Bolsonaro fala e põe ordem unida na casa, com a ajuda de generais
A fala do Presidente Jair Bolsonaro, de ontem à noite, mudou o rumo do enfrentamento à pandemia de coronavírus e também mudou o entendimento da Nação em relação às informaçãoes vindas do gabinete presidencial. Antes da transmissão, o presidente submeteu um rascunho do pronunciamento a alguns auxiliares.
Além dos ministros Walter Souza Braga Netto (Casa Civil) e do general Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), que tomaram à frente nos últimos dias na condução da crise, foram consultados os ministros o general Fernando de Azevedo e Silva (Defesa), Jorge Oliveira (Secetaria-Geral), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e até Ricardo Salles (Meio Ambiente). O secretário de Assuntos Estratégicos (SAE), o almirante Flávio Rocha, também foi consultado.
Essas informações foram repassadas nesta tarde por Fernando Pinheiro Pedro, analista do Notícias Agricolas, em sua análise habitual ao jornalista João Batista Olivi.
Pinheiro Pedro diz a comunicação do governo ganhou novo rumo, que se completou ainda hoje com o anuncio de medidas economicas de grande vulto que irão amenizar a crise junto à população mais necessitada.
-- "Sempre disse que temos governo, apesar dos panelaços da extrema esquerda. Agora é preciso tomar cuidado também com os arroubos da extrema direita, que quer se apossar do Governo. Jair Bolsonaro sabe muto bem disso, e o Governo não se deixará levar pelas cassandras", lembrou o analista.
João Batista, por sua vez, completou: "muito ajuda quem não atrapalha. Então vamos em frente!".
(acompanhe a análise de hoje).
Análise da Reuters: Convencido por ministros e aliados, Bolsonaro modera posição em movimento de pêndulo
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A mudança de tom no segundo pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro sobre o coronavírus foi fruto de um trabalho de convencimento de parte dos ministros e até de outros Poderes, que conseguiram exercer mais força sobre o presidente do que as vozes de seus filhos e do chamado "gabinete do ódio", afirmaram fontes com conhecimento das discussões no Planalto.
Do outro lado da Praça dos Três Poderes, veio o recado de diversos ministros do Supremo Tribunal Federal --inclusive do presidente da Corte, Dias Toffoli, com quem Bolsonaro tem uma boa relação-- de que o tom que vinha sendo adotado por ele no trato da pandemia não estava ajudando e seria "aconselhável" mudar, disse uma das fontes ouvidas pela Reuters.
Do Congresso, com quem Bolsonaro tem um relacionamento cada vez mais conflituoso, também veio a avaliação de que qualquer ponte possível estava sendo destruída pela atitude isolada do presidente contra as medidas de isolamento social para conter a disseminação do vírus, contrária a do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Os cenários pessimistas permitiram a ministros do governo, entre eles o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, o da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, e o da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, convencer o presidente a optar pela moderação no pronunciamento de terça-feira -- ao menos por enquanto.
Um dos principais mensageiros dos recados a Bolsonaro foi Jorge Oliveira. Importante conselheiro do presidente, o ministro da Secretaria-Geral tem evitado falar em público e fazia postagens neutras e protocolares nas redes sociais. Em reuniões internas, de acordo com uma fonte, defendeu a moderação.
Braga Netto, Tarcísio e os ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e da Defesa, Fernando Azevedo, estavam no grupo investido em conseguir que o presidente baixasse o tom e se aproximasse da posição de Mandetta e das autoridades de saúde.
Isolado dentro de seu próprio governo, Bolsonaro admitiu a necessidade de moderação. Por sugestão dos ministros, deixou de fora os pontos mais polêmicos e as bravatas, não defendeu mais o fim do isolamento e colocou a defesa da saúde no mesmo patamar da defesa do emprego. O texto final foi visto por Tarcísio e Braga Netto, mas Mandetta foi avisado de qual seria o tom.
REVIRAVOLTA
A postura foi um completa reviravolta em relação ao primeiro pronunciamento do presidente, na semana passada, em que Bolsonaro chamou a epidemia de coronavírus de "gripezinha", acusou governadores e pediu o fim do isolamento. Mandetta, assim como os demais ministros, foi pego de surpresa e só descobriu o teor quando viu Bolsonaro na televisão.
A trégua relativa, no entanto, pode ser suspensa a qualquer momento. A avaliação é que, ao enfrentar o isolamento de suas posições, Bolsonaro decidiu acatar a orientação dos seus ministros dessa vez, mas não se sabe por quanto tempo.
"Há um certo padrão. O presidente ouve os ministros, especialmente os militares, fica aceita a moderação. Aí vem os filhos e as coisas mudam de novo. O pêndulo é esse", disse uma das fontes ouvidas pela Reuters.
Nesta mesma quarta-feira, o Planalto chamou médicos de importantes hospitais do país para uma reunião sobre o uso da cloroquina para tratar coronavírus, com presença prevista de Bolsonaro, sem convidar Mandetta, de acordo com uma fonte. Perguntado sobre o encontro, o ministro respondeu com firmeza.
"Eu só trabalho com critério técnico e científico, opiniões só trabalho com a academia, com o que é ciência. Agora, existem as pessoas que trabalham com critérios políticos", afirmou, em entrevista coletiva. Ainda não existe confirmação científica da eficácia do uso da cloroquina para tratar o coronavírus.
PARA-RAIOS
Filho do meio do presidente, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro tem passado os dias em Brasília, ao lado do pai e, de acordo com fontes palacianas, tem ido diariamente ao Planalto. Foi ele quem organizou e preparou o texto do pronunciamento da semana passada e quem tem, novamente, controlado as redes sociais do pai. Radical, Carlos alimenta a estratégia de insuflar os bolsonaristas nas redes a favor de Bolsonaro, mas tem ajudado a alienar outros eleitores.
Na manhã desta terça, poucas horas depois do discurso moderado de Bolsonaro, as redes sociais do presidente apresentavam um vídeo em que um homem mostrava a Ceasa de Belo Horizonte vazia e afirmava que era o desabastecimento causado pelo isolamento decretado pelos governos estaduais.
Pouco tempo depois, reportagens mostravam que o vídeo tinha sido gravado em um momento em que o entreposto normalmente está vazio para limpeza, e que a Ceasa estava funcionando normalmente nesta manhã. Bolsonaro apagou os posts e, mais tarde, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, confirmou em entrevista no Planalto que não há desabastecimento. No início da noite, o presidente pediu desculpas por ter publicado em uma rede social o vídeo sobre desabastecimento de uma central de alimentos em Belo Horizonte.
Desde uma tensa reunião de sábado, em que Mandetta avisou que defenderia o isolamento a despeito da posição contrária do presidente e pediu que Bolsonaro não minimizasse a epidemia, o relacionamento entre ambos melhorou, mas segue com desconfiança de ambos os lados, contou uma das fontes.
Mandetta, que chegou a ser ameaçado de demissão, segue contrariando as convicções do presidente, especialmente em relação ao isolamento e ao uso de cloroquina como medicamente que resolve todos os problemas, mas uma trégua foi atingida.
Em meio aos dois, o ministro da Casa Civil, além de organizar as diversas ações de todos os ministérios, tem servido de para-raios entre o presidente e o ministro. Questionado na terça-feira se apoiava a posição de Mandetta sobre o isolamento, Braga Netto foi incisivo: "plenamente".
Bolsonaro anuncia sanção de ajuda emergencial e crédito para manutenção de empregos
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro anunciou que sancionará nesta quarta-feira a ajuda emergencial de 600 reais mensais a trabalhadores informais, aprovada pelo Congresso, no âmbito das medidas de enfrentamento à crise do coronavírus.
Segundo o presidente, serão investidos 98 bilhões de reais para os pagamentos por três meses.
Bolsonaro afirmou ainda, em breve pronunciamento no Palácio do Planalto, que serão editadas ainda três medidas provisórias para mitigar os impactos econômicos da pandemia.
Uma das MPs ampliará repasses aos Estados e municípios em 16 bilhões de reais, outra dará 51 bilhões de reais para empresas cobrirem a diferença de salários no caso de negociações em que reduzam os pagamentos e a terceira estabelece crédito de 54 bilhões de reais para empresas que decidirem manter os empregos financiarem a folha de pagamentos.
Medidas para coronavírus de R$ 200 bi serão oficializadas até 5a-feira, diz Guedes
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou nesta quarta-feira que uma série de medidas que já haviam sido divulgadas pela equipe econômica, mas que não chegaram a ser formalmente apresentadas, serão encaminhadas no formato de Medidas Provisórias ao Congresso até quinta-feira, ao custo de 200 bilhões de reais.
"O total é de 200 bilhões de reais, 2,6% do PIB (Produto Interno Bruto)", afirmou Guedes.
O ministro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro assinará duas MPs nesta quarta e mais duas na quinta-feira, sem especificar quais temas serão abordados primeiro.
Segundo Guedes, o governo cobrirá a diferença de salário dos trabalhadores que tiverem jornada reduzida em "20%, 25%, 30%", num programa para manutenção de empregos formais de 51 bilhões de reais.
"Se a empresa está com uma dificuldade e quiser reduzir 20, 25, 30% do salário, o governo vai lá e paga os 20, 25, 30% do salário. Ou seja, nós estamos pagando às empresas para manterem os empregos, que foi a promessa do presidente, lutar pela preservação dos empregos", disse ele, em rápida fala no Palácio do Planalto.
Guedes também citou medida de financiamento da folha de pagamento das empresas, ao custo de 34 bilhões de reais para o Tesouro e mais 6 bilhões de reais para os bancos.
A ideia é que a empresa que resolva manter empregos seja beneficiada com o complemento do salário pelo governo, que também dará um crédito para o patrão arcar com o restante da remuneração, sendo que o dinheiro irá "na veia" para o trabalhador, disse o ministro.
Ambas as iniciativas já haviam sido divulgadas pela equipe econômica.
Antes de o ministro falar, Bolsonaro havia anunciado que sancionará nesta quarta-feira a ajuda emergencial de 600 reais mensais a trabalhadores informais, aprovada pelo Congresso, no âmbito das medidas de enfrentamento à crise do coronavírus.
De acordo com o presidente, a investida terá um custo de 98 bilhões de reais, com a renda básica alcançando 54 milhões de brasileiros.
Tanto Bolsonaro quanto Guedes também citaram a destinação de 16 bilhões de reais da União ao Fundo de Participação dos Estados (FPE) e ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) --outra iniciativa que havia sido anunciada no passado, mas que ainda não tinha sido concretizada.
Medidas trabalhistas para manter empregos serão anunciadas, diz Bolsonaro (Estadão)
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 1º de abril, em pronunciamento no Palácio do Planalto, que vai editar três medidas provisórias (MPs) até esta quinta-feira, 2. Segundo ele, os textos estabelecem mudanças para garantir a manutenção de empregos e dar socorro financeiro para Estados e municípios em meio a crise causada pela disseminação do novo coronavírus.
Ao todo, essas medidas vão custar R$ 108 bilhões aos cofres da União.
Segundo o presidente, a medida provisória que trata da complementação de salários custará R$ 58 bilhões ao governo. Já a medida que abre crédito para pagar folha de pagamento, R$ 34 bilhões. O socorro emergencial, via transferência de recursos para fundos estaduais e municipais, representará gasto de R$ 16 bilhões.
Bolsonaro também comentou a conversa por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta manhã. Segundo ele, os dois estão juntos na busca do melhor para os países. Mais cedo, o presidente tinha comentado a ligação pelas redes sociais.
Pela postagem no Facebook, disse que trocaram informações sobre o impacto da doença e da experiência de tratamentos com a hidroxicloroquina.
A audiência do pronunciamento de Jair Bolsonaro (O Antagonista)
O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro atingiu, na soma das cinco maiores redes do país, 52,2 pontos de média em São Paulo.
Quase metade desse público ficou concentrado na Globo: 26 pontos. Atrás vieram Record (10,4), SBT (9,7), Band (4,8) e RedeTV! (1,3).
No Rio de Janeiro, a rede nacional alcançou 49,5 pontos. Em Porto Alegre, 46,2.
São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre representam mais da metade do Painel Nacional de Televisão, estudo da Kantar Ibope Media que engloba os 15 maiores mercados de TV do país.
Inteligência do governo vê aumento no risco de saques e temor vira arma em disputa política
BRASÍLIA - O temor de uma onda de saques em supermercados e até hospitais entrou no radar de governadores e do Palácio do Planalto e virou munição na disputa política envolvendo a crise do coronavírus. Nos bastidores, órgãos de inteligência do governo traçaram cenários de potencial descontrole social, que já foram levados às reuniões ministeriais sobre a pandemia da covid-19 e chegaram aos Estados.
Casos isolados foram registrados em regiões de periferia em São Paulo e no subúrbio do Rio. No dia 19, cerca de 30 pessoas promoveram um arrastão em uma rede atacadista na Zona Leste da capital paulista. No dia 26, um adulto foi preso e cinco menores foram apreendidos no Rio por invadirem um comércio na zona norte durante a madrugada.
A Polícia Civil do Rio anunciou na semana passada ter desarticulado uma quadrilha que planejava em grupos de WhatsApp uma onda de ataques a supermercados na zona norte e na Baixada Fluminense. Os homens apontados como chefes do bando atuavam como vendedores ambulantes, conforme informações de inteligência que subsidiaram a operação.
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Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Hoje tivemos mais um resultado do discurso politicamente correto do presidente Bolsonaro.., mula e dória se derramando em elogios um ao outro. A convergencia de opinião é uma coisa linda não é mesmo? Bolsonaro educadinho sem bater em ninguém e apanhando de todo mundo, aí sim fica bacana.