Milho: Financeiro pesa e mercado amplia perdas na sessão desta 2ª feira em Chicago
As cotações do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) ampliaram as quedas ao longo da sessão desta segunda-feira (27). As principais posições do cereal exibiam perdas entre 16,25 e 17,25 pontos, por volta das 12h40 (horário de Brasília). O vencimento setembro/15 era cotado a US$ 3,75 por bushel, depois de iniciar o pregão a US$ 3,82 por bushel. Apenas o contrato maio/16 era negociado acima dos US$ 4,00 por bushel, a US$ 4,02 por bushel.
De acordo com o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, o mercado é pressionado por fatores técnicos e financeiros nesse início de semana. "Temos o dólar subindo no mercado internacional frente a uma cesta de moedas, com isso, os investidores acabam saindo de suas posições e adquirem títulos públicos americanos. Nesse momento, o mercado não tem um suporte e testa os patamares mais baixos. No caso do milho, as cotações podem alcançar os US$ 3,80 por bushel", explica.
Inclusive, há rumores no mercado de que os compradores do sudeste do país tenham adquirido de 8 a 10 cargas de milho do Brasil, o que sugere que, nesse momento, o cereal sul-americano está mais barato que o produzido no país. A variável ajuda a manter a pressão sobre os preços da commodity, conforme destacam as agências internacionais de notícias na manhã desta segunda-feira.
Por outro lado, o mercado também acompanha a forte queda de mais de 8% na bolsa em Xangai nesta segunda-feira. Como informou a estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil ao Valor Econômico, Luciana Rostagno, de que a "forte queda da bolsa chinesa trouxe a preocupação de um 'pouso forçado' da China, que levou os preços das commodities para baixo e provocou a desvalorização das moedas latino-americanas".
Além disso, o clima nos EUA não mostra nenhuma alteração significativa. Segundo informações reportadas pelo NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país -, no intervalo dos dias 01 a 05 de agosto, o Corn Belt, em sua maioria, deverá registrar chuvas dentro da normalidade, ou até mesmo abaixo da média. Na projeção mais alongada, o cenário também é mantido, no período de 03 a 09 de agosto. Nos dois períodos, as temperaturas também deverão ficar abaixo da média, conforme os mapas indicados abaixo.
Chuvas nos EUA entre os dias 01 e 05 de agosto - Fonte: NOAA
Temperaturas nos EUA entre os dias 01 e 05 de agosto - Fonte: NOAA
"Em relação ao clima nos EUA, temos um cenário de pouco mais tranquilidade, uma vez que, apesar de ser uma safra com problemas, ainda teremos uma grande produção. E com a queda de hoje, os negócios estão parados tanto no país, como no Brasil", afirma Brandalizze.
Frente a esse quadro, os participantes do mercado também aguardam o novo boletim de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que será divulgado no final da tarde de hoje. Na semana anterior, o órgão manteve o índice das lavouras em boas ou excelentes condições em 69%. Cerca de 55% das plantações estavam em fase de polinização.
Paralelamente, o consultor ainda ressalta que, as informações sobre as produções de milho do Leste Europeu, França e, principalmente em relação à China podem dar sustentação aos preços em Chicago. Isso porque, o clima mais seco tem castigado as lavouras e a perspectiva é de queda na produção. "Por enquanto, temos os investidores focados no financeiro e essas informações ainda não chegaram ao mercado. Porém, poderemos ter um suporte nos preços com a confirmação dessa situação", acredita.
Já os embarques semanais, reportados pelo USDA totalizaram 1.108,281 milhão de toneladas até a semana encerrada no dia 23 de julho. Na semana anterior, o volume ficou em 1.162,399 milhão de toneladas.
Mercado interno
Apesar da alta observada no dólar, que era cotado a R$ 3,35, com ganho de 0,27% nesta segunda-feira, os preços no Porto de Paranaguá recuaram. A saca do cereal para entrega em outubro/15 era negociada a R$ 30,00, após atingir R$ 30,50 na última sexta-feira. Já no Porto de Santos, o valor da saca disponível estava em R$ 30,00, ao longo desta segunda-feira.
As cotações são pressionadas pela forte queda registrada nos preços da commodity no mercado internacional. "Com a desvalorização em Chicago, temos os negócios parados lá e também aqui no Brasil. E como boa parte da nossa safrinha já foi comercializada antecipadamente, temos um quadro um pouco mais tranquilo", ressalta Brandalizze.
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