Estratégias auto prejudiciais na agricultura brasileira, por Afonso Peche Filho

Publicado em 15/04/2020 11:26

As estratégias autoprejudiciais são conjuntos de ações, pressupostos ou mesmo declarações verbais que tem como finalidade interferir negativamente no desenvolvimento de uma propriedade agrícola. Geralmente essas estratégias são utilizadas em função da dificuldade que o agricultor teve em realizar determinada operação ou mesmo executar uma diretriz de manejo. Tem aqueles que até se consideram incapazes de mudar, a fim de proteger sua autoestima. Os agricultores que geralmente utilizam dessas estratégias possuem crenças frágeis frente a sua capacidade de sucesso na realização de uma atividade agrícola. Apesar de todo avanço tecnológico que leva ao sucesso produtivo, a gestão tecnológica em muitas propriedades brasileiras é arcaica prejudicando a capacidade produtiva das terras, colocando em risco a rentabilidade. Não é difícil encontrar uma máquina de ultima geração produzindo resultados negativos. É comum encontrar áreas irrigadas com processos erosivos avançados pelo uso excessivo de água. Na pecuária tem-se uma convivência passiva entre a alta genética e a degradação das pastagens. Muitas são as áreas com sistemas agroflorestais instalados de morro abaixo.

Uma analise expedita na propriedade agrícola ou no momento das operações mostra facilmente resultados contundentes das estratégias autoprejudiciais mais utilizadas pelos agricultores. Uma grande dificuldade é que não praticamos efetivamente uma assistência técnica e nem um modelo de extensão que encare esse desafio de frente. Infelizmente só o tempo vai corrigir esse problema da agricultura brasileira.

A lista abaixo mostra algumas das muitas estratégias autoprejudiciais que facilmente podemos encontrar nas propriedades agrícolas do Brasil:

- aquisição e uso de fertilizantes sem realizar análise de solo. 

- aplicação de corretivos e fertilizantes a lanço sem regulagem adequada e sem monitoramento da qualidade na uniformidade e regularidade de deposição.

- revolvimento profundo do solo antecedendo períodos de chuvas intensas.

- exposição do solo em períodos de sol intenso.

- escarificação/subsolagem cruzada.

- mobilização do solo morro abaixo.

- eliminação de práticas conservacionistas.

- pouca manutenção de práticas conservacionista.

- semeadura /plantio morro abaixo.

- semeadura cortando terraços

- semeadura com fertilizante químico misturado com a semente.

- escolha de cultivares suscetíveis à nematoides.

- pulverização sem conferencia de vazão, produtos inadequados, não uso de adjuvante.

- colheita sem monitoramento de perdas.

- falhas grotescas no armazenamento.

- altas perdas no transporte.

 

Afonso Peche Filho - Pesquisador científico de Instituto Agronômico de Campinas - IAC

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Por:
Afonso Peche Filho

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • Eduardo Barsella Governador Luiz Rocha - MA

    O amigo pesquisador planta alguma roça? além do que, conhece o custo da "alta tecnologia "?

    7
    • Afonso Peche Filho Jundia? - SP

      Caro Eduardo Barsella, eu vivo, vivi e cresci aprendendo na roça. Hoje vivo tentando colher, processar e prestar informações da melhor forma que encontro para humildemente tentar ajudar aos agricultores a não perder renda, proteger a capacidade produtiva do solo e não pagar para errar no uso de tecnologia.

      2