Consenso para área de refúgio no algodão é de 20% mas faltam regras sobre responsabilidades de produtores e detentoras da tecnologia
A área de refúgio na cultura do algodão deve ser de 20%. O consenso foi estabelecido em reunião realizada nesta semana na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entre produtores e detentoras da tecnologia.
A área de refúgio se dá na diversificação de plantio entre sementes geneticamente modificadas - com resistência a determinadas pragas - e convencionais, no intuito de preservar a eficácia da tecnologia de defesa, em especial a BT.
Segundo o presidente da Abrapa, João Carlos Jacobsen, agora a norma precisa passar por uma regulamentação, no entanto "o Governo Federal não pode interferir em negociações privadas, determinando que se reserve área para plantio de refúgio, porque não existe uma lei para que isso seja feito", ressalta.
Como solução emergencial ficou estabelecer entre as entidades representativas e as empresas um acordo, "onde os detentores das tecnologias só venderiam 80% das sementes transgênicas, exigindo que o produtor comprove possuir 20% de sementes não transgênicas para serem cultivadas", explica Jacobsen.
De acordo com ele, as tecnologias tem um prazo muito curto de duração caso as áreas de refúgio não sejam estabelecidas, além disso não há perspectiva no longo prazo para o desenvolvimento de novos produtos voltados ao controle de pragas e doenças.
A expectativa é que até a próxima safra cerca de 70% da área total do país seja cultivada com tecnologia BT.
Mercado
Segundo Jacobsen o algodão negociado na Bolsa de Nova Iorque (NYBOT) sofreu uma queda significativa nos últimos dias, saindo de USS 85 cents/lb para US$ 61 cents/lb.
Com esse valor, os produtores quase não obtém lucratividade. O dólar tem ajudado na composição dos preços no mercado interno, mas por outro lado a volatilidade do câmbio e as incertezas econômicas travam os financiamentos.
"O mercado do algodão não vem bem no mundo, não está bom no Brasil, a indústria têxtil no país não vai bem, mas ainda assim os alguns produtores conseguem ter uma margem que dá para sobreviver no momento de crise", avalia o presidente.
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