China x EUA: Trump fala em "fase um" de acordo parcial e compras da China de até US$ 50 bi
Liu He, vice premier da China, aperta a mão de Steve Mnuchin, secretário do Tesouro dos EUA, em Washington nesta quinta (10) - Foto: Andrew Harrer/Bloomberg
WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) - Os Estados Unidos e a China acertaram nesta sexta-feira a primeira fase de um acordo para encerrar a guerra comercial iniciada por Washington, o que levou o presidente Donald Trump a suspender uma elevação de tarifas de importação.
O acordo parcial, que tratou de compras agrícolas, moeda e alguns aspectos de proteção à propriedade intelectual, foi o maior passo para resolver uma guerra tarifária de 15 meses entre as duas maiores economias do mundo, que atingiu os mercados financeiros, afetou a produção e desacelerou o crescimento global.
A agência Bloomberg divulgou que Mnuchin afirmou em coletiva de imprensa que a China teria se comprometido em aumentar suas compras em produtos americanos em algo entre US$ 40 e US$ 50 bilhões. Ainda não é conhecido pelo mercado se isso se daria só em produtos agrícolas ou se trata-se de um mesmo volume estendido também para outros setores.
O acordado entre ambos os lados ainda deverá ser aprovado pelo presidente americano. Efetivado, seria o primeiro grande passo para um fim da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo em 18 meses.
Segundo apurado, há um consenso de adiamento ou até mesmo suspensão de um aumento de tarifas planejado para o próximo dia 15, e que poderiam começar a valer já no meio de dezembro. As informações foram dadas pelo representante do Comércio dos EUA Robert Lighthizer, também em entrevista à imprensa nos EUA.
DONALD TRUMP E LIU HE
Em coletiva à imprensa, Donald Trump disse que os países chegaram à "fase um" de um acordo nesta sexta-feira. "Será algo bom para os EUA e para a China, por favor, cumprimente o presidente Xi", disse Trump ao vice premier chinês Liu He ao se encontrarem na tarde desta sexta-feira na Casa Branca.
Com o vice premiê da China, Liu He, sentado à sua frente no Salão Oval, Trump disse a jornalistas que os dois lados estavam muito perto de colocar um fim à guerra comercial.
"Houve muita fricção entre os Estados Unidos e a China, e agora é amor. Isso é uma coisa boa", afirmou. O presidente americano disse ainda que tudo levará de três a cinco semanas para ser colocado no papel, avaliado e efetivado.
Trump falava após dois dias de negociações em Washington entre Mnuchin, o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, e uma delegação chinesa liderada por Liu.
Mnuchin disse a repórteres que Trump concordou em não levar adiante o aumento nas tarifas de importação de 25% para 30% sobre cerca de 250 bilhões de dólares em produtos chineses que deveriam entrar em vigor na terça-feira.
Entretanto, Lighthizer disse que Trump não tomou uma decisão sobre tarifas que poderiam entrar em vigor em dezembro.
Quando questionado sobre essas tarifas, Trump disse: "Acho que teremos um acordo que é um grande acordo que irá além de tarifas."
Trump já afirmou anteriormente que não ficaria satisfeito com um acordo parcial para resolver seu esforço de dois anos para mudar as práticas comerciais, de propriedade intelectual e de política industrial da China, que ele argumenta que custam milhões de empregos nos EUA.
Os principais índices de ações dos EUA, que estavam negociando em fortes altas com a esperança de algum tipo de acordo, reduziram alguns dos ganhos após o anúncio. O índice S&P 500 subiu cerca de 1,4%, mas fechou em alta de 1,1 por cento.
Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, devem participar, em 16 de novembro, de cúpula dos países da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec), em Santiago do Chile.
Os dois lados já impuseram tarifas sobre centenas de bilhões de dólares em bens durante a disputa, mas houve sinais positivos nos últimos dias.
O regulador de valores mobiliários da China também divulgou nesta sexta-feira um cronograma firme para eliminar os limites de propriedade estrangeira em empresas, valores mobiliários e fundos de investimento pela primeira vez. O aumento do acesso estrangeiro ao setor está entre as demandas dos EUA nas negociações comerciais.
Pequim disse anteriormente que abrirá ainda mais seu setor financeiro em seus próprios termos e em seu próprio ritmo.
SOJA
Especulando um otimismo sobre o encontro, os preços da soja operaram durante todo o dia com consideráveis altas na Bolsa de Chicago e terminaram o dia com altas de mais de 10 pontos entre seus principais vencimentos.
"Já nas primeiras horas da manhã aqui em Chicago, rumores de que a China deve compromissar entre 15 e 25 milhões de toneladas de soja norte-americana dispararam o movimento de alta agressiva", relataram os diretores da consultoria ARC Mercosul. " Além do mais, os mesmos boatos sugerem que o país asiático deverá também adicionar compras e carne suína estadunidense, neste mesmo pacote comercial", completam.
Assim, sobre o que ainda pode acontecer com os preços futuros da soja na Bolsa de Chicago é cedo para dizer, explica ainda Tarso Veloso. É preciso saber o que valerá efetivamente para entender qual será o teto de preços da oleaginosa no mercado futuro norte-americano.
"Temos que ver o volume para saber realmente o que acontecerá. Prêmios no Brasil já deram uma derretida depois de ontem e agora vai cair ainda mais", completa o diretor da ARC.
Veja mais na entrevista de Vlamir Brandalizze ao Notícias Agrícolas, nesta sexta-feira, para o fechamento do mercado da soja:
Dólar encerra em queda contra real com avanço em acordo EUA-China
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar encerrou em queda ante o real nesta sexta-feira, interrompendo a sequência de dois dias de alta, em sessão marcada por maior apetite por ativos de risco no exterior, diante de sinalizações positivas sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China.
O dólar à vista teve queda de 0,68% nesta sexta-feira, a 4,0954 reais.
Na B3, o dólar futuro tinha queda de 0,30%, a 4,1035 reais.
Para equipe de análise da Correparti Corretora, o otimismo pairou sobre os mercados de câmbio durante toda a sessão, e a notícia sobre o acordo deu "ainda mais força a esse movimento".
Na semana, no entanto, a moeda norte-americana acumulou alta de 0,95%, após registrar maior queda semanal desde fevereiro na semana anterior, quando recuou 2,39% no acumulado.
A moeda norte-americana ganhou força contra o real, após a divulgação de dados mostrando que o país registrou deflação ao consumidor em setembro pela primeira vez em dez anos.
O número reforçou a aposta de mais cortes na taxa básica de juros do país (Selic) e elevou a percepção de piora na relação risco/retorno de aplicações na renda fixa doméstica, o que poderia potencialmente limitar a oferta de dólar no país.
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