Dólar vira e passa a cair a R$4,45 após corte emergencial de juros pelo Fed
Por Luana Maria Benedito e José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar virou e passou a cair ante o real nesta terça-feira, seguindo com volatilidade a forte reação dos mercados internacionais à decisão emergencial do banco central dos Estados Unidos de cortar os juros devido a crescentes riscos decorrentes do surto de coronavírus.
Às 12:44, o dólar recuava 0,47%, a 4,4658 reais na venda. A moeda operava na casa de 4,50 reais pouco antes de descer abruptamente para uma mínima de 4,4592 reais na venda logo depois de o Federal Reserve anunciar corte de 0,50 ponto percentual em sua taxa básica de juros.
O dólar chegou a ganhar alguma força posteriormente, anulando a queda, mas as vendas tornavam a prevalecer e empurravam a moeda a novas mínimas intradiárias na casa de 4,45 reais.
O chairman do Fed, Jerome Powell, fará coletiva de imprensa às 13h (de Brasília) para comentar a redução de juros.
"O Fed/FOMC corta os emergencialmente em 50 pontos-base. Sem encontro agendado. Liquidez ampla e irrestrita. Sobem bolsas no mundo e dólar para baixo", disse Rafael Leão, economista-chefe da Arazul Capital.
A decisão do Fed de reduzir os juros veio na sequência de líderes das sete economias mais ricas do mundo prometerem o uso de todas as ações apropriadas de política econômica para enfrentar os impactos econômicos do coronavírus.
O índice do dólar no exterior caía 0,5%, depois de chegar a subir mais cedo. Moedas emergentes tinham forte valorização, com destaque para os ganhos de 3% de lira turca e de 1,5% do peso colombiano.
A apreciação do real, porém, seguia aquém da vista em seus rivais emergentes, depois de na véspera a moeda brasileira também ter performado pior.
"O real, pelo fato de haver um aumento das apostas de que o Banco Central voltará a cortar juros, tem ficado mais vulnerável em relação ao dólar", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.
Os juros futuros voltavam a cair nesta sessão, inclusive nos vértices de até um ano, mais correlacionados às expectativas para a política monetária.
Os sucessivos cortes da Selic nos últimos vários meses reduziram a diferença entre as taxas pagas pelos títulos brasileiros e os papéis norte-americanos --considerados os mais seguros do mundo. Assim, o investidor estrangeiro tem tido menos estímulo para aplicar na renda fixa local, o que prejudica o fluxo cambial e joga contra melhora na oferta de dólar no país.
O Banco Central vendeu todos os 13 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados nesta terça-feira em operação de rolagem.
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