Após subir quase 2% em dezembro, cotação do boi muda de lado e deve iniciar o ano pressionada pelo aumento da oferta
Mariane Crespolini, pecuarista e pesquisadora do Instituto de Economia da Unicamp, destaca que o mês de dezembro registrou uma alta de 2% para o mercado do boi gordo, mas que, nos últimos dias, os preços perderam um pouco da força em função da proximidade das festas. O próprio número de negócios neste final de ano também vem sendo reduzido, com produtores retraídos e mais flexíveis pela possibilidade de deixar o gado no pasto. A valorização da arroba também ocorreu em função das exportações, que tiveram um bom ritmo.
Na última semana, os preços do dianteiro cederam no atacado, mas os cortes traseiros tiveram uma reação, já que os consumidores tipicamente buscam por melhores cortes neste momento do ano.
Agora, Crespolini visualiza que é "importante que o produtor não se deixe iludir pelo otimismo" e que tenha em mente que o período da safra irá começar com uma maior parte de animais a pasto. Os meses de janeiro, fevereiro e março também têm mais femeas para abate - logo, estas "mandam" no preço do boi gordo.
A dica, portanto, é que não se olhe apenas para o preço final, mas também na rentabilidade que se tem para tomar uma decisão. Probabilisticamente, os preços tendem a ceder em janeiro em relação a dezembro, como aponta a pesquisadora.
Considerando também os últimos 20 anos, o mês de maio deve trazer mais pecuaristas dispostos a entregar animais. Assim, ela também aconselha a saber o que ocorre na vizinhança para que nem todos entrem junto no mercado. A única possibilidade de reação de preços neste período viria das exportações, "mas não é o mais provável estatisticamente", diz Crespolini.
Ela também avalia que o ano de 2018 tende a ser melhor do que o ano de 2017. As eleições trazem uma maior injeção de dinheiro na economia, salienta Crespolini. Além disso, deve haver uma retomada de consumo e as exportações devem continuar em bom ritmo.
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