Petrobras tem maior produção de diesel do ano; ofertas importadas recuam em agosto ante 2022
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) -A Petrobras informou nesta sexta-feira que sua produção total de diesel em agosto foi de 3,78 bilhões de litros, a maior em um mês em 2023, ano em que a estatal tem renovado recordes enquanto eleva a utilização das refinarias a máximas históricas para atenuar a necessidade de importação.
Em comunicado, a estatal afirmou ainda que a produção de diesel S10, produto mais comercializado no país e que tem menor teor de enxofre, atingiu 2,37 bilhões de litros no mesmo período, levemente abaixo dos 2,38 bilhões de julho. O restante da produção do combustível inclui o diesel S500, mais poluente.
A Petrobras destacou a produção recorde mensal de S10 alcançado na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), com 258 milhões de litros; na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), que alcançou 329 milhões de litros; e na Refinaria Paulínia (Replan), onde foi atingida a marca de 609 milhões de litros.
Esses patamares foram alcançados com a empresa registrando em agosto um novo recorde do fator de utilização total (FUT) das refinarias, para 97,3%, melhor resultado desde dezembro de 2014.
Segundo a estatal, esses resultados são importantes para o amortecimento da volatilidade de preços do mercado externo, em momento que o petróleo Brent rompeu o patamar de 90 dólares o barril.
"A ampliação da produção de diesel S10 em nossas refinarias contribui para a nossa estratégia comercial, que prevê a prática de preços competitivos de maneira rentável e sustentável", disse o diretor de comercialização, logística e mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, em nota.
As refinarias da Petrobras vêm atingindo recordes sucessivos no fator de utilização das refinarias desde maio.
DEMAIS OFERTAS
De outro lado, a produção de diesel da Refinaria de Mataripe, da empresa privada Acelen, atingiu 376 milhões de litros de diesel no total em agosto, abaixo de sua média mensal de 420 milhões de litros, "devido à ocorrência do apagão nacional" no mês passado, disse a companhia à Reuters.
Segundo a Acelen, a refinaria produziu no mês passado 254 milhões de litros de diesel S10 e 122 milhões de litros de S500, enquanto busca "continuamente maximizar a oferta de S10, produto de menor teor de enxofre".
O Brasil, que importa cerca de 25% de suas necessidades de diesel, também reduziu as importações do combustível em agosto em relação ao mesmo período de 2022.
Isso ocorreu após a Petrobras ter permanecido por um longo tempo com preços abaixo da paridade de importação, desestimulando compras externas de terceiros -- a estatal elevou a cotação do seu combustível em 25,8% no dia 16 do mês passado, na primeira alta do produto do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
As importações de diesel pelo Brasil caíram 29% em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado, para 1,31 bilhão de litros, segundo dados levantados pela agência Argus, especializada em preços e serviços de consultoria, com base em dados do governo. Em comparação com julho houve aumento de 24%.
"Embora seja maior do que julho, está bem abaixo do ano passado. E geralmente tem um pico de importação entre agosto e outubro, e estamos bem abaixo do sazonal. Isso foi muito em função dos importadores, que até meados de agosto não sabiam qual seria movimento da Petrobras", disse o especialista em combustíveis da Argus, Amance Boutin, em relatório enviado à Reuters.
Segundo ele, o mercado "está de olho para ver se haverá algum reajuste da Petrobras", considerando a recente alta dos preços do petróleo e do diesel no mercado internacional. Desde meados de agosto, o Brent subiu mais de 6%.
Boutin disse ainda que a entrada no Brasil de diesel russo, mais barato em relação ao mercado internacional, segue mitigando o avanço nos preços. O produto da Rússia chega descontado em função das sanções ocidentais devido à guerra na Ucrânia, algo que tem influenciado o mercado brasileiro ao longo de 2023.
Ele disse que a proporção do diesel russo no total importado pelo Brasil em agosto possivelmente foi recorde, chegando a uma fatia de 74,5%.
O analista disse ainda que cotação do diesel russo hoje está próxima do custo de aquisição do produto da Petrobras, após ter passado alguns meses do ano abaixo do valor ofertado pela estatal.
O analista não vê problemas de falta de diesel, mas disse que o distribuidor "precisa virar a chave e topar pagar mais pelo produto importado", que está nos portos.
"Tem produto no porto, e está sendo negociado a prêmios em relação ao produto da Petrobras", disse ele, acrescentando que foram feitos negócios nesta semana com prêmio de 80 centavos de reais de real por litro acima do preço da Petrobras.
(Por Roberto Samora; com reportagem adicional de Letícia FucuchimaEdição de Pedro Fonseca)
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