Argentina unifica dólar e pode estimular comercialização de soja e derivados; atenção ao farelo

Publicado em 14/04/2025 12:11 e atualizado em 22/04/2025 15:57

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O agronegócio argentino vai ter que lidar com um novo momento: o fim do chamado "dólar blend", tipo de câmbio que vinha sendo utilizado até agora como um estímulo às exportações. Foi publicado um decreto no Diário Oficial da Argentina  já que foi publicado no Diário Oficial do país um decreto com a decisão do governo por sua finalização, unificando os tipos de câmbio. O novo decreto, na verdade, revoga o de 13 de dezembro de 2023, que estabeleceu a criação do Programa de Incremento das Exportações, que esteve em vigor até a última sexta-feira (11). 

A decisão foi comemorada pelo setor produtivo e também pela agroindústria locais, uma vez a flutuação do dólar deve favorecer a formação dos preços e, consequentemente, dos negócios, em especial na soja e derivados. 

"O dólar blend era um misto entre o dólar oficial e o dólar financeiro, paralelo, e as crushers e exportadores utilizam isso para pagar o produtor. E quanto maior esse spread, menor o produtor era vendedor, porque o blend era 80% o câmbio oficial - que é baixo - e 20% o paralelo - que vai subindo. E isso sempre foi uma barreira para um farmer selling mais agressivo e agora não há mais isso, vai ser um câmbio só", explica o analista do complexo soja e diretor da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin. 

Essa medida, somada a uma inflação já um pouco menor no país, pode estimular um avanço da comercialização argentina ou, pelo menos, derrubar esta barreira que vinha limitando novos negócios pelo setor na Argentina. "O farmer selling na Argentina, daqui para frente, vai ter, provavelmente, um outro comportamento. O produtor argentino vendendo mais, mais rápido, pior pra nós em termos de competitividade. A competição é realmente no farelo, tanto do Brasil, como dos EUA", complementa Vanin. 

Nesta segunda-feira (14), os futuros dos derivados de soja trabalham em campo negativo na Bolsa de Chicago, liderados pelo óleo. Perto de 12h15 (horário de Brasília), os futuros do derivado perdiam mais de 1,5%, com a primeira posição sendo cotada a 46,40 cents de dólar por libra-peso. No farelo, baixas de pouco mais de 0,50%, com o maio valendo US$ 297,40 por tonelada curta. Já a soja em grão caminha de lado nesta segunda-feira, operando em campo misto, com variações que não chegam a um ponto no início da tarde de hoje. Assim, o contrato maio tinha US$ 10,42 e o setembro, US$ 10,27 por bushel. 

BOA REPERCUSSÃO NO SETOR

"O fim dos controles cambiais abre um novo horizonte para o setor agrícola. É uma reivindicação que fazemos há muitos anos e sua implementação, a partir de segunda-feira, trará mais investimentos e maior estabilidade econômica ", afirmou Nicolás Pino, presidente da Sociedade Rural Argentina. Na avaliação de Pino, a defasagem cambial foi tão prejudicial ao agronegócio argentino como tem sido as retenciones, além de classficar a medida como mais um passo em direção ao reestabelecimento sólido da economia da Argentina. 

Já a presidente da Federação Agrária Argentina, Andrea Sarnari, afirma que há muitos anos o produtores vinham amargando os impactos das diferenças cambiais, deixando o país ainda menos competitivo frente aos seus principais concorrentes. "Superar essa lacuna e as restrições representa um passo adiante na normalização da economia, e esperamos uma melhora rápida e significativa nos preços para os produtores", diz.

O governo argentino justificou sua decisão pela mudança diante de um cenário diferente do que o vivido pela Argentina ao final de 2023, a qual classificou como "situação de gravidade sem precedentes", quando corriam profundos desequilíbrios macroeconômicos que impactavam negativamente toda a população". O comunicado continua afirmando ainda que "a economia do país estava em estado terminal: a instabilidade das variáveis ​​era crônica e havia risco real de hiperinflação, havia fortes controles de capital, não havia acesso a financiamento externo, a intermediação financeira era baixa, as distorções de preços relativos eram acentuadas, as reservas internacionais líquidas eram significativamente negativas e o país apresentava déficits fiscais e externos". 

Com a melhora no quadro interno e com a notícia da aprovação de um acordo firmado com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para a entrada de US$ 20 bilhões no país, deu-se, portanto, a decisão da equipe de Javier Milei.

"A assinatura deste acordo fortalecerá significativamente as reservas internacionais do Banco Central da República Argentina , o que permitirá avançar mais rapidamente em direção à normalização econômica sem exigir que a sociedade argentina faça sacrifícios maiores do que aqueles que já enfrentou heroicamente", continua o documento do governo. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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