Disputa por taxa de fim de mês impulsiona dólar ante real em dia de Fed e Copom
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - A disputa entre investidores pela formação da Ptax de fim de mês deu impulso às cotações nesta quarta-feira e fez o dólar fechar com alta firme ante o real, na contramão do que era visto no exterior, onde a moeda norte-americana cedeu ante a maior parte das demais divisas, em dia de decisão do Federal Reserve sobre juros.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,6558 reais na venda, em alta de 0,64%. No mês a divisa acumulou alta de 1,16%.
Às 17h03, o dólar para setembro -- que nesta sessão passou a ser o mais líquido -- subia 0,81%, aos 5,6740 reais.
A “superquarta” para os investidores trouxe na agenda as decisões sobre juros do Banco do Japão, do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil, além da formação da taxa Ptax de fim de mês no mercado de câmbio brasileiro.
O dia começou com o BOJ elevando sua taxa básica de juros para 0,25% ao ano, surpreendendo boa parte dos investidores globais. Nas últimas semanas a expectativa por um aperto monetário no Japão já vinha pressionando as moedas de países emergentes, como o real, em meio à desmontagem de operações de carry trade feitas com a moeda japonesa.
Ainda que a decisão do BOJ desse força ao iene, o câmbio no Brasil era afetado pela manhã principalmente pela disputa entre comprados (investidores posicionados na alta das cotações) e vendidos (posicionados na baixa) pela Ptax.
Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
“O último dia do mês é em geral de muita volatilidade. Hoje a pressão pela Ptax foi compradora e tivemos um volume alto, o que não é tão esperado para dias de ‘superquarta’, quando investidores ficam aguardando as decisões (dos bancos centrais)”, comentou Matheus Massote, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
De fato, o volume no câmbio foi mais elevado que em dias normais. No fim da tarde os negócios com dólar para setembro somavam mais de 430 mil contratos.
No auge da pressão dos comprados, o dólar à vista atingiu a máxima de 6,6851 reais (+1,16%) às 10h04 -- justamente numa das janelas de coleta de cotações do BC para formação da Ptax.
O avanço do dólar ante o real ocorria a despeito de, no exterior, a moeda norte-americana estar em baixa ante quase todas as demais moedas.
Com a Ptax formada no início da tarde (5,6621 reais na venda), o dólar à vista se acomodou em patamares mais baixos, mas ainda assim se manteve em alta ante o real.
“O dólar até podia cair (ante o real) acompanhando o exterior, mas tem decisão do Fed às 15h. Então, o investidor seguiu protegido no dólar”, comentou durante a tarde Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
Como esperado, o Fed anunciou às 15h a manutenção de sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50%, mas passou indicações de que os cortes podem começar em setembro.
"Houve mais algum progresso em direção à meta de 2% (de inflação) do Comitê", disse o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed em comunicado. Para o colegiado, a inflação agora está apenas "um pouco elevada" -- um importante rebaixamento em relação à avaliação que o banco central utilizou anteriormente, de que a inflação estava "elevada".
No Brasil, o dólar reduziu um pouco sua força logo após o comunicado do Fed, mas não o suficiente para sair do território positivo.
No fim da tarde investidores também faziam os últimos ajustes antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para depois das 18h30. Com a queda das taxas futuras nesta quarta-feira, a curva a termo brasileira precificava perto do fechamento 92% de chances de manutenção da Selic em 10,50% ao ano. A probabilidade de alta de 25 pontos-base estava em 8%.
No exterior, o dólar seguia em baixa no fim da tarde. Às 17h20, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,34%, a 104,090.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 7.460 contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024.
À tarde o BC informou que o Brasil teve fluxo cambial total positivo de 937 milhões de dólares em julho até o dia 26, com saídas líquidas de 2,009 bilhões de dólares pela via financeira e entradas de 2,946 bilhões de dólares pelo canal comercial.
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