Soja tem manhã de estabilidade em Chicago e mercado espera novos números do USDA
Os preços da soja praticados na Bolsa de Chicago, nesta sexta-feira (8), ainda operam com estabilidade, depois de um início de semana agitado. Assim, os contratos mais negociados, na manhã de hoje, perdiam entre 1 e 2,75 pontos, com o julho/15 mantendo o patamar dos US$ 9,70 por bushel.
O mercado trabalha com algumas boas novidades vindas da demanda, porém, sente e pressão do clima favorável nos Estados Unidos, com condições que têm favorecido o desenvolvimento do plantio da nova temporada, além de passar por um leve movimento de realização de lucros.
Paralelamente, há ainda a busca dos investidores por um melhor posicionamento antes do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que será reportado no próximo dia 12 de maio. E as expectativas do mercado indicam redução nos estoques finais de soja dos EUA e aumento nas exportações da temporada 2014/15.
Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:
Soja: Mercado fecha em baixa na CBOT e vendas no Brasil perdem força nesse final de semana
O mercado internacional da soja fechou o pregão desta quinta-feira (7) em campo negativo na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa foram ampliando suas baixas ao longo dos negócios e terminaram o dia recuando entre 5,50 e 9 pontos nos principais vencimentos, e os mais fortes foram registrados nas posições mais próximas, inclusive no contrato maio/15 que já vence na próxima semana.
Como explicou o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, sem novidades significativas, o mercado passou por um dia de liquidação de posições, não indicando uma tendência muito bem definida para as cotações. "Não há nada de novo que possa movimentar muito o mercado nesse momento", diz.
Nesta quinta, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou seu novo boletim semanal de vendas para exportação e trouxe números que superaram as expectativas, fator que atuou como suporte para as cotações e limitou as baixas, como explicou o analista de mercado e economista da Granoeste Corretora, Camilo Motter.
As vendas norte-americanas de soja somaram, na semana que terminou em 30 de abril, 689,1 mil toneladas, contra 315 mil da semana anterior, e assim ficaram acima das expectativas do mercado, que eram de 570 mil toneladas. Foram 338,8 mil toneladas da safra 2014/15 e mais 350,3 mil da temporada nova.
No acumulado do ano, portanto, o total é de 49,411 milhões de toneladas, contra a última projeção do USDA de 48,72 milhões de toneladas para as exportações totais. No mesmo período do ciclo anterior, o total era de 44.634,1 milhões. Do total vendido, quase 46 milhões de toneladas já foram embarcadas.
Essas estimativas deverão ser revistas no próximo boletim mensal de oferta e demanda do departamento e a expectativa dos analistas de mercado é que de que sejam elevadas, bem como é esperado ainda um corte nos estoques finais norte-americanos da oleaginosa. O novo relatório do USDA será divulgado no dia 12 de maio.
Entretanto, ao mesmo tempo, as notícias sobre o clima favorável nos Estados Unidos pesam sobre o mercado e também atuam como fator negativo para os futuros da soja na CBOT. "O clima no Meio-Oeste americano será determinante e fundamental para os preços no mercado futuro americano. E o clima como pano de fundo, ainda há os outros fatores que também continuam influenciando o mercado, como a demanda, por exemplo" explica Motter.
As previsões climáticas ainda mostram um cenário favorável para o desenvolvimento da nova safra norte-americana e, ainda de acordo com o analista da Granoeste, uma nova onda de chuva que pode chegar ao Corn Belt na próxima semana estaria estimulando os produtores norte-americanos a avançarem com os trabalhos de campo e evitar um cenário mais adverso para o plantio.
De acordo com os últimos números do USDA, até o último domingo, 3 de maio, 13 da área de soja já havia sido semeada nos EUA. O índice está acima do registrado no mesmo período do ano anterior e é maior ainda do que a média dos últimos cinco anos.
Outro fator que também pressionou as cotações na sessão desta quinta-feira, de acordo com analistas internacionais, foi a alta do dólar frente a uma cesta de moedas globais. Segundo informações de agências estrangeiras e especialistas, a divisa subiu diante de um relatório divulgado nos EUA que mostrou que a quantidade de pessoas que entraram o pedido de seguro-desemprego no país subiu menos do que o esperado na semana passada.
Além disso, há ainda a expectativa por um outro boletim com indicativos da economia norte-americana esperado para esta sexta-feira que também motivou esse avanço. Assim, o que se observou foi uma alta superior a 0,50% no dólar index nesta quinta, o que pressionou a soja, mas diversas outras commodities no mercado internacional como o milho, o trigo, o algodão, o petróleo e o ouro.
Para Camilo Motter, completando o cenário negativo para as cotações da soja em Chicago vieram ainda as notícias de que a greve dos trabalhadores de plantas processadoras de soja na Argentina, maior exportadora mundial de óleo, já estaria perdendo força.
Mercado Interno
Com essas baixas em Chicago e mais um recuo do dólar frente ao real, as cotações da soja no Brasil também perderam um pouco de força e voltaram a operar abaixo dos R$ 70,00 nos principais portos do país.
Em Paranaguá, o mercado para a soja disponível encerrou o dia perdendo 1,71% com R$ 68,80 por saca. No porto de Rio Grande, queda de 1,43% para o produto disponível e preço em R$ 69,00. Já para entrega maio/16, o mercado fechou a quinta-feira com baixa de 0,68% e R$ 73,00.
Diante desse movimento, as vendas voltaram a se desaquecer ligeiramente no Brasil, mas ainda acontecem, diante, principalmente de uma demanda que ainda se mostra muito forte, como explica Vlamir Brandalizze. "Os produtores venderam muito bem na semana passada e no início dessa semana, agora se retraíram um pouco mais depois que o mercado voltou a cair", relata o consultor.
Ainda assim, a fila de navios para embarcar soja para a China e demais destinos segue grande nos portos brasileiros e o produtor observando com atenção os momentos interessantes para garantir a comercialização da atual safra brasileira de soja. De acordo com um levantamento da Agrinvest, já há cerca de 60% da oleaginosa da temporada 2014/15 comercializada, contra uma média de 72% para esse período.
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