Exportação da China no 1º bimestre despenca; importação perde ritmo por coronavírus
PEQUIM (Reuters) - As exportações da China caíram acentuadamente nos primeiros dois meses do ano e as importações desaceleraram, pois a crise de saúde provocada pelo surto de coronavírus causou grandes interrupções nas operações comerciais, cadeias de suprimentos globais e atividade econômica.
O relatório comercial desanimador provavelmente reforçará os temores de que o crescimento econômico da China tenha caído pela metade no primeiro trimestre, para o nível mais fraco desde 1990, devido à epidemia e às severas medidas de contenção do governo que atingiram a produção industrial e afetaram a demanda.
Os embarques para o exterior caíram 17,2% em janeiro-fevereiro em relação ao mesmo período do ano anterior, mostram dados alfandegários do sábado, marcando a queda mais acentuada desde fevereiro de 2019.
Isso comparado a uma queda de 14% sugerida por uma pesquisa da Reuters com analistas e um aumento de 7,9% em dezembro.
As importações caíram 4% em relação ao ano anterior, mas foram melhores do que as expectativas do mercado, de uma queda de 15%. Elas haviam aumentado 16,5% em dezembro, impulsionadas em parte por um acordo comercial preliminar com os EUA.
A China registrou um déficit comercial de 7,09 bilhões de dólares no período, ante um superávit esperado de 24,6 bilhões na pesquisa.
A atividades industriais contraíram no ritmo mais rápido de todos os meses de fevereiro, ainda pior do que durante a crise financeira global, mostrou um indicador oficial de manufatura no fim de semana passado, devido a uma forte queda nos pedidos.
A epidemia matou mais de 3.000 e infectou mais de 80.000 na China. Embora o número de novas infecções na China esteja caindo e os governos locais estejam relaxando lentamente as medidas de emergência, os analistas dizem que muitas empresas estão demorando mais para reabrir do que o esperado e podem não voltar à produção normal até abril.
Esses atrasos ameaçam provocar um impacto ainda mais longo e mais custoso nas economias dos principais parceiros comerciais da China, muitos dos quais dependem fortemente de peças e componentes fabricados na China.
O superávit comercial da China com os Estados Unidos nos primeiros dois meses do ano ficou em 25,37 bilhões de dólares, mostrou o cálculo da Reuters com base em dados alfandegários chineses, muito menor que um superávit de 42,16 bilhões de dólares no mesmo período do ano passado.
As importações de soja nos primeiros dois meses de 2020 aumentaram 14,2% em comparação ao mesmo período do ano passado, devido à liberação alfandegária de cargas para os EUA, compradas durante uma trégua comercial no final de 2019.
Após meses de tensões e aumentos de tarifas que perturbaram o comércio bilateral, as duas maiores economias do mundo fecharam um acordo comercial provisório em janeiro, que cortou algumas tarifas dos EUA sobre produtos chineses em troca de promessas chinesas de aumentar massivamente as compras de bens e serviços dos EUA.
Os EUA esperam que a China honre esses compromissos, apesar do surto de coronavírus, disse uma autoridade dos EUA em fevereiro.
Hotel com 70 pessoas em quarentena por coronavírus desaba na China
XANGAI (Reuters) - Um hotel de cinco andares usado para quarentena de coronavírus na cidade portuária de Quanzhou, no sudeste da China, desabou no sábado, soterrando cerca de 70 pessoas, informou a imprensa estatal.
Um vídeo veiculado pelo site Beijing News, apoiado pelo governo, mostrou equipes de resgate de macacão laranja escalando os escombros do Quanzhou Xinjia Hotel e retirando pessoas em ambulâncias.
O colapso do hotel começou às 19h30, no horário local, e 34 pessoas foram resgatadas nas duas horas seguintes, informou o município de Quanzhou em seu site.
"Eu estava em um posto de gasolina e ouvi um barulho alto. Olhei para cima e todo o prédio desabou. Havia poeira por toda parte e fragmentos de vidro voando", disse uma testemunha em um vídeo postado no aplicativo de streaming Miaopai.
"Fique tão aterrorizado que minhas mãos e pernas ficaram tremendo."
Uma mulher chamada apenas por seu sobrenome, Chen, disse no site Beijing News que seus familiares, incluindo uma irmã, estavam em quarentena no hotel, conforme prescrito pelos regulamentos locais, depois de voltarem da província de Hubei, onde o coronavírus começou.
Ela disse que eles deveriam sair logo depois de completar 14 dias de isolamento.
"Não consigo contatá-los, eles não estão atendendo seus telefones", afirmou.
"Também estou em quarentena (em outro hotel) e estou muito preocupada, não sei o que fazer. Eles estavam saudáveis, mediam a temperatura todos os dias e os testes mostravam que tudo estava normal".
Quanzhou é uma cidade portuária no Estreito de Taiwan, na província de Fujian, com uma população de mais de 8 milhões de habitantes.
O jornal oficial Diário do Povo disse que o hotel abriu em junho de 2018 com 80 quartos.
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