Brasileiro não sabe se escuta ministro ou presidente da República, diz Mandetta

Publicado em 12/04/2020 04:26 e atualizado em 13/04/2020 04:35

Em entrevista exibida neste domingo, 12, pelo Fantástico, da TV Globo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pediu para que as pessoas mantenham o isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus e, em recado ao presidente Jair Bolsonaro, cobrou uma "fala única" sobre o problema para não confundir a população.

Para o ministro, os meses de maio e junho serão os mais duros no enfrentamento da covid-19 no País. A fala de Mandetta contraria a posição de Bolsonaro, que afirmou neste domingo, em videoconferência com lideranças religiosas, que a "questão do vírus está começando a ir embora".

"Eu espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento dessa situação possa ser comum e que a gente possa ter uma fala única. Isso leva para o brasileiro uma dubiedade. Ele não sabe se escuta o ministro da Saúde, o presidente", disse Mandetta.

"Isso preocupa, porque a população olha e fala assim ‘Será que o ministro da Saúde é contra o presidente’? Quem a gente tem de ter foco, esse aqui que é o nosso problema é o coronavírus. Ele é o principal inimigo. Se eu estou ministro da Saúde, por obra de nomeação do presidente. O presidente olha pro lado da economia. O Ministério da Saúde entende a economia, mas chama pelo lado de proteção à vida", disse Mandetta.

Bolsonaro vem manifestando insatisfação com Mandetta por conta da maneira como o ministro lidera a crise. A insistência pelo distanciamento social é um dos pontos que provocaram desavenças entre os dois.

Bolsonaro defende um isolamento seletivo, restrito para pessoas dos grupos de risco, como forma de reduzir o impacto da pandemia sobre a economia.

Os dados atualizados até este domingo apontam 1.223 mortes no País em decorrência da covid-19. No mundo, o total de vítimas já ultrapassou 114 mil.

Pico. Na entrevista, Mandetta voltou a dizer que o período mais preocupante da crise da covid-19 ainda não chegou. "No mês de maio, junho, teremos os dias muito duros. Dias em que seremos tachados. ‘Ah, vocês não fizeram o que tinham de fazer, ‘deviam ser mais duros’, ‘menos duros, porque a economia está assim’. Sempre vai haver os engenheiros de obra pronta. Serão dois, três meses de muitos questionamentos das práticas."

Indagado sobre uma projeção de infectados no País ao longo deste ano, Mandetta disse que não existe "absolutamente nada que influencie mais essa resposta do que como a sociedade brasileira vai se comportar nos próximos dias".

Ele também criticou o comportamento de pessoas que têm furado o isolamento social. "Quando você vê as pessoas entrando em padaria, supermercado, fazendo fila, piquenique isso é claramente uma coisa equivocada", avaliou o ministro. "Tem muita gente que gosta da internet. Que vê que é fake news dizendo que é invenção de países para ganhar vantagem econômica ou vê complô mundial."

Em celebração com lideranças religiosas neste domingo, 12, Bolsonaro afirmou que "a questão do vírus está começando a ir embora". O ministério prevê que o pico da doença, ao menos em São Paulo e no Rio de Janeiro, será no final de abril e no início de maio.

Obra. No último sábado, Bolsonaro e Mandetta visitaram obras de um hospital de campanha construído na cidade goiana de Águas Limpas, a 56 quilômetros de Brasília. Após o compromisso, o presidente foi ao encontro de apoiadores, que se aglomeraram para cumprimentá-lo.

Questionado sobre o motivo de não ter acompanhado Bolsonaro na ida aos populares, o ministro respondeu seguir orientações de distanciamento. "Eu procuro seguir uma lógica de não aglomeração", disse.

O desentendimento entre ambos alcançou o ápice após Bolsonaro dizer, no domingo passado, que poderia usar sua caneta contra pessoas do governo que "de repente viraram estrelas". No dia seguinte, sob expectativa de demissão, Mandetta disse que ficaria no cargo, pediu "paz" e reclamou de críticas que, em seu modo de ver, criam dificuldades em seu trabalho.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Estadão Conteúdo

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • FABIO LUIS ANZANELLO GIOCONDO Arapongas - PR

    O presidente Bolsonaro não pode tolerar um ministro com esse comportamento. Mandetta é, sim, um quadro técnico-político, mas deixou extrapolar a sua missão à insubordinação e ao interesse paralelo. Tornou-se suspeito e quebrou a confiança. Hora de trocar o ministro, não dá mais! O novo ministro deve expor claramente e defender o isolamento vertical, alinhado às necessidades de um país que vinha na retomada econômica, assim poderemos ter melhores frutos. E a guerra no STF, hora de revisar e testar o ativismo dessa instituição.

    18
    • Augusto dos Santos Morais Caxias - RS

      Concordo com o senhor Fábio. Ou demite, ou vira casa da mãe Joana. Faz tempo que estou alertando. É hora do Mourão. Precisamos de um Presidente que mande.

      36
    • EDMILSON JOSE ZABOTT PALOTINA - PR

      Não é hora e nem será necessário a troca do Presidente Bolsonaro , por Mourão ou outro . Bolsonaro está conduzindo com muita responsabilidade o Governo.., o problema do Brasil é o Congresso e Senado principalmente..., e problema são aqueles que sempre esperam que alguém faça por nós. Exemplo é no Agro que a grande maioria espera sempre que aquele grupo , pegue um Ônibus para ir a Brasília brigar pelo código florestal, brigar pela retirada da Dilma , e por aí vai ....

      Quero ver se o Bolsonaro pedir para irmos para as ruas .. quero ver quantos de vocês irão... Falta ação de todos nós para apoiar o Presidente.

      Pelo ZAP é fácil quero ver ir para frente do enfrentamento.

      4
    • carlo meloni sao paulo - SP

      ... nao deve ser facil para os generais 4 estrelas concordar com as estripolias de um capitao reformado à força-----kkkkkk e' para os colegas que ainda nao se deram conta que toda essa molecagem nao vai dar certo...

      6
    • EDMILSON JOSE ZABOTT PALOTINA - PR

      Carlos, não deve ser fácil para você e seus colegas vermelhos acostumados a mamar deitado... Se as atitudes do Presidente Bolsonaro são vistas por vocês como molecagem, paciência, são estas molecagens que alinharam o Brasil..., acabaram as invasões de terras, cada vez mais o mercado internacional abre suas portas para nossos produtos do Agro (isso que vocês falaram que todas as portas estariam fechadas ) Não tem jeito, Carlos, aceita que dói menos .....

      4
    • carlo meloni sao paulo - SP

      Edmilson, para começar nao tenho um pingo de vermelho----Nunca mamei em ninguem tudo que eu tenho ganhei com meu trabalho--Votei em Bolsonaro e tentei defende-lo ate o ponto de me sentir ridiculo para apoiar um moleque de inteligencia limitada -----O que eu posso pensar de você, Edmilson, que apoia cegamente uma pessoa que faz um pronunciamento na televisao e no dia seguinte faz exatamente o contrario----E FEZ ISSO DUAS VEZES---Minha ficha ja' caiu----General de 4 estrelas bater continencia para um moleque e' dose para filme cômico...

      2
    • carlo meloni sao paulo - SP

      Edmilson, o Bolsonaro montou uma equipe de ministros espetaculares como nunca---- Temos Moro, Guedes e Campos Neto, Tereza Cristina, Mandetta, Marcos das ciencias e tecnologia ... todas pessoas de inteligencia brilhante e O MOLEQUE DEMONSTRA TER CIUME E DOR DE COTOVELO DA SUA EQUIPE----E' uma piada...

      5