Head da Alvean diz que mercado não está atendo a problema nos estoques de açúcar e destaca baixo volume para exportação no início de 2025
Júlio Adorno, head da Alvean Brasil, afirmou em transmissão realizada pela SCA Brasil nesta terça-feira (19), que o mercado está com uma impressão errada em relação à disponibilidade de açúcar no início de 2025. Além disso, ele frisou que os preços futuros não estão 100% concatenados com os fundamentos.
Durante sua fala, Adorno destacou primeiramente que a Alvean tem uma perspectiva de moagem no Brasil em 610 milhões de toneladas de cana na safra 2024/25, sendo que em 2023/24 esse número foi de 654 milhões de toneladas. Para 2025/26, com uma áreas menor por conta da renovação dos canaviais que sofreram muito com o tempo seco neste ano, uma nova diminuição está prevista, com um total projetado em 594 milhões de toneladas, número considerado até otimista.
Com esse perfil de cana, Adorno afirma que está prevista uma produção de açúcar no Centro-Sul do Brasil em 39,5 milhões de toneladas na safra 2024/25, ainda com um viés de baixa a depender do clima no Brasil e das decisões término das usinas. Esse número é menor que os 42,4 milhões de toneladas de 2023/24 e também inferior ao que é projetado para 2025/25, de 40 milhões de toneladas.
Porém como ele afirma, o mundo está vendo o Brasil aparentemente sem problemas. Isso porque, neste ano calendário de 2024, as exportações estão em 26,820 milhões de toneladas, número já bastante acima dos 19,405 milhões de toneladas de todo ano de 2023. “Isso dá para o destino final uma sensação de que está tudo ok, mas não está”, declara.
Como mostra o head da Alvean, as exportações de açúcar no primeiro trimestre de 2024, ainda no ciclo da safra brasileira de 23/24, foram de 6,856 milhões de toneladas. Para o período entre janeiro e março de 2025, ainda com uma produção impactada pelo tempo seco, esse número previsto é menor que a metade do ano anterior: 3,156 milhões de toneladas. “Estamos vendo o segundo maior spread dos últimos 20 anos”, frisa.
Dependência global pelo açúcar brasileiro
Outro ponto destacado por Adorno é que o estoque global de açúcar não está aumento. Ele mostra que o açúcar exportado pelo Brasil está sendo diretamente consumido e os outros países não estão contribuindo de forma relevante para que os estoque sejam reconstruido e deixam para o Brasil resolver esse problema sozinho.
Segundo Arnaldo Correa, diretor da Archer Consulting, 56% de todo açúcar do mundo depende do Brasil, sendo que anos atrás esse número era de 37,5%. “Se o Brasil tiver uma gripe, o mundo do açúcar pega uma pneumonia dupla”, declara.
Ele explica que o crescimento da Ásia, mesmo sem considerar China e Índia, é muito vigoroso. O diretor cita como exemplo países como Paquistão, Bangladesh e Indonésia, onde população e consumo per capita são crescentes. Neste último, ele afirma que o consumo de açúcar per capita cresceu 7 kg em dez ano, ou seja, uma média de 700 gramas por pessoa a cada ano.
Preços de 2025/26 em NY tendem a subir, segundo diretor da Archer Consulting
Para Correa, os preços no patamar dos 18 cents/lbp na Bolsa de Nova York em contratos de 2025, 2026 e 2027 não devem permanecer. Para ele, há um potencial de aumento de 300 a 400 cents. Por esse motivo, o diretor afirma que aquele que compra açúcar tem uma grande oportunidade de fixar os preços em centavos de dólar, porque vão aumentar. “Os grande compradores do mercado interno têm que pensar em centavos de dólar por libra peso e essas valores estão muito baratos”, reforça.
De acordo com ele, os fatores que podem fazer o mercado subir são: clima adverso no Brasil, tamanho da safra 25/26, recrudescimento do conflito no Oriente Médio, recuperação da China, ausência da Índia no mercado internacional e fundos mais atuante na compra.
Já os fatores que podem fazer o mercado cair são: boas chuvas impactando positivamente regiões produtoras, efeito da seca/incêndio no Brasil na safra 25/26 menor do que o esperado, melhor safra na Europa, queda no preço do petróleo, redução da posição comprada dos fundos, risco de recessão, especialmente nos EUA e China que reduzam demanda e desvalorização do real.
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