Soja: Mercado foca números da nova safra dos EUA e fecha em baixa na Bolsa de Chicago
O mercado internacional da soja fechou a sessão desta terça-feira (12) com expressivo recuo. Depois da divulgação do novo relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os futuros da oleaginosa sentiram a pressão dos primeiros números da safra 2015/16 norte-americana, segundo explicam analistas.
Paralelamente, para Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, o mercado passou ainda por uma intensa realização de lucros, principalmente ao receber números de uma demanda chinesa menor no boletim. Entretanto, afirma ainda, apesar desse dado - e que não se confirma dada a intensidade das compras chinesas - que os preços podem se recuperar mais adiante.
"Nos próximos dias, o mercado já deve começar a observar os outros pontos de vista do relatório e a se recuperar. Nesta terça, apesar do fechamento tecnicamente negativo, o mercado teve uma flutuação normal para um dia de relatório e nem perdeu tanto assim, as baixas não chegaram a 20 pontos", diz Brandalizze. "Foi uma sessão de liquidação, de troca de posições, e o mercado deve começar a reverter esse cenário", completa.
E a opinião de Steve Cachia, consultor de mercado da Cerealpar, é bastante semelhante sobre essa revisão de 74 para 73,5 milhões de toneladas. "Meio milhão de toneladas é muito pouco e não influencia em nada. A alteração é de apenas 0,7%. Então, esse volume pode até se confirmar, mas pode também ser até maior, já que pode ser revisto novamente", diz.
Ao mesmo tempo, o USDA trouxe ainda uma redução nos estoques finais de soja da safra 2014/15 dos EUA. O número caiu de de 10,07 milhões para 9,53 milhões de toneladas. Além disso, as exportações foram ligeiramente recivsadas e passaram de 48,72 para 48,99 milhões de toneladas. Além disso, foi elevada ainda a estimativa para o esmagamento de soja no país, que subiu de 49,12 milhões para 49,67 milhões de toneladas.
"Finalmente o USDA aumentou a estimativa de esmagamento e exportações, além de ter reduzido os estoques da safra velha. Mas, acho que esse aumento nas exportações ainda poderia ter sido maior", afirma Cachia.
E foram, ainda de acordo com os analistas e consultores, os números da nova safra que pesaram de forma mais intensa sobre as cotações na Bolsa de Chicago, as quais fecharam o dia perdendo mais de 18 pontos entre os principais vencimentos. Apesar de uma colheita esperada para ser menor do que a registrada na temporada 2014/15, o volume é significativo e motivou parte desse recuo dos preços.
A safra 2015/16 foi projetada em 104,78 milhões de toneladas, em uma área plantada de 34,24 milhões de hectares e a colhida de 33,87 milhões, com uma produtividade esperada de 52,17 sacas por hectare. Na safra velha, esses números eram de 33,87 milhões, 33,63 mi e 54,2 sacas, respectivamente.
"Sem problemas climáticos, o quadro de oferta abundante continua. Já se sabia desse potencial de produção há um tempo, não há nenhuma novidade no número desta terça", explica o consultor da Cerealpar.
Outro fator que parece ter tido um impacto menor do que o esperado, segundo o analista da Granoeste Corretora, Camilo Motter, foi a baixa estimada para os estoques finais globais da temporada 2014/15. O número estimado caiu de 89,53 milhões para 85,54 milhões de toneladas.
"Achei que os estoques dos EUA e do mundo em queda nesta temporada seriam suficientes para ajudar o mercado. Mas, parece que todos focaram somente a próxima safra, que mal foi semeada nos EUA", diz. "O fato é que os estoques (finais da safra nova dos EUA) em 13,6 milhões de toneladas fez a cabeça do mercado", completa.
Diante dessas informações, o mercado deverá fica ainda sensível e atento ao comportamento do clima nos Estados Unidos, o qual será um fator decisivo na próxima temporada, principalmente no longo prazo. "Tudo ainda está em aberto", afirma Motter. No link abaixo, confira a íntegra dos números de soja e milho dos EUA para as safras 2014/15 e 2015/16:
>> USDA: Safras de soja e milho 2015/16 deverão ser menores nos EUA; estoques podem subir
Mercado Brasileiro
No Brasil, o dia também foi, inevitavelmente, de baixas. Com preços menores em Chicago e com o dólar voltando a cair, fechando na casa de R$ 3,02, as cotações da soja recuaram nos portos e no interior do país.
Assim, em Paranaguá, o preço para o produto disponível fechou com 2,48% de queda e R$ 66,80 por saca. Em Rio Grande, baixa de 2,88% para R$ 67,50 e recuo de 1,37% para a soja da safra nova, entrega em maio/16, com R$ 72,00. No interior do país, algumas baixas ou estabilidade entre as principais praças de comercialização.
"Antes do relatório, tínhamos indicações de compra no oeste do Paraná entre R$ 61,00 e R$ 62,00, dependendo do local de embarque e do prazo. No balcão, R$ 58,00 e, no porto (Paranaguá), indicação entre R$ 68,00 e R$ 68,50. Depois do relatório, pudemos ver um mercado travado, caindo entre R$ 1,00 e R$ 2,00 por saca em todas as praças.
Veja como fecharam as cotações nesta terça-feira:
0 comentário
Pátria: Plantio da soja 2024/25 chega a 83,29% da área
Soja tem cenário de sustentação em Chicago agora, principalmente por força da demanda
USDA informa novas vendas de soja nesta 6ª feira, enquanto prêmios cedem no Brasil
Soja opera estável nesta 6ª em Chicago, mas com três primeiros vencimentos abaixo dos US$ 10/bu
Soja volta a perder os US$ 10 em Chicago com foco no potencial de safra da América do Sul
USDA informa nova venda de soja - para China e demaisa destinos - e farelo nesta 5ª feira