Farsul alerta para aumento dos custos de produção orizícola
Apenas para cobrir seus custos de produção, os produtores de arroz do Rio Grande do Sul precisarão que o saco de 50 kg do cereal seja comercializado, no mínimo, por R$ 76,32 ao final da colheita. A projeção é da Farsul e tem por base o levantamento regular realizado pelo programa Campo Futuro (Farsul, CNA e Cepea) tendo a região de Uruguaiana como referência. Esse valor era de R$ 70,37 em agosto de 2021 e R$ 60,54 no mesmo período de 2020, demonstrando a aceleração dos custos na comparação entre a safra atual e a anterior.
Somente os fertilizantes foram responsáveis por uma alta de 74% na evolução dos custos em um período de 12 meses, entre agosto de 2020 e 2021. Já o preço do frete cresceu 39%; sementes, 32%; capital de giro, 26%; químicos, 21%; e operações mecânicas também 21%. Mas, se os valores para produzir aumentaram de forma considerável, o preço de comercialização do produto não acompanhou o movimento.
Enquanto em agosto de 2020 o saco de 50 kg era vendido por R$ 79,20, o valor de equilíbrio era de R$ 60,50, já em agosto deste ano, o preço do saco era de R$ 77,10, enquanto os custos representavam R$ 70,10, diferença de 9,5%. Isso significa que em agosto do ano passado, a receita bruta por hectare era de R$ 13.373,50 e o Custo operacional Total (COT) R$ 10.224,79, garantindo uma margem bruta de R$ 3.148,70. Já no mesmo período de 2021, a receita caiu para R$ 13.013, 75, o COT subiu para R$ 11.886,41, deixando a margem em R$ 1.127,30. Esse avanço de 16% no custo e a queda de 3% no preço, resultaram numa queda de 64% na margem bruta.
O diretor Administrativo da Farsul e coordenador da Comissão do Arroz da Federação, Francisco Schardong, demonstra apreensão com o quadro. "Se olharmos a projeção para esta safra 2021/2022, nos causa um pouco de preocupação. Não teremos a margem que houve na passada e hoje estamos trabalhando em cima de números que foram muito achatados pelo custo de produção. Isso realmente acendeu a luz amarela", revela.
Schardong lembra que a Farsul já vinha alertando a necessidade de redução da área plantada para garantir melhor equilíbrio. "Nós vamos ter uma safra boa, mas com os preços aquém daqueles que nós precisávamos novamente. O projeto que nós tínhamos, e nós alertamos várias vezes o setor orizícola, é de que iriamos passar por um momento bom e que não aproveitamos como deveríamos. Na safra 2019/2020 estávamos com contas para pagar, na 2020/2021 começamos a ter um fôlego maior. Mas, aquele alerta que tínhamos feito para que objetivassem, soubessem programar aquele momento positivo que vivíamos parece não ter sido escutado e, lamentavelmente, muitos produtores foram atraídos pelo canto da sereia", avalia ao citar investimentos em maquinários novos, por exemplo.
Ele indica a necessidade de muito cuidado na gestão da atual safra. "Nós temos que ter uma safra muito bem projetada, não podemos cometer os erros que cometemos na passada. Onde o emprego de capital não deveria ser tão forte como foi, mas, mais um investimento no caixa para enfrentar essa mudança que estamos enxergando em função do custo de produção", ressalta Schardong. "É uma lavoura que tem que ser feita com muita parcimônia, com muito cálculo. Aqueles que puderam fazer a compra dos seus insumos um pouco mais cedo vão poder ter um pouco mais de espaço. Agora, aqueles que estão fazendo as suas compras mais tarde, realmente, terão uma situação que depende de um bom projeto, uma boa administração", conclui.
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