Moro afirma que "há possibilidade" de aceitar convite de Bolsonaro; fonte diz que juiz deve aceitar
RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA (Reuters) - O juiz federal Sérgio Moro afirmou nesta quinta-feira que há uma possibilidade de aceitar o convite feito pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para que comande o Ministério da Justiça no futuro governo dependendo de algumas condições, e uma fonte com conhecimento do assunto disse que o magistrado já informou à Justiça Federal do Paraná que pretende aceitar o cargo.
"Entendo que o país precisa de uma agenda anticorrupção e uma agenda anticrime organizado. Se houver a possibilidade de implementação dessa agenda e convergência de ideias, como isso pode ser feito, há uma possibilidade. Mas, como disse, é tudo muito prematuro", disse Moro a repórteres a bordo do avião que o levou de Curitiba ao Rio de Janeiro para se reunir com Bolsonaro nesta manhã, de acordo com vídeo exibido pela TV Globo.
Principal responsável pela operação Lava Jato, Moro vai se reunir com o presidente eleito na casa de Bolsonaro no Rio de Janeiro para discutir a oferta feita pelo futuro chefe do Executivo para que assuma o cargo de ministro da Justiça. [nL2N1XB2BU]
De acordo com a fonte ouvida pela Reuters, Moro já teria decidido aceitar o convite e avisado à Justiça Federal do Paraná da sua decisão.
O juiz espera apenas a garantia formal do próprio presidente eleito com as condições pedidas por ele: o comprometimento do governo com a aprovação das 10 medidas contra a corrupção preparadas pelo Ministério Público e a ampliação dos poderes do Ministério da Justiça.
Moro quer que o ministério volte a ser integrado com a segurança pública e passe a abarcar também o Ministério da Transparência, que inclui a Corregedoria-Geral da União. As condições já teriam sido conversadas com a equipe de Bolsonaro antes do encontro entre os dois.
Na Justiça Federal em Curitiba será aberto um processo interno para substituir Moro entre os juízes federais que se candidatarem à vaga, com prioridade para o juiz mais antigo. A informação é que os investigações e processos da Lava Jato não seriam redistribuídos, mas permaneceriam na mesma vara, só que com um novo responsável.
Moro se tornou um símbolo mundial no combate à corrupção em razão da Lava Jato, e foi quem condenou e decretou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
(Por Pedro Fonseca e Lisandra Paraguassu)
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