EUA 25/26: Especialista fala em 60% de chance de seca no Corn Belt, enquanto mercado espera números de área
Na segunda-feira, 31 de março, a espera termina e o mercado global de grãos vai conhecer o relatório com as primeiras intenções oficiais de plantio para a safra 2025/26, o Prospective Plantings, pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Há semanas os traders vêm se mantendo na defensiva na Bolsa de Chicago à espera destes números atualizados, com soja e milho, principalmente, caminhando de lado, sem tomar caminhos muito bem definidos agora, mas já começando a precificar a possiblidade de uma área maior de milho em detrimento da soja.
"Talvez nenhum comunicado do USDA gere mais especulação do que o relatório Prospective Plantings e, como resultado, o dia também traz uma chance maior de volatilidade de preços", afirma Rhett Montgomery, analista líder de commodities no portal DTN The Progressive Farmer. Nos últimos cinco anos, os futuros da soja chegaram a testar variações de mais de 70 cents em um mesmo dia e, no caso do milho, até 16 cents de dólar por bushel.
O que se pode esperar para esta segunda-feira, portanto?
Para o milho, que deve ser o destaque do dia, a área esperada pelos traders varia entre 36,58 e 39,09 milhões de hectares, com média de 38,12 milhões. Na safra 2024/25, os EUA cultivaram 36,67 milhões de hectares. Já para a soja, a média das projeções é de 33,91 milhões de hectares, em um intervalo que vai de 33,39 a 34,6 milhões de hectares. Há um ano, a área destinada à oleaginosa foi de 35,25 milhões de hectares.
As expectativas do mercado têm uma proximidade bastante grande com os números que foram trazidos pelo USDA durante o Agricultural Outlook Forum, no final de fevereiro. E embora estejam sendo muito aguardados para que os players do mercado possam entender quais direções os preços podem tomar, os números de área mudam bastante ao longo da temporada e podem continuar mexendo com as cotações, em especial na Bolsa de Chicago. E neste ano, as atenções estão bastante voltadas para a relação dos preços do milho e da soja.
"Muita atenção é dada nos primeiros meses do ano civil à relação preço da soja em relação ao milho e sua influência nas decisões de plantio entre os produtores rurais. Afinal, há uma correlação histórica entre uma proporção menor que 2,4-2,5 entre os futuros de soja de novembro e milho de dezembro com a decisão do agricultor por uma mudança de acres de soja para acres de milho", complementa o analista do DTN.
Área de Trigo - A área esperada para o plantio do trigo fica entre 18,37 e 19,02 milhões de hectares, com média de 18,78 milhões. Na safra passada, a área dedicada ao cereal foi de 18,66 milhões de hectares.
PREVISÃO DO TEMPO x RELAÇÕES DE PREÇOS
E apesar de a relação entre os preços de ambas as culturas ser um vetor indispensável na tomada de decisão do produtor norte-americano, este mesmo produtor e todo o mercado global de grãos está atento agora às condições de clima no Meio-Oeste dos Estados Unidos, principal região produtora do país.
E as preocupações já começaram. O especialista em clima e cientista atmosférico, Eric Snodgrass, afirmou em um evento recente que o Corn Belt tem 60% de chances de vivenciar um novo ano de seca em 2025. “É apenas um cara ou coroa em direção ao tempo seco que nos separa de uma divisão 50-50”, disse ele.
Para justificar sua afirmação, Snodgrass elencou alguns fatores que deverão exigir muita atenção do produtor rural dos Estados Unidos e do mercado de uma forma geral:
1. Seca gera seca. Se o padrão for seco, continue prevendo “seco”. No final de fevereiro, 70% dos EUA estavam sofrendo algum tipo de seca. As grandes planícies superiores e as o oeste do Centro-Oeste registraram menos neve do que o normal durante o inverno climatológico.
2. A seca nunca acaba suavemente. A umidade raramente retorna com uma chuva suave de três dias.
3. A seca não é fácil de prever. Se a seca pudesse ser prevista consistentemente com meses de antecedência, a economia em torno da previsão do tempo seria muito diferente.
4. A seca é complicada. Normalmente, eventos significativos que reduzem a produtividade são uma combinação de seca e calor, e são necessários padrões complexos de circulação atmosférica para produzir secas significativas.
A última atualização do Drought Monitor, ou o Monitor da Seca, feita nesta quinta-feira (27), aponta que uma extensão considerável dos Estados Unidos se encontra sob alguma condição de seca, como mostra o mapa abaixo.

E mais especificamente, como explica o Grupo Labhoro, " 36% da área de soja e 44% de milho estão sob condições de seca moderada e/ou pior, isso representa uma melhora significativa entre semanas", como mostram os dois mapas na sequência, com o dia 18 de março à direita e o dia 25 à esquerda.

Enquanto isso, as chuvas esperadas para os próximos dias deverão chegar apenas com volumes moderados. "Nos EUA, o modelo GFS gerado nesta tarde prevê para os próximos 10 dias, acumulados leves a moderados no meio-oeste e sudeste do país, além do leste e sudeste do Texas".

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