Fala Produtor

  • Luciano Pizzatto Curitiba - PR 17/11/2008 23:00

    Carta do Zé agricultor para Luis da cidade

    Luis,

    Quanto tempo. Sou o Zé, seu colega de ginásio, que chegava sempre atrasado, pois a Kombi que pegava no ponto perto do sítio atrasava um pouco. Lembra, né, o do sapato sujo. A professora nunca entendeu que tinha de caminhar 4 km até o ponto da Kombi na ida e volta e o sapato sujava.

    Lembra? Se não, sou o Zé com sono... hehe. A Kombi parava às onze da noite no ponto de volta, e com a caminhada ia dormi lá pela uma, e o pai precisava de ajuda para ordenhá as vaca às 5h30 toda manhã. Dava um sono. Agora lembra, né Luis?!

    Pois é. Tô pensando em mudá ai com você.

    Não que seja ruim o sítio, aqui é uma maravilha. Mato, passarinho, ar bom. Só que acho que tô estragando a vida de você Luis, e teus amigo ai na cidade. To vendo todo mundo fala que nóis da agricultura estamo destruindo o meio ambiente.

    Veja só. O sitio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que pará de estuda) fica só a meia hora ai da Capital, e depois dos 4 km a pé, só 10 minuto da sede do município. Mas continuo sem Luz porque os Poste não podem passar por uma tal de APPA que criaram aqui. A água vem do poço, uma maravilha, mas um homem veio e falo que tenho que faze uma outorga e paga uma taxa de uso, porque a água vai acabá. Se falo deve ser verdade.

    Pra ajudá com as 12 vaca de leite (o pai foi, né ...) contratei o Juca, filho do vizinho, carteira assinada, salário mínimo, morava no fundo de casa, comia com a gente, tudo de bão. Mas também veio outro homem aqui, e falo que se o Juca fosse ordenha as 5:30 tinha que recebe mais, e não podia trabalha sábado e domingo (mas as vaca não param de faze leite no fim de semana). Também visito a casinha dele, e disse que o beliche tava 2 cm menor do que devia, e a lâmpada (tenho gerador, não te contei !) estava em cima do fogão era do tipo que se esquentasse podia explodi (não entendi ?). A comida que nóis fazia junto tinha que faze parte do salário dele. Bom, Luis tive que pedi pro Juca voltá pra casa, desempregado, mas protegido agora pelo tal homem. Só que acho que não deu certo, soube que foi preso na cidade roubando comida. Do tal homem que veio protege ele, não sei se tava junto.

    Na Capital também é assim né, Luis? Tua empregada vai pra uma casa boa toda noite, de carro, tranquila. Você não deixa ela morá nas tal favela, ou beira de rio, porque senão te multam ou o homem vai aí mandar você dar casa boa, e um montão de outras coisa. É tudo igual aí né?

    Mas agora, eu e a Maria (lembra dela, casei ) fazemo a ordenha as 5:30, levamo o leite de carroça até onde era o ponto da Kombi, e a cooperativa pega todo dia, se não chove. Se chove, perco o leite e dô pros porco.

    Té que o Juca fez economia pra nóis, pois antes me sobrava só um salário por mês, e agora eu e Maria temos sobrado dois salário por mês. Melhoro. Os porco não, pois também veio outro homem e disse que a distancia do Rio não podia ser 20 metro e tinha que derruba tudo e fazer a 30 metro. Também colocá umas coisa pra protege o Rio. Achei que ele tava certo e disse que ia fazê, e sozinho ia demorá uns trinta dia, só que mesmo assim ele me multo, e pra pagá vendi os porco e a pocilga, e fiquei só com as vaca. O promotor disse que desta vez por este crime não vai me prendê, e fez eu dá cesta básica pro orfanato.

    O Luis, ai quando vocês sujam o Rio também paga multa né?

    Agora a água do poço posso pagá, mas to preocupado com a água do Rio. Todo ele aqui deve ser como na tua cidade Luis, protegido, tem mato dos dois lado, as vaca não chegam nele, não tem erosão, a pocilga acabo .... Só que algo tá errado, pois ele fede e a água é preta e já subi o Rio até a divisa da Capital, e ele vem todo sujo e fedendo ai da tua terra.

    Mas vocês não fazem isto né Luis. Pois aqui a multa é grande, e dá prisão.

    Cortá árvore então, vige. Tinha uma árvore grande que murcho e ia morre, então pedi pra eu tira, aproveitá a madeira pois até podia cair em cima da casa. Como ninguém respondeu ai do escritório que fui, pedi na Capital (não tem aqui não), depois de uns 8 mes, quando a árvore morreu e tava apodrecendo, resolvi tirar, e veja Luis, no outro dia já tinha um fiscal aqui e levei uma multa. Acho que desta vez me prende.

    Tô preocupado Luis, pois no radio deu que a nova Lei vai dá multa de 500,00 a 20.000,00 por hectare e por dia da propriedade que tenha algo errado por aqui. Calculei por 500,00 e vi que perco o sitio em uma semana. Então é melhor vende, e ir morá onde todo mundo cuida da ecologia, pois não tem multa ai. Tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazê nada errado, só falei das coisa por ter certeza que a Lei é pra todos nois.

    E vou morar com vc, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usá o dinheiro primeiro pra compra aquela coisa branca, a geladeira, que aqui no sitio eu encho com tudo que produzo na roça, no pomar, com as vaquinha, e ai na cidade, diz que é fácil, é só abri e a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nóis, os criminoso aqui da roça.

    Até Luis.

    Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas não conte até eu vendê o sitio.

    (Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desiqual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)

    * Luciano Pizzatto: engenheiro florestal, especialista em direito socioambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado desde 1989, detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia.

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  • José Carlos F. Pinheiro Iacanga - SP 17/11/2008 23:00

    Olá amigos e sofredores produtores rurais chegou a hora de aproveitarmos a euforia da posse da senadora Katia Abreu na CNA, e nos movimentarmos para mudar a lei trabalhista urbana aplicada a área rural, totalmente absurdo, temos que derrubar essas NR e partirmos para uma campanha para que se faça uma legislação trabalhista voltada a realidade rural, um abraço a todos j.carlos pinheiro

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  • Waldir Sversutti Maringá - PR 17/11/2008 23:00

    Arresto de Máquinas Agrícolas - Em principio, entende-se que todas as dívidas rurais vencidas, inclusive as que já estavam sendo executadas antes da Lei 11.775, deveriam, num primeiro momento, serem consideradas INEXEQUIVEIS e portanto, suspensos os processos em andamento até que se esgote o prazo concedido pela Lei para o cumprimento das exigências para o enquadramento da dívida.

    Mas isso só ocorreria se as autoridades econômicas tivessem feito reunião com os banqueiros ou os representantes da classe nas negociações tivessem alertado sobre a necessidade dessa cautela, ou definido expressamente na referida que, enquanto não termine o prazo para adesão, estudo e enquadramento, os bancos teriam que suspender os processos em andamento e se absterem de entrar com novas execuções.

    No momento resta ao produtor rural inadimplente recorrer no processo pedindo a inexigibilidade até a completa definição do estudo e do enquadramento ou não, de suas dividas na Lei 11.775, que certamente será concedida pelo Juiz. Providências coletivas, embora de resultado certo, serão mais demoradas.

    Quanto à situação do sumiço da renda no campo, eu venho há muito tempo e escrevendo neste precioso espaço, de forma repetitiva inclusive, que as entidades representativas dos produtores tem que recorrer ao judiciário contra as manobras e maracutáias que vem solapando a renda do campo, o que vem afrontando a Constituição e a Lei Agrícola.

    Deixar arrombarem as portas e janelas para depois providenciar a tranca em troca de prorrogações constantes é vexatório, humilhante, constrangedor, ilegal e fora da Lei, não dá mais. !!!

    waldirsversutti.spaces.live.com ( foto-blog)

    www.imobiliariarural.net

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  • Janio Matheus Rossi Maringá - PR 17/11/2008 23:00

    Bom dia

    Recentemente ouvi, no site noticias agricolas, o jornalista Aleksander Horta dizer que o saldo da balança comercial do agronegócio até aquela data era de US$52 bilhões. Hoje, 20/11, no site da uol, há a informação que o saldo total do Brasil é de US$ 22 bilhões. Por estes números nota-se que o agronegócio está bancando toda a transação comercial do país em US$ 30 bilhões. Em qualquer lugar do mundo, um setor que é capaz de gerar tamanha riqueza seria privilegiado visando manter sua eficiência. Aqui, ao contrário, vê-se arresto de máquinas, execução de agricultores, inclusão em cadastro de inadimplentes, etc. Quando havia a possibilidade de bons ganhos, nos apertaram com o câmbio, agora que os preços caíram, nos apertam com as dívidas. Se matarem as galinhas de ovos de ouro, todos vão perder.

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  • Luiz Santini Filho Birigui - SP 17/11/2008 23:00

    João Batista, parabéns pelo excelente trabalho que voce faz em prol desta classe tão sofrida dos agricultores deste nosso BRASIL. Com relação as renegociações das dividas, tenho um moderfrota no Santander, e estou tentando à renegociação, disponibilizei os 40% da parcela, à duras penas, até hoje o dinheiro esta na conta e não quitaram a parcela e portanto não me enquadraram na renegociação. Lendo à respeito das resoluções da prorrogação ate dezembro para aderir à renegociação e aumento do contingente de 10 para 20% dos passiveis de enquadramento os bancos inclusive o SANTANDER e todos demais pediam ao governo para endurecer com os agricultores dando entender que os mesmos não querem pagar suas dividas, mas ta ai prova de que os bancos não querem renegociar e sim receber todo o que for possivel, mesmo que o produtor não disponha do total.

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  • João Luiz Furco Dumont - SP 17/11/2008 23:00

    Sou internauta novato, com alguma experiencia em amendoim, plantio, comercio e industrialização de doces, assim coloco-me a disposição para informações neste assunto.

    abraços

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  • Romano Rodrigo Markoski Seberi - RS 16/11/2008 23:00

    eita agora tocaram a trombeta !!!!! demorou mais começou vamo lá pessoal vamos ajudar nossos colegas do MT mostrar qem é que manda nesse país!!!! chega de dezaforo!!!!!

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  • Fernando henrique lavras - MG 16/11/2008 23:00

    Boa Noite,<br />

    Eu sou produtor de café no Sul de Minas e concordo com a idéia do Sr. Nerso Chihara de Coromandel,MG. Pois como todos sabemos mais de 15% da produção provem de lavouras quenão produzem nem 15scs/ha, isso significa que esses produtores nao tem lucro mas ajuda a aumentar a oferta do café, fazendo com que os preços permaneçam baixos. Mas com essa idéia esse produtor poderá ter outra oportunidade de investir outra cultura ou até mesmo voltar a plantar café em uma area menor mas com alta produtividade.<br />

    Abraços.<br />

    Produtores vamos pensar nessa idéia!!!

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  • Silvio Cesar Schantz Lucas do Rio Verde - MT 16/11/2008 23:00

    MEIO AMBIENTE-Caso de Policia.Recomendo a todos internautas que visitem esse endereco na internet e tire suas proprias conclusoes.faca uma busca no "GOOGLE" e digite CARLOS MINC ROUBO , e leiam, e o fim desse pais.

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  • Wagner do Carmo Furtado Bandeirantes - PR 16/11/2008 23:00

    João Batista, há dois anos atrás plantei cana na minha propriedade pensando que eu ia conseguir pagar minhas contas, mas a situação de hoje e bem diferente. Não só para mim, como para todos os fornecedores de cana. A usina de açúcar e álcool de bandeirantes não está honrando com os contratos, eu tenho cheque que voltou duas vezes que foi cana do ano passado e este ano não cortaram minha cana ainda, os meus compromissos com banco estão vencendo e eu não sei o que eu faço.

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  • Marcos Benhur T. Grespan Balsas - MA 16/11/2008 23:00

    Caro João Batista, o que meus irmãos agricultores do Mato Grosso estão enfrentando, tendo suas maquinas apreendidas pelos bancos, eu já sofro na pele aqui no Maranhão. O Banco DLL apreendeu um trator com pulverizador meu, justamente quando eu mais precisava para pulverizar a lavoura de feijão que estou tentando implantar com muito custo. Se a coisa já não estava fácil de tocar, agora sem meus instrumentos de trabalho não sei mais como fazer.

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  • Edson Antonio Marçon Planura - MG 16/11/2008 23:00

    João Batista, parabéns pelo trabalho que tem feito para os produtores do país. Estamos quase terminando o mês de novembro e ainda não conseguimos plantar nada na região, pois a Desirêe dá a previsão para a probabilidade de chuva, entrentanto não chove. Os agricultores estão todos apreensivos.

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  • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR 16/11/2008 23:00

    Caro João Batista,

    O movimento está crescendo. O movimento de idéias. Foi dito aqui para boicotarmos os leilões de máquinas usadas. Mas acho que podemos fazer melhor. NÃO VAMOS COMPRAR MÁQUINA ALGUMA, NOVA OU USADA. Vamos mostrar pra estes vagabundos quem é que paga o salário deles.

    Por favor João, fale em seu programa sobre está idéia. Mostre mais uma vez que está conosco.

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  • Paulo José Iuhniseki São Gabriel do Oeste - MS 16/11/2008 23:00

    Convide a CNA para ajudar o movimento da agricultura, mas se a mesma continuar em cima do muro vamos fazer via seu programa.

    Gostei da idéia de uma ação judicial conjunta contra o Governo que deveria garantir um preço mínimo para garantir renda no campo. ABARROTAR O JUDICIÁRIO, pois o mesmo so serve para servir o Governo. A segunda ideia boa e fazer como estão fazendo os cafeicultores, pedir uma MORATORIA. Os planos do Governo, exceto durante o governo Militar, sempre foram para resolver o problemas dos Bancos, nunca para resolver os problemas da agricultura. Se ninguem pagar os Bancos, estes quebram, isso não interessa aos Bancos e nem ao Governo. Banco e Governo não quer terras e nem máquinas.

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  • Silvio Marcos Altrão Nisizaki Coromandel - MG 15/11/2008 23:00

    Olá amigos produtores de todo o Brasil, vamos acordar e nos unir aos produtores do Mato Grosso.

    Joao Batista, certa vez estava lendo um folhetim em uma revenda de máquinas agrícolas aqui em Patrocinio MG, e este folhetim contava a história de uma das maiores empresas de máquinas agrícolas do mundo, e a relação de confiança e gratidão que o produtor americano possui por esta marca (JOHN DEERE). O sentimento de gratidão do produtor americano com esta empresa foi adquirido na crise de 1929, pois enquanto as demais empresas arrestavam as máquinas dos produtores americanos, o ferreiro Jonh Deere fez o contrário - acreditou no produtor e não arrestou as máquinas de seus devedores, e ainda incentivou estes a produzirem para pagar suas contas.

    Bom, acredito que não existam mais homens neste planeta com este tipo de pensamento, mas com certeza a unica forma dos produtores de hoje honrarem suas dívidas é a mesma de 1929, produzindo e pagando. MAS PARA ISSO PRECISAMOS DAS MÁQUINAS!!!!!!!!!!!!!!

    VAMOS NOS UNIR, AMIGOS DA APROSOJA, ENTREM EM CONTATO VAMOS LANÇAR A IDÉIA DE QUE NENHUM PRODUTOR DESTE PAIS COMPRE MAQUINAS DE LEILÃO ORIUNDAS DE ARRESTO.

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