Participação do açúcar na balança comercial brasileira cai para o menor nível em 7 anos, aponta INTL FCStone
A recente desvalorização do real intensificou a queda dos preços de exportação do açúcar, que tem contribuído cada vez menos para o superávit da balança comercial brasileira. “A elevada correlação entre o dólar e as cotações internacionais do açúcar vem levando à diminuição dos preços em dólares recebidos pelos exportadores brasileiros”, explica a consultoria INTL FCStone em relatório. Segundo dados da Secex, observa-se uma queda de mais de 44% do valor médio em dólares da mercadoria exportada desde abril de 2011.
Isso combinado a uma estagnação e até mesmo queda nos volumes de exportação nos últimos anos tem produzido um efeito negativo sobre a balança comercial brasileira. A redução cada vez mais acentuada da entrada de divisas no país oriundas da venda desta commodity resultou na menor participação em 7 anos, considerando o preço médio do primeiro quadrimestre de 2015. Em 2010, o valor das exportações do produto chegou a ser mais de 6% do total exportado pelo país, mas este ano é de apenas 3,95%.
Os preços da commodity na Bolsa de Nova York são altamente correlacionados com o dólar (taxa de câmbio), isto é, o aumento da taxa de câmbio brasileira (a desvalorização do real) tende a causar uma variação negativa nos preços do açúcar em dólares. Essa relação é esperada, uma vez que o Brasil representa um quinto da produção mundial e mais de 30% das exportações do produto, enquanto a maior parte dos custos de produção estão denominados em real.
A partir de 2012, o preço do açúcar passou a ter uma relação muito mais próxima com o câmbio brasileiro, alcançando mais de 90% de correlação negativa em 2015. O principal motivo é que, em uma situação de excesso de oferta, o Brasil é visto como o único país que pode alterar a produção significativamente no curto prazo, uma vez que as usinas têm a possibilidade de direcionar suas capacidades produtivas para o etanol.
Apesar disso, o analista da INTL FCStone, João Botelho, explica que os sistemas de subsídios impedem a diminuição da oferta no curto prazo, mesmo com preços muito baixos. “A grande participação de produtores altamente subsidiados no mercado internacional, além da situação financeira crítica da maior parte do setor sucroenergético nacional, impede que as empresas brasileiras aproveitem o câmbio mais favorável para aumentar as exportações de açúcar”, avalia.
Depois de avançar quase continuamente na década passada, quando as exportações passaram de 6,5 para 28 milhões de toneladas em 2010, as vendas externas do país se estagnaram nos últimos quatro anos, registrando apenas 24,1 milhões de toneladas em 2014.
Perspectivas
As perspectivas para os próximos meses e até anos continuam não sendo muito positivas. Apesar da diferença entre produção e consumo de açúcar vir se estreitando, os elevados estoques construídos nas últimas cinco temporadas devem continuar pressionando o mercado. Além disso, os principais concorrentes das usinas brasileiras na exportação da commodity não vêm mostrando sinais de que devem diminuir suas produções, mesmo com os preços baixos.
Com isso, o mais provável é que as cotações internacionais do produto continuem apresentando correlação forte com o dólar. “Disso podemos inferir que novas desvalorizações no real devem continuar diminuindo a participação do açúcar na balança comercial e, assim, a entrada de divisas no país”, resume Botelho.
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