Exportação de soja do Brasil dispara em março, com ritmo de embarque diário maior

Publicado em 26/03/2018 18:24

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SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil dispararam em março na comparação com fevereiro e têm potencial para se aproximar dos quase 9 milhões de toneladas de igual mês do ano passado caso o ritmo diário de embarques se mantenha aquecido, mostraram dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) nesta segunda-feira.

Até a quarta semana de março, o equivalente a 17 dias úteis, o país exportou 7,05 milhões de toneladas da oleaginosa em grão, bem acima dos 2,86 milhões de fevereiro --os dados fechados de março deverão ser publicados apenas na próxima semana.

A alta mensal de 146 por cento ocorre em meio ao avanço da colheita no Brasil, o maior exportador mundial da oleaginosa, e à melhora de preços no mercado internacional em razão da perspectiva de quebra de safra na Argentina por causa da seca.

Em março do ano passado, a exportação somou 8,97 milhões de toneladas. Contudo, a média diária de vendas externas neste mês indica que tal quantidade pode ser alcançada ou se aproximar do visto em 2017.

Até agora em março foram embarcadas 414,9 mil toneladas de soja por dia, ante 390,4 mil há um ano. Se essa média se mantiver nos últimos quatro dias úteis do mês, o Brasil exportará um adicional de 1,66 milhão de toneladas, levando o volume final de março a 8,71 milhões de toneladas.

MILHO

Em relação ao milho, as exportações brasileiras perderam fôlego em março na comparação com fevereiro, mas seguem acima do registrado em igual momento de 2017.

Na parcial de março foram vendidas ao exterior 597,3 mil toneladas, ante 1,25 milhão de toneladas em fevereiro e 243 mil em igual mês do ano passado.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção total de milho do Brasil deverá cair para 87,3 milhões de toneladas neste ano, ante um recorde de 97,84 milhões no ciclo passado.

Alta produtividade do Matopiba indica viés de aumento na safra do Brasil

Por Roberto Samora

PALMAS, Tocantins (Reuters) - As produtividades das lavouras de soja verificadas pelo Rally da Safra no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (Matopiba) surpreenderam os especialistas da expedição técnica na última semana, o que pode indicar um viés de alta para a estimativa de produção do Brasil, o maior exportador global da oleaginosa.

A consultoria Agroconsult, que realiza o Rally pela décima quinta vez na temporada 2017/18, já tem uma estimativa preliminar de safra recorde para o Brasil de 117,4 milhões de hectares.

O volume de colheita pós-expedição, porém, será revisado com as últimas informações obtidas a campo, especialmente do Matopiba, região que responde por cerca de 10 por cento da produção nacional e que tem colheita mais tardia em relação à maioria das outras áreas. A Agroconsult divulga os números finais do Rally na terça-feira.

O último número da produção nacional publicado pela Agroconsult já representa um aumento de cerca de cerca de 3 milhões de toneladas na comparação com a temporada passada (2016/17), a maior já registrada até o ciclo atual.

"Foi um ano atípico para o Piauí, a melhor safra que já tiveram, produtores estão dando risada e comprando maquinário", afirmou o analista da Agroconsult Gildomar Lindemann, um dos que percorreram lavouras nos Estados do Nordeste e Norte do país.

O comentário dá a tônica do que foi visto na região do Matopiba, em que há muitas áreas novas que produziram bem em função do tempo favorável. Além disso, muitos agricultores capricharam nos investimentos, o que ajuda a elevar a média de produtividade.

Segundo técnicos da Agroconsult, é possível que as produtividades de soja do Matopiba sejam revisadas para cima.

"O Maranhão está um pouco pior do que o Piauí. Normalmente o Piauí é melhor... Mas ambos melhoraram em relação ao ano passado", uma temporada que já foi boa após vários anos de seca, comentou o analista da consultoria Smyllei Curcio, que participou de sete das nove equipes do Rally.

Desde o início do ano, ele visitou áreas de Mato Grosso, Maranhão, Piauí, Bahia, Tocantins, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul --esses dois últimos Estados, disse Curcio, foram os destaques negativos.

Uma das poucas preocupações climáticas no Matopiba nesta temporada são as chuvas, que têm atrasado a colheita, contou o analista Pablo Reveles, também da Agroconsult.

"Nós pegamos muita chuva. De imediato não atrapalha. Mas, se persistir, aí pode acarretar perda. Seria muito estranho o Piauí e o Maranhão perdendo por chuva", afirmou ele em relação à umidade, que foi boa para o desenvolvimento das lavouras, mas que na soja madura não é uma condição desejável.

Perdas por chuva, no entanto, são localizadas e menos expressivas, em geral.

Os últimos números de produtividade do Matopiba divulgados pela Agroconsult já indicam volumes maiores que os registrados no ano passado, com todos os Estados registrando médias de rendimento superiores a 3 toneladas por hectare, o que se traduz em rentabilidades superiores, ainda mais que muitos produtores estavam com vendas mais lentas antes dos picos de preços recentes e aproveitaram as oportunidades.

Em 2017/18, a produção só não deve ser ainda maior devido a alguns problemas climáticos no Paraná e Rio Grande do Sul, como chuvas excessivas e seca, uma vez que a área plantada do país cresceu 1 milhão de hectares, para 35 milhões de hectares. Na temporada passada, os Estados do Sul tiveram ótimas colheitas.

O Rally, organizado pela Agroconsult, rodou quase 100 mil quilômetros desde o início do ano apurando as produtividades e as condições das lavouras em análises técnicas e conversas com produtores.

A equipe do Matopiba, acompanhada pela Reuters, foi a última da safra verão e deve definir um aumento da previsão de safra, caso as produtividades no Paraná e Rio Grande do Sul (segundo e terceiro produtores do Brasil) não caiam muito mais do que o esperado.

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Fonte:
Reuters

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