Economia não pode parar por coronavírus ou se aproximará da catástrofe, diz Bolsonaro

Publicado em 20/03/2020 17:02 e atualizado em 21/03/2020 16:26

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Por Maria Carolina Marcello e Pedro Fonseca

BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, em videoconferência com empresários sobre a pandemia de coronavírus, que a economia brasileira não pode parar ou "a catástrofe se aproximará de verdade".

A declaração do presidente foi feita pouco depois do anúncio de um forte corte na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Bolsonaro frisou que não procedem "decisões" de autoridades locais que visam o fechamento de aeroportos ou estradas, que teriam enorme impacto econômico, e disse que o governo mantém contato com secretários estaduais sobre o assunto.

"A economia não pode parar. Afinal de contas, não basta termos meios, se não tivermos como levá-los ao local onde serão usados, bem como os profissionais têm também que se fazer presentes nesses locais", disse o presidente.

"Então estamos acertando para que um Estado não aja diferente dos outros e que não bote em colapso o setor produtivo", disse.

"Não adianta produzir num lugar se não tem onde entregar no outro. E o Brasil precisa continuar se movimento, mexendo com a sua economia, senão a catástrofe se aproximará de verdade", disse, acrescentando que a Constituição garante "em grande parte" ao Executivo a prerrogativa de decidir pelo fechamento de aeroportos e rodovias.

Bolsonaro iniciou a videoconferência com represetantes do setor privado após o Ministério da Economia anunciar corte na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 a 0,02%, ante alta de 2,1% indicada há dez dias, numa mostra da rápida deterioração das expectativas em meio ao avanço do coronavírus e seu dramático impacto na economia.

O presidente aproveitou para anunciar que o Congresso "em comum acordo" abriu mão de 8 bilhões de reais em emendas individuais e de bancadas, de forma a destinar os recursos ao Ministério da Saúde para o enfrentamento da epidemia.

Voltou a afirmar, ainda, que não se pode agir com histeria na crise relacionada à nova doença.

"Desde o começo, eu, como estadista, tenho falado ao Brasil: 'não podemos entrar em pânico, temos que tomar as medidas que forem necessárias, mas sem histeria'. Este é o exemplo que eu procuro dar em todas as ações que eu tenho falo para frente", disse.

"Temos quase 12 milhões de desempregados no Brasil. Este número vai crescer, mas se crescer muito, outros problemas colaterais surgirão", afirmou.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Souza Braga Netto, participam de videoconferência com representantes da Iniciativa Privada
 

Bolsonaro pede apoio de empresários no combate ao coronavírus

O presidente Jair Bolsonaro realizou uma videoconferência com empresários nesta sexta-feira (20) e pediu apoio do setor no combate ao novo coronavírus (Covid-19), especialmente na manutenção da logística de abastecimento de bens essenciais, como alimentos e medicamentos.

"A economia não pode parar. Afinal de contas, não basta termos meios se não tivermos como levá-los ao local onde será usada, bem como os profissionais têm também que se fazer presentes nesses locais. Os empresários não podem parar, porque precisamos produzir muita coisa, e não é apenas um centro de produção. Um simples remédio envolve vários outros setores para que ele seja feito, embalado, acondicionado e transportado. A nossa economia também não pode parar no tocante à produção de alimentos. E esta área é muito grande" afirmou.

O presidente também comentou sobre a possibilidade de estabelecer restrições para circulação de pessoas e mercadorias em rodovias e aeroportos. Segundo ele, essas medidas precisam ser tomadas em articulação dos estados com a o governo federal.

"Estamos em contato com os secretários de estado também para definirmos a questão do direito de ir e vir, do fechamento ou não de rodovias, bem como aeroportos. Em grande parte, a Constituição garante a nós essa responsabilidade. Então, estamos acertando para que um estado não aja diferente dos outros e não bote em colapso o setor produtivo. Não adianta produzir em um lugar e não ter como entregar no outro."  

Na mesma linha, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, também pediu um planejamento que permita enfrentar a crise sanitária, mas sem gerar uma catástrofe econômica.

"Temos a consciência que primeiro tem que ser controlada a questão da saúde, se não diminuir a movimentação de pessoas, não vamos estar controlando a questão da saúde e nós temos consciência que a diminuição afeta a economia, e tem que ser afetada de forma planejada", disse o empresário.

Na mesma reunião, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, projetou um crescimento dos casos do Covid-19 nos próximos 10 dias, com uma subida mais aguda em abril, permanecendo alta em maio e junho. A partir de julho, há a expectativa de início da desaceleração.

O número de mortes em decorrência da Covid-19 subiu para 11 e o total de infectados pelo vírus soma 904 no país, segundo a última atualização divulgada pelo Ministério da Saúde. (Agência Brasil)

Bolsonaro diz que estado de sítio não está no radar do governo em meio à crise do coronavírus

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro, ao ser questionado no final de uma entrevista coletiva sobre a possibilidade de estado de sítio no país em meio à crise da pandemia do coronavírus, disse que a medida não está no radar do governo.

Bolsonaro ponderou que isso é algo que pode ser decidido rapidamente, mas que uma medida como essa passaria uma sensação de pânico para a população e nem está sendo analisada.

Bolsonaro critica fechar rodovias e aeroportos: "economia não pode parar", diz

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Em videoconferência com empresários do setor produtivo, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a decisão de alguns governadores de fechar rodovias e aeroportos para conter a disseminação do novo coronavírus no País. Ele afirmou que não é o momento para criar pânico e que "a economia não pode parar".

O presidente ressaltou a necessidade da manutenção da produção de produtos, como remédios, da logística de transporte das cargas e da indústria alimentícia.

Segundo o presidente, o governo recebeu cerca de 35 propostas do setor produtivo nos últimos dias e que algumas foram acatadas com apoio do Congresso Nacional. Segundo ele, os parlamentares abriram mão de R$ 8 bilhões em emendas parlamentares e de bancada para custear medidas para enfrentar a epidemia de coronavírus.

Fiat, Renault e Toyota engrossam paradas de produção de veículos no Brasil

SÃO PAULO (Reuters) - Fiat Chrysler (FCA), Renault e Toyota engrossaram nesta sexta-feira anúncios de paralisação de produção de montadoras de veículos no Brasil a partir da próxima semana, sinalizando forte queda no PIB do segundo trimestre, uma vez que a indústria automotiva é responsável por cerca de 20% do produto industrial do país.

Mais cedo nesta semana, General Motors e Mercedes-Benz também haviam anunciado paradas, concedendo férias coletivas a milhares de funcionários. Volkswagen e Volvo fizeram o mesmo com suas unidades industriais no Paraná.

A indústria automotiva é responsável por 3% do PIB geral do país e por 18% do PIB industrial. O setor já iniciou contatos com o governo, reforçando o coro de outros segmentos da economia, por medidas que aliviem o impacto causado pela forte queda na demanda provocado pelo pânico em torno do coronavírus.

Nesta sexta-feira, o presidente da General Motors na América do Sul, Carlos Zarlenga, disse em teleconferência com membros do governo federal, que incluiu o presidente Jair Bolsonaro e transmitida ao vivo pela TV pública, que a indústria de veículos "será uma das mais impactadas pela crise". Ele foi um entre vários empresários apresentando a situação para o governo.

Defendendo medidas que ajudem a reduzir o impacto do coronavírus no setor, como garantia de liquidez e redução de custos trabalhistas, Zarlenga afirmou que "Vamos precisar de muita flexibilidade laboral...a ideia é segurar o emprego o máximo possível."

O setor, que emprega cerca de 126 mil trabalhadores no Brasil, tem hoje estoque para 40 dias de vendas, mas com a interdição de uma série de estabelecimentos comerciais, incluindo concessionárias de veículos em várias regiões do país, este inventário passará a representar custo financeiro para o setor, informou a associação de montadoras Anfavea.

A associação começou o ano com expectativa de crescimento do PIB de 2,5% em 2020 e com previsão de alta na produção de veículos de 7,3%, "mas agora elas (estimativas) ficarão como documento histórico", comentou um porta-voz da entidade.

Segundo a Anfavea, até meados desta semana as vendas de veículos novos neste ano estavam subindo em linha com a expectativa de alta de 9,4% em 2020, com licenciamentos de 542.120 unidades. Mas Zarlenga afirmou que as vendas agora "estão caindo de forma repentina. Estamos operando quase 50% menos vendas em todos os Estados".

Prevendo a futura queda na demanda por aço, a Usiminas uma das maiores fornecedoras da liga para o setor automotivo nacional, afirmou nesta sexta-feira que espera queda de vendas "nos próximos meses".

A Usiminas, porém, afirmou que não tem como precisar o tamanho da retração ou o impacto da pandemia sobre seus negócios. As ações da companhia fecharam nesta sexta-feira em baixa de 4%, valendo 4,32 reais.

 

PARADAS

A Fiat Chrysler afirmou que começa a parar em 24 de março, com paralisação total a partir de três dias depois. A empresa, que tem cerca de 10 mil funcionários no Brasil divididos em três fábricas (Betim-MG, Goiana-PE e Campo Largo-PR), espera retomar a produção em 21 de abril.

Já a Renault vai suspender atividade no complexo industrial de São José dos Pinhais (PR), que abriga quatro fábricas, de 25 de março a 14 de abril, deixando cerca de 7.500 funcionários em férias coletivas. A Toyota, que emprega 6 mil trabalhadores no país, concentrados em São Paulo, para suas quatro fábricas em 24 de março e prevê reiniciar a produção em 6 de abril.

Também na lista de anúncios de paralisações, a Volkswagen Ônibus e Caminhões, que emprega cerca de 4.500 funcionários em um complexo industrial em Resende (RJ), vai interromper atividade entre 30 de março e 20 de abril.

E já de olho na futura queda na demanda dos clientes, a fabricante de pneus Pirelli decidiu suspender por tempo indeterminado a produção na América do Sul, paralisando fábrica na Argentina a partir desta sexta-feira e outras três no Brasil a partir da segunda-feira. A companhia emprega na região cerca de 8 mil pessoas, que entrarão em férias coletivas.

A analista Stephanie Brinley, da empresa de pesquisa de mercado His Markit, afirmou esperar que a produção de veículos na América do Sul caia em cerca de 98 mil unidades entre março e abril. "Tenho certeza que até segunda-feira esse número será revisado", disse ela. "É uma situação muito volátil."

FMI vê impacto severo de pandemia na economia global, mas crise será temporária

WASHINGTON (Reuters) - O impacto da pandemia global de coronavírus será "bastante severo", mas um longo período de expansão e altas taxas de emprego mostram que a economia global deveria resistir ao choque atual, disse nesta sexta-feira uma importante autoridade do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Martin Mühleisen, que chefia o departamento de política e análise estratégica do FMI, disse em um podcast do Fundo que o principal objetivo dos governos deve ser limitar a propagação do vírus de forma a garantir que o choque econômico seja temporário.

Ele disse que bancos e governos adotaram medidas sem precedentes para fornecer liquidez aos mercados e mantê-los funcionando "talvez mais do que precisávamos", mas essas medidas devem ser coordenadas internacionalmente para que tenham seus efeitos amplificados.

"Quanto mais organizadas e coordenadas forem as respostas de saúde a essa crise, mais rapidamente será possível que a confiança retorne", afirmou.

Líderes do G7 disseram na semana passada que fariam "o que for preciso" para responder ao surto, mas não forneceram detalhes específicos, o que deixou os mercados instáveis.

Líderes das 20 principais economias do mundo (G20) realizarão uma cúpula virtual na próxima semana, mas as divisões do grupo diminuem as esperanças de uma ação coordenada forte, dizem especialistas.

O coronavírus já infectou mais de 254.700 pessoas em todo o mundo e matou 10.451. Os esforços para conter a propagação da doença resultaram em severos choques na oferta e na demanda em todo o mundo, atingindo o setor financeiro.

Mühleisen disse que as instituições financeiras estão mais resistentes do que antes da crise financeira global de 2008-2009, e o crescimento constante e as altas taxas de emprego devem criar alguns amortecedores.

"Nesse sentido, a crise chegou em um momento em que esperamos estar preparados para esse tipo de choque", disse ele, embora o impacto ainda seja "bastante severo".

Mühleisen disse que o FMI está trabalhando para enfrentar a crise por meio de empréstimos e doações com taxas de juros baixas ou zeradas e está pronto para ajudar os mercados emergentes a lidar com as acentuadas saídas de capital.

Os preços das commodities, especialmente a forte queda no barril do petróleo, representam um desafio adicional para muitos países, enquanto ajudam os que importam matérias-primas, disse ele.

No entanto, o estrategista disse que a crise destacou a necessidade de que os governos e o setor privado tenham amortecedores suficientes, o que significa que o FMI continuaria a olhar para altos níveis de dívida.

"É importante que os países ajam de forma responsável e que tenhamos espaço para responder se houver realmente necessidade de uma resposta de políticas públicas no grau que está acontecendo no momento", acrescentou.

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Fonte:
Reuters/Estadão Conteúdo

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1 comentário

  • Tiago Gomes Goiânia - GO

    Bolsonaro, em face a sua ignorância peculiar não entendeu até o momento que as medidas adotadas para conter o coronavirus na verdade atenuam um maior estrago na economia. Seguindo a lógica do sabidão continuariamos tocando em frente, com alguns mortos apenas que seriam um mal menor.

    Não entendeu que inclusive pela ótica econômica, se atingirmos o povo da doença de forma desordenada e em grande magnitude aí sim teremos um caos econômico sem precedentes, com indústrias fechadas, cidades situadas, toque de recolher.

    Bolsonaro é igual criança, alguém tem de desenhar para ele para ver se entende que até do ponto de vista econômico essas medidas são menos desastrosas.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Quantas censuras ao presidente Bolsonaro já ouvi de imbecis, desde quando ele dizia que iria se candidatar.

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    • EDMILSON JOSE ZABOTT PALOTINA - PR

      Sr. Tiago, estamos realmente preocupados , não só com a economia mas principalmente com nossas famílias, amigos , vizinhos enfim todos nós seres humanos que tememos a Deus. Diferente do seu ídolo, o ex presidiário que foi presidente do Brasil e que tentou destruir as famílias, lhes roubando a dignidade, os costumes -- isso sem um vírus atacando-nos --, mas sim com sua criminosa inteligência ..., você já imaginou se ele tivesse uma ajuda dos comunistas ditadores da China ?...

      Sr.Tiago, já que você se ajuda o dono da verdade , procure os órgãos de saúde do seu estado e se coloque à disposição para definir estratégias de contenção deste vírus..., se quiser chame junto todo seu time do PT, que aliás até o presente momento não mais vi ... junte o seu ídolo e seus colegas --- como Gleise , José Dirceu e os demais nas mídias -- para auxiliar na contenção desta enfermidade .

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