Em Paracatu (MG), quebra no feijão chega a 70% devido ao clima adverso; lavouras de soja e milho têm perdas consolidadas
A irregularidade das chuvas e as altas temperaturas têm sido uma preocupação dos produtores rurais na safra de verão. Na região de Paracatu (MG), o cenário é o mesmo e, como consequência dessa situação, as lavouras de feijão registram uma quebra de até 70% nesta temporada. No caso da soja e do milho, as perdas também são consolidadas, apesar de não estarem contabilizadas.
De acordo com o produtor rural do município, João Alves da Fonseca, mesmo nas áreas irrigadas também deverão ser registradas perdas. "Em outras safras já tivemos veranicos de mais de 30 dias, mas esse ano, com as altas temperaturas, tivemos prejuízo até mesmo nas áreas de irrigação. Inclusive, no caso do feijão, os produtores dessecaram as lavouras para ganhar entre 10 a 15 dias para investir na cultura do milho safrinha”, ratifica.
Para a soja, o percentual de quebra ainda dependerá de outros fatores como a data de plantio, variedade cultivada, estágio de desenvolvimento da cultura e também da terra. Isso porque, as chuvas que retornaram à localidade nos últimos dias, poderá recuperar o potencial produtivo das plantas em algumas áreas.
Na localidade, a produtividade média da soja, em áreas irrigadas, pode ficar acima de 70 sacas do grão por hectare. “Claro que, quando temos um cenário como esse, o potencial de perda também é muito em relação a outras plantas e região”, destaca o produtor rural. Em contrapartida, apenas 20% das lavouras, em área de sequeiro, têm seguro agrícola.
Pragas
Assim como em outras regiões, o clima mais seco tem favorecido o aparecimento das pragas nas lavouras. No município, os produtores enfrentam um grave problema, com o surgimento da falsa medideira e mosca branca nas plantações. “Não conseguimos mais ter um controle eficiente e custos mais altos. Ainda assim, o produtor rural se informa e no final acaba aprendendo a conviver com as pragas”, acredita o produtor.
Preços
Em Paracatu, a saca da soja é cotada entre R$ 52,00 a R$ 53,00 no mercado disponível. Já no caso do milho, as cotações giram em torno de R$ 22,00 a R$ 23,00, no feijão, o valor da saca chega a R$ 200,00. “Claro que os valores irão remunerar os produtores, dependendo da produtividade das plantações”, sinaliza Fonseca.
Milho safrinha
Com o atraso no plantio da safra de verão em decorrência das condições climáticas adversas, a expectativa também é de uma redução na área destinada ao milho na safrinha na região. Os investimentos deverão ser mais baixos nessa temporada, isso por conta dos altos riscos no cultivo do cereal. “Na região, também temos mais um indicador, a localidade é maior produtora de sementes de milho no país e as empresas colocaram o pé no freio na produção. Certamente por conta dos estoques”, diz o produtor rural.
Água para irrigação
Toda a região Sudeste enfrenta um grave problema diante das chuvas irregulares, situação que persiste desde o ano anterior. Em Paracatu, o produtor destaca em algumas regiões faltou água para a irrigação, porém, foram casos isolados. No entanto, a perspectiva é que a terceira safra na localidade, cultivada a partir de julho, registre uma redução expressiva.
“Precisamos debater o assunto, principalmente em relação à armazenagem de água. E também somos mal compreendidos, especialmente pela população urbana. É comum ver notícias afirmando que o agricultor é o vilão do consumo de água. Mas só usamos o necessário para a produção de alimentos”, relata Fonseca.
0 comentário
Terceira geração de família de agricultores deixa raízes no RS e parte para abrir terras em Juína, no Mato Grosso
Campeão do “Melhor História de um Agricultor” quis que sua história fosse exemplo para outras pessoas
Finalista do “Melhor História de um Agricultor” destaca honra e responsabilidade de contar história da família
Em Laguna Carapã/MS, lavouras de milho safrinha já devem registrar perda de produtividade depois de 15 dias de seca
Chuvas irregulares já interferem no potencial produtivo da safra de soja no RS mas produção ainda pode ser recorde no estado
Confira a entrevista com Eduardo Vanin - Analista de Mercado