IPCA-15 sobe menos que o esperado em dezembro mas fecha ano acima do teto da meta

Publicado em 27/12/2024 09:03 e atualizado em 27/12/2024 10:41

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Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - A alta do IPCA-15 desacelerou em dezembro e ficou abaixo do esperado, mas ainda assim indicou que a inflação no Brasil deve encerrar 2024 perto de 5%, superando o teto da meta em meio a um ciclo agressivo de aperto monetário pelo Banco Central.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) teve alta de 0,34% em dezembro, depois de avançar 0,62% em novembro, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Isso levou a taxa acumulada no ano a 4,71%, o que supera o teto da meta, que é de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA. O resultado foi muito próximo do de 2023, quando o IPCA-15 subiu 4,72%.

As leituras, no entanto, ficaram abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters, de altas de 0,45% e 4,82% respectivamente no mês e em 12 meses.

Se confirmado o dado do IPCA em 12 meses fora da faixa visada, o Banco Central terá que explicar ao governo os motivos de o objetivo não ter sido cumprido.

Será a oitava vez que tal explicação será necessária desde a criação do sistema de metas para a inflação, em 1999. O IBGE divulga o dado cheio do IPCA para 2024 em 10 de janeiro.

A partir de 2025 será adotada uma meta contínua de inflação, prevendo que o Banco Central deverá se explicar ao governo se o alvo for descumprido por seis meses consecutivos.

"O IPCA-15 de dezembro não muda nossa opinião de que a perspectiva de inflação é bastante desafiadora. Todos os principais indicadores sensíveis à política monetária estão bem acima da meta de 3,0%. Para 2025, nossa previsão de 5,2% possui claro viés de alta, refletindo especialmente a depreciação da taxa de câmbio", disse Alexandre Maluf, economista da XP.

ALIMENTOS PESAM

O IBGE destacou que o maior impacto tanto em dezembro quanto em 2024 foi exercido por Alimentação e Bebidas. No mês os preços do grupo avançaram 1,47%, acumulando no ano alta de 8,0%.

A alimentação no domicílio subiu 1,56% em dezembro, impactada pelos aumentos do óleo de soja (9,21%), da alcatra (9,02%), do contrafilé (8,33%) e da carne de porco (8,14%). Houve recuos nos preços de batata-inglesa (-9,85%), tomate (-6,71%) e leite longa vida (-2,42%).

Também se destacaram em dezembro os avanços de 1,36% de Despesas pessoais e de 0,46% em Transportes. Em 2024, esses grupos tiveram respectivamente avanços de 5,12% e 2,32% segundo o IPCA-15.

Em Despesas pessoais, a alta de 12,78% do cigarro impactou o resultado do mês, como consequência do aumento da alíquota específica do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Já nos Transportes, a passagem aérea subiu 4,43% em dezembro, enquanto os combustíveis avançaram 0,09%.

Habitação, por sua vez, teve deflação de 1,32% em dezembro com a queda de 5,72% da energia elétrica residencial diante da bandeira tarifária verde. No ano, entretanto, o grupo registrou alta de 3,44%.

O segundo maior impacto do ano de 2024 foi de Saúde e cuidados pessoais, com alta acumulada de 6,03% embora tenha recuado 0,05% em dezembro.

Com a inflação e a desancoragem das expectativas como importante ponto de preocupação, o Banco Central acelerou em dezembro o ritmo de aperto nos juros e elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano.

Para além disso, surpreendeu ao prever mais duas altas da mesma magnitude à frente, após citar risco de piora da dinâmica inflacionária a partir do anúncio de medidas fiscais do governo.

"Os dados divulgados hoje reforçam nossa visão de que a Selic chegará a 15% em junho de 2025, patamar que deve ser mantido até o final de 2026. Não descartamos uma elevação dos juros ainda maior. Na nossa visão, a recente depreciação do câmbio e a contínua elevação das expectativas de inflação podem resultar em um aperto monetário mais forte", afirmou Claudia Moreno, economista do C6 Bank.

A decisão de promover o aperto mais agressivo nos juros básicos do país em mais de dois anos, já apontando para novas elevações de mesma intensidade, ocorreu na última reunião do Copom do ano e a derradeira com Roberto Campos Neto no comando da instituição.

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Fonte:
Reuters

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