Soja: Safra 2014/15 deve registrar quebra de até 5 milhões de t com clima seco
O número de 95 milhões de toneladas para a safra de soja 2014/15 de soja do Brasil não irá se confirmar. Para o consultor de mercado Fernando Muraro, da AgRural, as perdas já estão entre 4 e 5 milhões de toneladas, perdidas para as elevadas temperaturas e ausência de chuvas em importantes regiões produtoras do país. O resultado dessa temporada? Esse é, agora, o número mais difícil a ser conseguido já que a marca dessa safra é a irregularidade.
"Em Mato Grosso, encontramos lavouras precoces com produtividade de 20 sacas por hectare e de 70 sacas por hectare, em talhões com menos de 100 km um do outro, no Mato Grosso do Sul, a mesma coisa. Talvez Goiás e Bahia sejam o epicentro dessa estiagem maior que atingiu o Brasil. Então, a tentativa de estimar a safra brasileira ficou complicada", diz Muraro.
E essa projeção vem de encontro com produtores rurais preocupados em todo o Brasil.
Mato Grosso do Sul
No MS, por exemplo, as perdas com a soja podem chegar a 25%, de acordo com estimtivas da Famasul e a região mais afetada toma uma faixa que vai de Dourados a Naviraí. A produtividade, principalmente em lavouras mais precoces, devem ter sua produtividade caindo de 55 para algo entre 38 e 45 sacas por hectare.
Confira a entrevista de Leonardo Carlotto, analista técnico da Famasul:
Fotos mostram lavouras de soja castigadas pelo sol forte e chuvas irregulares em Laguna Carapã (MS). Imagem enviada pelo técnico agrícola da Bio Rural, Antônio Rodrigues Neto. Veja:
Mato Grosso
Soja sofrendo com a ausência de chuvas em Primavera do Leste/MT - Foto de Marcelo Ananias
Goiás
Em Goiás, de acordo com números da Faeg (Federação de Agricultura dos Estado de Goiás), a safra deverá ser 1,4 milhão de toneladas menor, ou 15% menor do que a projeção inicial, e já gera perdas bilionárias aos produtores do estado. A situação, caso o quadro climático não traga um alívio significativo, pode se agravar, segundo relata o economista da instituição, Pedro Arantes.
Confira a entrevista de Pedro Arantes:
Vídeo mostra lavouras de soja da região de Rio Verde (GO) sofrem com as altas temperaturas e chuvas irregulares. Enviado pelo produtor rural, Luiz Henrique Meireles.
Imagens de lavouras de soja danificadas pelo sol em Palmeiras de Goiás (GO). Imagem enviada pelo consultor técnico, Murilo Pereira
Imagem de lavouras de soja castigadas pelas altas temperaturas e chuvas irregulares em Santa Helena (GO). Foto da produtora, Elizângela Garcia Barbosa dos Santos.
Paraná
No Paraná, segundo maior estado produtor da oleaginosa, as regiões mais afetadas são o oeste e o norte do estado. Em Guaíra, por exemplo, a colheita já está concluída em quase 40% da área e, segundo o presidente do Sindicato Rural do município, Silvanir Rosset, a produtividade média está em 30 sacas por hectare.
Confira a entrevista de Silvanir Rosset, presidente do Sindicato Rural de Guaíra:
>> Colheita da soja alcança 40% em Guaíra/PR e produtividade média chega a 30 scs/ha
Minas Gerais
Na região de Paracatu, uma das mais importantes na produção de grãos do estado mineiro, não chove há mais de 30 dias e as perdas para a soja já são consolidadas. Entretanto, as baixas ainda não foram contabilizadas. E apesar de a localidade já ter passado por outros períodos semelhantes a esse por conta da ausência de precipitações, as elevadíssimas temperaturas agravam o quadro, gerando prejuízos até mesmo em áreas de irrigação.
Confira e entrevista de João Alves, produtor rural de Paracatu:
Fotos das lavouras de feijão na região de Unaí (MG). Imagens enviadas por produtores rurais.
São Paulo
Itapeva é uma das mais importantes regiões produtoras de soja do estado de São Paulo e as perdas na atual safra podem chegar a superar os 50% caso as condições climáticas não melhorem nas próximas semanas. O enchimento de grãos foi severamente comprometido pela ausência de chuvas e o calor excessivo.
Lavouras de soja na região de São Miguel Arcanjo (SP). Foto do produtor rural, João Xavier.
Boas condições - Como vem sido opinião comum entre consultores e especialistas, a safra 2014/15 tem se mostrado bastante irregular e, se os estados já citados apresentam perdas severas, algumas localidades no Tocantins, Rio Grande do Sul e Rondônia devem trazer bons resultados.
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, as chuvas em janeiro já passam do dobro do esperado para o período e contribuem para o bom desenvolvimento das lavouras de soja, que estão em fase de floração na maior parte das regiões produtoras. No entanto, será necessária a continuidade de precipitações regulares durante o enchimento de grãos para que os resultados sejam consolidados, como explica o engenheiro agrônomo Dirceu Gassen. Em Cruz Alta, por exemplo, chuvas beneficiam e lavouras apresentam boas condições até o momento. Produtividade média das plantações deve ficar em 60 sacas do grão por hectare.
Confira a entrevista de Airton Becker, presidente do Sindicato Rural de Cruz Alta:
>> Em Cruz Alta (RS), chuvas beneficiam e lavouras de soja apresentam boas condições
Lavouras de soja em floração na região de São Francisco de Paula (RS). Imagem do produtor rural, Adans Bertolini.
Tocantins
Em Porto Nacional, cidade importante na produção de soja no Tocantins, as chuvas voltaram a normalizar e amenizaram as condições das lavouras, estimulando o potencial produtivo das plantas, as quais estão na fase determinante do enchimento de grãos, segundo relatou o produtor rural Ademir Rossato. "Nessa safra, se não tivermos falta de precipitações daqui pra frente, poderemos colher entre 60 a 65 sacas do grão por hectare. As primeiras áreas começam a ser colhidas dentro de 15 dias”, diz.
Confira entrevista de Ademir Rossatto, produtor de Porto Nacional:
Rondônia
Em Cerejeiras, principal polo de produção do estado de Rondônia, a colheita está sendo iniciada e as lavouras se mostram em bom estado, com perspectivas de resultados significativos. "A região que compreende Cerejeiras, Corumbiara, Cabixi, Pimenteiras e Colorado, apontou ampliação da área plantada em relação ao ano passado em mais de 10%. A região de Vilhena, situada em área de Cerrado, já iniciou a colheita um pouco antes, mas a produtividade deve ser um pouco inferior", relatou o produtor rural Adegildo Moreira Lima.
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