Soja: Mercado tem início de semana calmo em Chicago, com preços atuando com estabilidade

Publicado em 25/07/2016 08:19

Nesta segunda-feira (25), após uma semana intensa, o mercado internacional da soja operava com estabilidade e oscilações bastante tímidas. Os principais vencimentos, por volta de 8h (horário de Brasília), subiam entre 0,25 e 2 pontos, após já ter testado o campo negativo. Assim, os contratos agosto e setembro/16 já recuperavam o agora frágil patamar dos US$ 10,00 por bushel. No mesmo momento, o novembro/16, referência para a nova safra dos EUA, era negociado a US$ 9,89.

O clima no Meio-Oeste americano permanece em foco, porém, as últimas previsões - que indicam temperaturas mais amenas e mais chuvas para esta semana e os próximos dias - já são conhecidas, e os traders aguardam agora pelas atualizações. Leia mais:

>> Previsões trazem boas chuvas para o Meio-Oeste dos EUA nos próximos dias

Além disso, esperam ainda pelos novos números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz sobre as condições das lavouras em seu reporte semanal de acompanhamento de safras. Até o domingo passado, 17 de julho, eram 71% dos campos de soja em boas ou excelentes condições. 

Paralelamente, atenção aos números dos embarques semanais norte-americanos, também a serem reportados nesta segunda pelo USDA, e, nesta semana, à chegada da delegação chinesa aos EUA para negócios de longo prazo com a soja, e ao andamento do cenário financeiro internacional. 

Veja como fechou o mercado na última semana:

Soja despenca mais de 6% em Chicago na semana e arrasta preços do mercado brasileiro

A mudança nas previsões climáticas para o Meio-Oeste norte-americano foram imbatíveis para o mercado internacional da soja nesta semana e os futuros da oleaginosa a encerraram com baixas que superaram os 6% na Bolsa de Chicago, levando as cotações a renovaeram suas mínimas em mais de dois meses. O tempo virou e os mapas indicando mais chuvas para o Corn Belt reforçaram ainda mais as expectativas de uma grande safra nos Estados Unidos, a qual poderia superar 105 milhões de toneladas na medida em que essas favoráveis condições de clima vão se confirmando, se consolidando e permanecendo sobre o Corn Belt.

"Há dois anos não tínhamos um mercado climático tão intenso", disse o analista de mercado e economista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, em entrevista ao Notícias Agrícolas. Assim, a volatilidade também tem se intensificado e permitindo que, nesta sexta-feira (22), os preços da soja deixassem para trás o patamar dos US$ 10,00 por bushel. O vencimento novembro/16, referência para a nova safra dos Estados Unidos, perdeu, no balanço semanal, 6,53% para fechar com US$ 9,88 por bushel. O março/17, por sua vez, foi a US$ 9,82 no final da semana. "Os preços têm sido formados pelo clima essencialmente", completa. 

"As previsões de chuvas nos próximos dias melhoraram e pesam sobre o mercado, mesmo com as temperaturas ainda muito elevadas nos EUA", explica Motter. E é nesse quadro em que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), em seu último reporte semanal de acompanhamento de safras da segunda-feira (18), indicou 71% das lavouras americanas de soja em boas ou excelentes condições. Novos números serão divulgados na próxima segunda (24) e o mercado, como explicam analistas, parece começar a precificar uma melhora para índices ainda mais altos dos campos norte-americanos. 

Segundo informações da Divisão de Agroclima do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o clima quente e úmido deverá permanecer sobre todo o Meio-Oeste americano, com o calor intenso e temperatuas próximas dos 38ºC restritos, porém, só para algumas regiões. "As altas temperaturas durante o dia e a noite não são as mais ideais para as plantas, porém, os bosn índices de lavouras em boas ou excelentes condições e as boas chuvas previstas daqui para frente minimizam o stress causado", explica, em nota, a consultoria Benson Quinn Commodities. 

A nova safra dos EUA deverá contar, de acordo com as últimas previsões do NOAA, o departamento oficial de clima dos Estados Unidos, com temperaturas mais amenas e mais chuvas nos intervalos dos próximos 7 dias e entre os próximos 8 a 14. Os acumlados previstos no final desta semana são mais elevados do que os das previsões anteriores. As lavouras de soja americanas, afinal, caminham para sua fase determinante, onde deverá ser definida sua produtividade e, durante todo esse período - e até que a colheita se conclua - esse deverá ser o ponto de atenção do mercado de grãos em Chicago. 

"As commodities soja e milho seguem totalmente influenciadas pelas previsões climáticas favoráveis ao Cinturão de Produção norte-americano, cujos mapas mostram melhores cnahces de chuvas nos próximos 15 a 16 dias", explica Andrea Cordeiro, analista de mercado da Labhoro Corretora. E o comportamento dos fundos de investimentos, que têm participado de forma bastante expressiva do mercado de commodities agrícolas, reflete sua rápida movimentação de sua garantia de lucros, buscando os ativos que lhe são mais rentáveis. "Sem previsão até o momento de anomalias climáticas para os próximos 30 dias no Meio-Oeste, os fundos gradativamente diminuem suas posições compradas na soja e no milho", complementa Andrea. 

Demanda

As informações de demanda parecem estar em segundo plano nesse momento de auge do mercado climático americano, porém, mantidas no radar dos traders internacionais. A semana foi fraca em anúncios de novas compras por parte da China nos EUA e os números do embarques norte-americanos foram fracos novamente. No entanto, os números das vendas semanais para exportação dos EUA vieram acima das expectativas do mercado e trouxeram alguma boa indicação para os negócios. 

"As vendas (do ano comercial 2015/16, o qual se encerra em agosto) estão acima do registrado no ano passado, porém, os embarques norte-americanos estão atrasados em relação à temporada anterior em um volume significativo - em cerca de 3,6 milhões de toneladas - e o fato de embarcar menos agora faz com que os estoques, lá na frente, não fiquem tão ajustados como se espera agora, embora haja os compromissos de venda", explica Camilo Motter. E esses serão dados que também terão de ser acompanhados semana a semana. 

E na semana que vem, o assunto terá um peso a mais com a chegada de uma delegação chinesa aos Estados Unidos para a conclusão de acordos e negócios de longo prazo para a soja, como é tradicional deste período do ano. "Esse compromisso é sempre motivo de muitas especulações e esse ano, com fundos comprados e sem qualquer ameaça de clima - caso realmente se confirmem as previsões das próximas semanas - os fundos podem aproveitar o momento. E com os leilões semanais de soja em curso na China, certamente esse tema será destaque", salienta Andrea Cordeiro. 

Em junho, de acordo com números da Administração da Alfândega da China, o país teria importado 7,6 milhões de toneladas de soja em grãos, com cerca de 91% do volume de origem brasileira e 6,4%, norte-americana. Até o momento, as compras chinesas acumuladas já somam 60,6 milhões de toneladas, sendo 12,6% maiores do que as do ano passado. 

Mercado Nacional

A intensa baixa dos preços da soja na Bolsa de Chicago arrastou junto as referências no mercado brasileiro, tanto nos portos quanto nas praças de comercialização no interior do país. A semana também foi de nervosismo e agitação entre os mercados, porém, de negócios ainda pontuais, principalmente com o que o resta da safra 2015/16 no Brasil, uma vez que, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o interesse de venda por parte dos sojicultores brasileiros não existe nesse momento. 

Assim, no interior, as perdas variaram de 4,55% - em Panambi, no Rio Grande do Sul, que fechou com R$ 73,02 por saca - a 10,83% em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas no Mato Grosso, onde o último indicativo ficou em R$ 70,00, No Oeste da Bahia, por exemplo, o preço perdeu o patamar dos R$ 70,00 e foi a R$ 69,67 por saca. Já entre as referências dos portos, quem liderou as baixas foi a soja disponível no terminal de Paranaguá, que perdeu 6,74% para fechar com R$ 83,00 por saca, enquanto em Rio Grande a queda foi de 4,12%, para R$ 81,50. Já no mercado futuro, R$ 81,00 no porto paranaense e R$ 79,50 no gaúcho, com quedas de, respectivamente, 4,14% e 4,45%. 

Para Marcos Araújo, analista de mercado da Lansing Trade Group, esse é mesmo o momento de o produtor brasileiro manter sua postura vendedora mais retraída, aguardando por novas oportunidades. "Chicago caiu muito e e o momento atual, portanto, não é oportuno", orientando, portanto, o sojicultor brasileiro a continuar acompanhando esse mercado, buscando cenários mais favoráveis daqui em diante. E estes momentos poderiam vir diante de uma necessidade ainda alta de matéria-prima por parte das indústrias locais e da atual baixa disponibilidade de produto no Brasil, uma vez que a comercialização da safra 2015/16. 

Dólar

Completando o quadro desfavorável para a formação dos preços da soja no Brasil, o dólar também encerrou a semana - após muita volatilidade - com leve alta - de 0,12% - frente ao real, mas em terreno negativo nesta sexta-feira. A moeda norte-americana caiu 0,72% a R$ 3,258 e continua, portanto, ainda distante dos R$ 3,30, e sendo mais um fator de pressão para o mercado nacional da oleaginosa. 

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Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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