Com altas históricas do farelo e do óleo de soja, complexo está 'blindado' e continua escalada de preços

Publicado em 20/11/2020 10:20 e atualizado em 21/11/2020 07:20
Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest
Óleos vegetais e farelos registram expressivos ganhos globais com oferta escassa de ambos os produtos. Demanda pelos derivados é muito intensa importações e óleo se destaca com força nos setores de alimentação e biodiesel.

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Entrevista com Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest sobre o Mercado de Derivados da Soja

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"Neste momento, a soja não tem uma valorização somente pelo cenário de oferta e demanda do grão, mas também pelos derivados, que estão contribuindo bastante". A afirmação é do analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, que afirma também que diante de uma demanda tão intensa e de uma restrição de oferta que pode se agravar, o complexo soja está blindado neste momento, mesmo com incertezas marcando a retomada das ecomonias mundo a fora, e que os preços dos três produtos deverão continuar nesta escalada. 

Em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira (20), dia da sexta sessão consecutiva de ganhos para a soja na Bolsa de Chicago, Vanin detalhou os mercados da óleo e farelo de soja e a importância que têm carregado para o avanço das cotações do grão. 

ÓLEO DE SOJA

A demanda mundial por óleos vegetais é muito forte neste momento, tanto para o consumo humano, quanto, principalmente, para a produção de biodiesel. O destaque se dá para o óleo de palma, que registra suas máximas em oito anos e puxa os demais na esteira, incluindo o óleo de soja.

"Nesta temporada 2020/21, segundo os números, o uso de óleos comestíveis para uso industrial vai bater recorde e chegar a 52 milhões de toneladas, maior volume já visto", diz Vanin. "A particularidade é que este crescimento está se dando não em importadores tradicionais, mas em exportadores de óleos vegetais a exemplo dos EUA, a própria Argentina, o Brasil e a Indonésia, maior exportadora mundial de óleo de palma". 

O analista lembra ainda que o aumento do consumo humano de óleos está bastante ligado às questões da renda das populações. Na Índia e na China, onde as rendas estão crescendo, a demanda também avança e favorece as cotações. "De modo geral, o óleo de soja tem contribuído mais para a alta do grão", explica o analista. 

No Brasil, os preços estão historicamente altos, o que inclusive fez com que o governo autorizasse matéria-prima importada para a produção de biodiesel e também as importações de óleos de fora do Mercosul para tentar amenizar o atual momento de preços muito altos. 

FARELO DE SOJA

No mercado do farelo de soja, o fator que lidera o movimento de altas é o fato da Argentina estar, praticamente, "fora do jogo". O esmagamento no país - que é o maior exportador global de farelo e óleo - está 12% menor do que em relação a 2019 e as exportações acumuladas de farelo, até setembro, eram de 17 milhões de toneladas, contra quase 22 milhões no mesmo período do ano passado. 

"Há uma queda de 4 milhões de toneladas no fornecimento de farelo por parte da Argentina e quem está abocanhando esse mercado são Brasil e EUA, que são os outros dois grandes exportadores", diz Vanin. 

Mais do que isso, há ainda uma preocupação com a nova safra argentina, que também sofre com as adversidades climáticas e o tempo muito seco, vinda de uma temporada já comprometida pela falta de chuvas. 

"E o produtor também está muito desmotivado por questões ligadas ao governo, da moeda, da inflação e das tarifas. E para o ano que vem, a Argentina não deve mudar esse cenário. O produtor não vende, porque se ele vende, ele troca dólares por peso e essa não é uma boa troca neste momento", complementa Eduardo Vanin. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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