Campos Neto relativiza fiscal "um pouquinho pior" e reforça cortes de 0,50 p.p. na Selic em 2 reuniões

Publicado em 21/12/2023 12:26 e atualizado em 21/12/2023 13:09

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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a indicar nesta quinta-feira, durante entrevista coletiva, que eventual piora da área fiscal do governo não pressupõe uma reação mecânica da política monetária.

Segundo ele, se o fiscal "for um pouquinho pior", mas o governo seguir realizando reformas econômicas, com o entendimento do mercado, esta piora não seria "tão relevante".

O governo Lula persegue a meta de resultado primário zero em 2024, mas economistas afirmam que o objetivo é difícil de ser alcançado, porque depende da geração de mais receitas. Campos Neto, por sua vez, tem defendido que o governo deve seguir perseguindo a meta. Segundo ele, mudar o objetivo teria um custo de credibilidade para o governo.

Durante a coletiva de imprensa, o presidente do BC também reforçou que a sinalização sobre novos cortes de 0,50 ponto percentual da taxa básica Selic nas "próximas reuniões", dada nos documentos recentes da autarquia, refere-se aos próximos dois encontros do Comitê de Política Monetária (Copom), em janeiro e março.

"Neste momento entendemos que a linguagem do Copom não é amarrada. Entendemos que 'próximas duas reuniões' é compatível com as incertezas", disse Campos Neto, ao ser questionado se a comunicação do BC não estaria engessada por indicar cortes de 0,50 ponto percentual da Selic, sem deixar muita margem para aceleração do processo.

Ao tratar da política monetária, Campos Nego pontuou que o colegiado discutiu "bastante" como os núcleos de inflação no Brasil estão melhorando no curto prazo, mas ponderou que a inflação cheia ainda está longe da meta.

O presidente do BC disse que a inflação corrente tem demonstrado melhora, enquanto o hiato do produto ficou estável e as expectativas estão desancoradas. Além disso, citou uma melhora na inflação de serviços.

"Olhando o conjunto, a gente entende que o ritmo de queda (da Selic) é apropriado", afirmou.

JUROS FUTUROS E CÂMBIO

Campos Neto também abordou na entrevista alguns dos movimentos mais recentes dos ativos no Brasil. Segundo ele, as taxas dos contratos futuros de juros com prazos mais longos "caíram bastante", o que é relevante para o investimento produtivo no Brasil.

Ele pontuou que as taxas curtas estão mais ligadas ao consumo, enquanto as longas estão relacionadas aos investimentos.

"Se a gente olhar os juros de (janeiro de) 2027, o fechamento de ontem (quarta-feira), foi 9,68%. Ou seja, os juros longos já caíram bastante", afirmou Campos Neto. "A última vez que este mesmo juro estava em 9,68%, se não me engano a Selic estava entre 8,50% e 9%. Então, este juro, que é relevante para o investimento, demonstrou uma queda compatível com um tempo atrás, quando a Selic estava bem mais baixa que está hoje."

Ao avaliar o mercado de câmbio no Brasil, ele chamou atenção para o fato de que a volatilidade tem sido baixa e disse que o real se mostra uma moeda "bastante resiliente".

"O Brasil é sério candidato a receber fluxo de investimentos mais perene", acrescentou, lembrando que, se isso de fato se materializar, o câmbio tende a ser beneficiado.

(Reportagem de Bernardo Caram, em Brasília)

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Fonte:
Reuters

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