Colheita do milho safrinha avança em Nova Mutum (MT) e produtores relatam alto índice de grãos ardidos devido às chuvas registradas em abril. Preços da saca estão ao redor de R$ 12,00 a R$ 13,00 e não cobre os custos de produção. Com a falta de armazéns, agricultores usarão silo bolsa. Custos para a próxima safra estão mais altos e compras ainda seguem lentas.
A colheita do milho safrinha segue no Mato Grosso e cerca de 4,5% já foi colhido, segundo o ultimo boletim do IMEA - Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária. Porém, os produtores da região de Nova Mutum, relatam o alto índice de grãos ardidos devido às chuvas registradas no início do ano.
Para Luiz Carlos Gonçalves, presidente do sindicato, a preocupação é com o milho que foi plantado em janeiro. Devido ao alto índice de chuvas nos meses posteriores, entre março e abril, a dificuldade foi na secagem dos grãos na espiga, ocasionando essa incidência do milho ardido.
“Tivemos muito problema em algumas fazendas aonde doença chegou a 60% da plantação e os produtores não estavam esperando por isso. Para os que possuem armazém, esse problema poderá ser revertido, pois na estocagem eles podem secar, mas para os que não possuem, será um grande prejuízo”, conta.
Certamente, com este cenário atípico para a colheita do milho safrinha, os produtores seguem preocupados com o desconto na hora da comercialização. O preço da saca na região está por volta dos R$ 12,00 a R$ 13,00 e a produtividade em torno de 100 sacas por hectare. “Os números não fecham, com o aumento no óleo diesel e os preços mais altos para o adubo, o produtor trabalha somente para pagar os custos de produção”, explica o presidente.
Contudo, alguns produtores conseguiram aproveitar as oportunidades e realizaram contratos para a produção de milho safrinha, com preços entre R$ 15,00 a R$ 17,00 a saca. Gonçalves relata que outros trabalham na base da troca de mercadoria, mas a grande maioria dos produtores ainda vai comercializar este milho.
Com isso, a orientação do presidente é para que os que puderam e tiverem condições, armazenem o milho e vendam em um momento de melhor valorização do mercado. “Outra opção para os produtores é a utilização do silo bolsa que pode colaborar na estocagem da produção devido ao sistema móvel, porém, o prazo de venda é até setembro quando começam as chuvas”.
Segundo o presidente, alguns produtores já estão perguntando sobre o Prêmio, ou se o governo vai fazer algo em relação a esta safra. “Toda diretoria e equipe técnica da APROSOJA, Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado do Mato Grosso, tem analisado a situação e percebemos que não seria ideal ter o Prêmio para que os preços não caíssem ainda mais”.
Safra de verão
Já para a próxima safra, o cenário é preocupante. Segundo Gonçalves, a expectativa é desanimadora. “Os preços estão subindo e tudo está muito mais caro. Como citado anteriormente, o óleo e o adubo sofreram reajustes e o preço da soja tem se mantido estável”.
Diante disso, o reflexo é de pouco investimento em tecnologia. “O momento é de tirar o pé do acelerador. Devido à falta de recurso financeiro, os produtores vão recuar no quesito investimento em tecnologia. A grande maioria dos produtores não tem conseguido nem mesmo acesso ao crédito”, finaliza.