgulho pelo que faz. Os resultados da nova pesquisa também mostraram para a gente que a questão da desigualdade tem diminuído nos últimos anos e eu acredito muito que isso tem vindo junto com as jovens mulheres rurais, que têm mostrado muita coragem”, disse em entrevista ao Notícias Agrícolas Geni Caline, presidente da Agroligadas.
Na busca por um cenário igualitário, 90% das mulheres ouvidas na pesquisa da entidade dizem que é necessário dar visibilidade aos projetos de sucesso, além de aumentar a capacidade de treinamento e ter acesso ao crédito de forma igualitária, para que os investimentos em maquinários, processos e capacitação de profissionais possam seguir na mesma proporção que a dos homens, como já ocorre há anos.
No comparativo com uma pesquisa realizada pela Corteva, em 2018, as questões de equidade de gênero evoluíram, segundo os principais indicadores desse novo levantamento. O otimismo com a melhora da igualdade nos próximos 10 anos, por exemplo, saiu de 16% para 26% no levantamento mais recente, apesar de barreiras ainda persistirem. Dentre os caminhos para a busca da equidade, segundo as mulheres, estão a comunicação, educação, apoio e sensibilização.
Outro destaque da pesquisa é a satisfação das mulheres no ambiente de trabalho. Quase a totalidade das entrevistadas (97%) disseram que estão felizes com o trabalho que exercem nos diversos setores do agronegócio. Das mais de 400 mulheres ouvidas, 77% destacaram que há reconhecimento de suas habilidades, 60% têm autonomia para tomar decisões e 40% apontaram ter as mesmas oportunidades que os homens.
A tecnologia também esteve presente na nova pesquisa, principalmente em decorrência das mudanças nos ambientes profissionais causadas pela pandemia da Covid-19 nos últimos meses. Mais de 40% das mulheres ligadas à produção rural afirmaram que trabalham em centros urbanos, sendo que 66% delas dizem ter acesso suficiente à tecnologia para execução de seus trabalhos.
Quando questionadas sobre as preocupações para o futuro, 95% das entrevistadas prezam pelo bom desempenho dos seus negócios, além de se atentarem também para a estabilidade financeira (93%), realização profissional (92%) e futuro dos filhos (83%). Para 95% das entrevistadas, melhorar a capacitação profissional está entre as principais prioridades, 90% querem aumentar a capacidade produtiva de suas propriedades e 82% sonham ter mais tempo para si próprias.
Para ver a entrevista na íntegra da presidente da Agroligadas, Geni Caline, clique aqui.
Para acessar a “Pesquisa sobre a participação feminina no agronegócio brasileiro”, clique aqui.
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