Desaceleração autoinfligida da China testa decisão de reforma de Pequim
Enquanto a China caminhava à frente das principais economias rivais na recuperação em relação à recessão provocada pela pandemia de Covid-19 no ano passado, Pequim viu uma chance de impor medidas duras sobre incorporadoras endividadas, assim como poluidores industriais e gigantes da tecnologia.
As reformas ousadas do presidente chinês, Xi Jinping, visam reduzir a dependência da economia de propriedades e dívida, canalizando mais recursos para a manufatura de alta tecnologia e criando uma economia mais verde e igualitária.
Mas a desaceleração econômica do país sublinha os riscos e testa a determinação de Xi em implementar seus planos.
O crescimento da segunda maior economia do mundo desacelerou no terceiro trimestre para 4,9% ao ano, ritmo mais lento em um ano. No entanto, analistas dizem que é improvável que as autoridades hesitem muito em suas tentativas de lidar com o que consideram riscos de longo prazo e distorções na economia.
"A desaceleração é predominantemente impulsionada pelas políticas ... (mas) Pequim está disposta a fazer o 'trade-off'", disse Dan Wang, economista-chefe do Hang Seng Bank (China).
Em meio ao esforço de Xi para criar o que ele chama de "prosperidade comum", as pressões regulatórias nos setores de tecnologia, educação e entretenimento têm afetado o vasto setor online e devastado a indústria de ensino particular com fins lucrativos, levantando dúvidas sobre o papel do setor privado na economia chinesa.
SEM GRANDES MUDANÇAS
Pequim está projetando confiança e não sinalizou nenhuma grande mudança para lidar com a desaceleração. O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse na semana passada que a China possui amplas ferramentas para enfrentar os desafios econômicos.
As autoridades, temerosas de que uma bolha imobiliária possa prejudicar a ascensão de longo prazo do país, devem continuar restringindo empréstimos e especulações desenfreadas, mas podem suavizar algumas táticas, disseram analistas e fontes com conhecimento do assunto à Reuters.
"Serão necessários muito mais danos aos mercados financeiros e à economia real antes que Pequim esteja disposta a desfazer algumas dessas restrições", disseram analistas da Nomura em nota.
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