Soja acumula mais de 3% de baixa em Chicago somente nesta semana e segue esfriando negócios no BR
Os preços da soja amargaram mais um dia de perdas intensas na Bolsa de Chicago, encerrando os negócios desta quarta-feira (10) com perdas de 13,75 a 25,50 pontos nas posições mais negociadas. Dessa vez, porém, as perdas mais agressivas se deram nos contratos mais próximos, com o agosto fechando com US$ 11,12 e o novembro, com US$ 10,66 por bushel. Somente nesta semana, nos três pregões que já foram realizados, os futuros da soja acumulam perdas de mais de 3%, com baixa de 3,22% no agosto - que estava em US$ 11,49 na segunda-feira (8) - e de 3% no novembro - que marcava US$ 10,99.
No mesmo período, o dólar também acumula uma baixa frente ao real de 1,1%, saindo de R$ 5,47 para R$ 5,41 (com o mercado ainda em andamento nesta quarta-feira enquanto esta reportagem era escrita). Assim, embora o recuo também pressione a formação de preços no mercado brasileiro, a moeda americana ainda acima dos R$ 5,40 continua conferindo algum suporte aos indicativos por aqui, mesmo que mais frágil.
"O mercado aqui no Brasil se apoia em dólar, em prêmios - em alta ainda - porém, este é um mercado que já começa a sangrar. Alertamos nossa clientela de que era necessário avançar com as vendas para 2025 porque a partir de agora o mercado entra em um momento de pressão, que dificilmente permitirá que patamares como os que já foram vistos sejam vistos novamente aqui no Brasil", explica o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira.
Neste cenário, os negócios perderam bastante força nesta semana no mercado nacional, inclusive com as trocas para a safra 2024/25, já que as relações ficaram bastante comprometidas com o dólar ainda em patamares elevados e os preços da soja despencando na CBOT. Segundo o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, há pacotes que já passam de 30 sacas de soja, "porque os defensivos, fertilizantes, não seguem a mesma lógica da commodity, da soja. E a fase de baixa dos fertilizantes e defensivos já passou e o produtor vai tendo que pagar um pouco mais".
PRESSÃO NA CBOT
Para a Bolsa de Chicago, como explicam analistas e consultores de mercado, a pressão continua vindo das perspectivas de uma nova safra em volume recorde chegando dos Estados Unidos, a qual deverá ficar acima de 121 milhões de toneladas, ao menos até este momento. Assim, a espera pelo novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que acontece na sexta-feira (12), fica ainda mais intensa.
Ainda segundo Brandalizze, o ambiente é de liquidação e ajuste de posições antes da chegada dos novos números, com os traders buscando entender qual será o fundo do poço do mercado. "Mas temos nos US$ 10,50 um suporte bastante importante".
E como explica Matheus Pereira, "qualquer tipo de construção que se tentava justificar quebras de safra americana foi por água baixa, a Pátria alertou sobre isso. A qualidade das lavouras americanas está muito boa, muito satisfatória, e no atual momento, o mercado vem desenhando um reajuste de produtividade norte-americano. Vale lembra que, tanto para soja, quanto para o milho, o USDA ainda é conservador em produtividade. Podemos ter novas saltos de produtividade, o que resultaria em produções maiores do que as atualmente estimadas".
O especialista reforça ainda que, tradicional e sazonalmente, depois do feriado de 4 de julho nos Estados Unidos, o mercado costuma testar estes momentos de pressão mais acentuada em cenários como o atual, de regularidade climática para os EUA.
ESCÂNDALO COM A SINOGRAIN NA CHINA
Outro fator que pesou sobre as cotações da soja na Bolsa de Chicago nesta quarta-feira (10) foi o escândalo envolvendo a estatal chinesa Sinograin e seus navios-tanque para o transporte de óleos, segundo informou a Royal Rural.
"Na semana passada, o Beijing News, uma estatal chinesa, relatou que navios-tanque estavam sendo abastecidos com óleo de soja em instalações de esmagamento de empresas como a Sinograin, imediatamente após descarregar óleo de carvão não comestível, sem serem verificados quanto à limpeza. Inicialmente, o boato não deveria impactar consideravelmente o mercado, mas a retirada do óleo de cozinha da marca "Jinding" das prateleiras, sem explicações, aumentou a preocupação", detalhou a consultoria.
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