Trump anunciará reabertura da economia dos EUA nesta quinta-feira

Publicado em 15/04/2020 19:42 e atualizado em 15/04/2020 21:54

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira que dados sugerem que o país passou do pico de novas infecções por coronavírus e que anunciará "novas orientações" para a reabertura da economia em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira.

"Nós passamos do pico de novos casos", disse Trump em seu briefing diário. "É muito animador", afirmou ele.

Hospitalizações por vírus em Nova York caem pelo 2º dia, diz governador

.

  • Centro Médico Maimonides no Brooklyn, Nova York 14/4/2020 

(Reuters) - As hospitalizações de pessoas com o novo coronavírus apresentaram uma queda pelo segundo dia em Nova York e o Estado enviará ventiladores para Michigan e Maryland, ampliando sinais de que algum controle está sendo ganho sobre o surto, disse o governador Andrew Cuomo nesta quarta-feira.

Cuomo também divulgou em seu briefing diário um esboço de como ele começará a reabrir a economia de Nova York, iniciando com os negócios mais essenciais e naqueles em que o risco de propagação da infecção é menor.

Ele afirmou que um total de 18.335 pessoas foram hospitalizadas em Nova York por causa do Covid-19, a doença respiratória causada pelo novo coronavírus, abaixo dos 18.697 do dia anterior, que marcou o primeiro declínio desde o início da crise.

No entanto, os pacientes recém-admitidos nos hospitais por Covid-19 chegaram a 2.253 na terça-feira, em comparação a 1.649 no dia anterior, enquanto 752 mortes foram registradas, pairando no mesmo nível elevado em que estiveram na semana passada.

Cuomo disse que Nova York enviará 100 ventiladores para Michigan e 50 para Maryland a fim de ajudar esses Estados.

O governador, que na segunda-feira declarou que Nova York já passou pelo pior estágio da pandemia, afirmou que não acredita que a crise realmente terminaria até que uma vacina fosse desenvolvida, o que ele prevê que levaria de 12 a 18 meses.

Até aquele momento, Nova York, que está coordenando sua reabertura com seis Estados vizinhos, precisa adotar uma abordagem incremental para eliminar as restrições de negócios e escolas, disse Cuomo.

"Precisamos construir uma ponte para a reabertura da economia", afirmou Cuomo. "Estamos indo para um lugar diferente - um novo normal."

Ele repetiu um pedido ao governo federal para ajudar a implementar testes rápidos em larga escala, um processo que ele acredita ser essencial para reabrir a economia, mas com que os Estados estão mal equipados para lidar sozinhos.

"Não podemos fazer os testes e rastrear sem assistência federal", disse Cuomo.

Mortes por coronavírus nos EUA aumentam em quantidade recorde pelo 2º dia

.

  • (Reuters) - As mortes por coronavírus nos Estados Unidos aumentaram em número recorde pelo segundo dia consecutivo, subindo pelo menos em 2.371 na quarta-feira, para um total de 30.800, segundo contagem da Reuters, enquanto alguns Estados subestimaram o pior da pandemia, avaliando acabar parcialmente com o isolamento social até 1º de maio.

Os EUA registraram sua primeira fatalidade por coronavírus em 29 de fevereiro. Demorou 38 dias para atingir 10.000 mortes e apenas mais nove dias para passar de 10.000 para 30.000 mortes. A maior alta diária no número de mortos era 2.364 na terça-feira.

Os casos confirmados de Covid-19 superaram 635.000 nos EUA e 2 milhões em todo o mundo.

Apesar do aumento nas mortes, havia sinais em algumas partes do país de que o surto está começando a diminuir.

Governadores de cerca de 20 Estados com menos casos de coronavírus acreditam que podem estar prontos para iniciar processo de reabertura de suas economias até a data prevista de 1º de maio pelo presidente norte-americano, Donald Trump, disse uma importante autoridade de saúde dos EUA na quarta-feira.

Governadores nos Estados mais atingidos - Nova York, Califórnia, Louisiana, Nova Jersey, Massachusetts e Michigan - disseram que há necessidade de testagem mais ampla antes de começar a encerrar o isolamento.

Com confiança despedaçada, estrada para um "normal" na economia dos EUA parece longa

.

Pessoas olham vitrine de restaurante fechado no Harlem em meio ao surto do Covid-19; Nova York, EUA 15/04/2020 

WASHINGTON (Reuters) - O espaço aéreo dos Estados Unidos permaneceu fechado por três dias após os ataques de 11 de setembro de 2001. Levou três anos para a indústria se recuperar, apesar da triagem rigorosa dos passageiros e da criação de uma nova agência dedicada à segurança do transporte.

Quando a construção de casas começou a cair em 2006, antes da crise financeira e da recessão, demorou cinco anos para que o equilíbrio entre construtores e compradores voltasse a se mostrar saudável o suficiente para permitir que a construção começasse a crescer de maneira confiável. Algumas pesquisas sugerem que toda uma geração de potenciais compradores de casas ficou assustada com o episódio e permanece à margem.

À medida que os governadores e o governo Trump discutem quando reiniciar uma economia devastada pelo surto do novo coronavírus, eles podem ter esses exemplos em mente: quando o comportamento público sofre um choque, é lento o processo de recuperação.

"Isso é diferente da última crise e é mais difícil de entender. Temos um aspecto de saúde e um aspecto econômico, e não podemos separá-los", disse Clark Ivory, presidente da Ivory Homes, construtora de Utah, em um seminário sobre sobrevivência de empresas na semana passada. "Será um desafio de três anos."

E o dano econômico está aumentando.

Cerca de 16 milhões de pessoas entraram com pedidos de auxílio-desemprego apenas nas últimas três semanas. As vendas no varejo caíram 8,7% em março, a maior queda já registrada. O governo federal se comprometeu com mais de 2 trilhões de dólares em medidas emergenciais de gastos, assumindo níveis de dívida que rivalizarão com os da Segunda Guerra Mundial.

Enquanto isso, o JP Morgan Chase deu início na terça-feira ao que provavelmente será uma horrível temporada de balanços corporativos.

Não há dúvida de que essa queda será histórica em profundidade. Mas a natureza do evento por trás dele é o principal obstáculo a um reinício econômico: uma crise de saúde que matou mais de 28 mil pessoas no país, de acordo com uma contagem da Reuters, e deixou medo e confusão em seu rastro.

"Aversão a perda" é um sentimento poderoso. Algumas pesquisas sugerem que ele fica mais forte quando as pessoas sentem que os resultados dependem não de chances aleatórias, mas de suas escolhas pessoais --nesse caso, se devem retornar a um cinema, restaurante ou evento esportivo.

"Como os consumidores estão respondendo? Como as famílias estão respondendo? Como os líderes empresariais estão respondendo? ... Eles perdem a confiança em apenas ir e fazer coisas?", questionou Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, em entrevista esta semana a uma estação de rádio de Miami.

O sentimento dos consumidores e das empresas dos EUA caiu drasticamente. Economistas começaram a tentar incorporar essas informações e dados econômicos recebidos em projeções de médio prazo sobre a profundidade do impacto e o ritmo da recuperação.

Nenhum parece bom.

Em análise recente, um grupo de pesquisadores --incluindo o professor da Universidade de Stanford Nick Bloom, criador de um índice de incerteza frequentemente citado-- projetou que o Produto Interno Bruto (PIB) ao fim deste ano ainda estaria 11% aquém do de 2019.

Para retomar o crescimento econômico, "a condição necessária é que as paralisações obrigatórias sejam revertidas. É provável que seja Estado por Estado, em alguns casos até cidade por cidade", disse Chris Varvares, um dos chefes para economia norte-americana do IHS Markit, em uma discussão online esta semana com a Associação Nacional de Economia Empresarial.

"Não é uma condição suficiente. Precisamos que os consumidores continuem suas vidas diárias. Isso estará ligado ao número de novos casos (de coronavírus) ... (e) se os tratamentos que estão sendo testados são eficazes."

Economistas que debatem a forma da recuperação econômica foram desafiados a ir além dos padrões: um "V" rápido versus um "U" prolongado.

Agora, estão surgindo previsões de um "W", que sobe e desce algumas vezes com o ressurgimento do vírus, formas de "marca de verificação" que levam um período prolongado para recuperar o terreno perdido, ou mesmo uma "escada" --o salto que Trump está antecipando na sequência de um longo período com pouco crescimento até que uma vacina seja encontrada.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário