Duas novas usinas em GO obtém certificação halal para exportação de açúcar cristal
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Entrevista com Omar Chahine - Gerente de Relações Internacionais da Cdial Halal sobre as Duas usinas de Goiás recebem certificado halal
Duas indústrias localizadas no estado de Goiás obtiveram no último mês a certificação internacional Halal. Isso assegura que os produtos são produzidos seguindo exigências islâmicas e, como consequência, ganham a autorização para serem exportados a países de cultura muçulmana.
A certificação halal envolve aspectos técnicos e religiosos, conforme explicou Omar Chahine, gerente de relações internacionais da Cdial Halal. A palavra significa “lícito” em português. Na parte religiosa, é verificado tudo que é considerado ilícito para o muçulmano, enquanto que na técnica são observadas a fabricação, higienização, manutenção dos equipamentos e qualificação dos colaboradores. “Halal é uma conduta de vida que envolve alimentos, finanças, criação dos filhos e relacionamentos com as pessoas. Para o muçulmano tudo isso deve ser halal, lícito”, declarou Chaine.
A princípio, quando se fala em certificação halal, muitos pensam no mercado de proteína animal, pois tem relação direta com a forma como os animais são abatidos. O alcorão faz diversas exigências de como esse processo deve ser feito, caso contrário a carne não pode ser consumida. Porém, qualquer produto que o muçulmano consome é halal.
O açúcar, por ser plantado, é naturalmente qualificado como halal. O que pode afetar são alguns ingredientes envolvidos no processo de produção, contaminando a integridade. Todos produtos geneticamente modificados que são utilizados precisam passar por verificação, pois não podem ter origem suína, por exemplo. Até mesmo as graxas e lubrificantes usados nas máquinas não podem ter origem suína para não contaminar a produção.
Na parte técnica, é necessário haver boas práticas de fabricação, com manutenção e calibração dos equipamentos, controle de pragas. A armazenagem do açúcar também é crucial. “Não adianta ter produto de qualidade, mas ser armazenado de alguma forma que pode contaminar. Armazenamento, plantio, o bem-estar dos colaboradores e sustentabilidade também são verificados. Tudo isso faz com que o produto halal seja de qualidade e não faça mal para o meio ambiente”, afirmou Chahine.
Brasil no mercado de exportação halal
O Brasil é o maior exportador halal do mundo. Em 2020, foram exportados US$ 5,6 milhões entre alimentos e bebidas enquanto que a Austrália, segundo país com mais exportação, contabilizou US$ 2,3 milhões. Há ainda outros setores como finanças, moda, turismo, farmacêutico e cosméticos, que segundo o gerente, se somados, aumentariam a vantagem brasileira.
Ele explica que um dos motivos para isso são dimensões continentais do país. Alguns estados do Brasil são maiores que certas nações europeias. Outro ponto positivo, como disse Chahine, é a competência do povo brasileiro, que sempre procura a perfeição em tudo o que faz, por isso a fabricação brasileira tem capacidade de se adequar a qualquer normativa. Isso vale para outras como a judaica, por exemplo.
Mais uma vantagem do Brasil é a facilidade de fazer relacionamentos fortes e de longo prazo com muitos países. Isso gera credibilidade no exterior, por isso a indústria nacional tem o luxo de escolher para qual mercado quer vender. “Se tem boas propostas dos árabes, vende para lá, o mesmo vale para Europa ou China. O produto brasileiro tem alto nível de qualidade. É sempre a primeira escolha de importação dos países, os produtos são cobiçados”, declarou o gerente.
Para ele, a tendência é que o número de exportações brasileiras aumente neste ano, até porque a procura por alimento halal tem crescido, pois a população mundial procura cada vez mais alimentos saudáveis, seguros e de alta qualidade, e sabe que pode encontrar isso no Brasil.
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