Cultivares de macadâmia mais tolerantes é estratégia para o manejo do tripes
Os tripes, insetos que medem poucos milímetros, estão entre as principais ameaças fitossanitárias em diversos cultivos, inclusive ao plantio de macadâmia no Brasil. Considerando o risco que o seu ataque pode apresentar para a sanidade das plantas e consequente formação de frutos, cientistas da Embrapa em parceria com a empresa QueenNut Macadâmia, com o apoio da Universidade Federal do Piauí, realizaram estudo para avaliar a incidência desses insetos em duas cultivares de macadâmia (IAC 4-12B e HAES 333), em folhas, flores e frutos das plantas ao longo de um ano, além de comparar o ataque a racemos (inflorescências) durante o seu florescimento, de julho a setembro. O estudo evidenciou a maior incidência desses insetos em racemos, além de uma preferência pela cultivar IAC 4-12B em relação à HAES 333 na época do florescimento avançado.
Conforme Lara Ferrari, bolsista da Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped) e estudante da Unicamp, a nogueira macadâmia é originária da Austrália, e devido a sua adaptação a climas tropicais e seu alto valor agregado, passou a chamar a atenção de agricultores brasileiros. “Ainda temos poucos estudos sobre as cultivares disponíveis para plantio e sobre o manejo de pragas nessa cultura, embora cerca de 18% da produção das nozes seja limitada pela ação de insetos pragas, segundo estudos australianos. Para esse trabalho, 10 plantas de cada cultivar foram amostradas de março de 2020 a abril de 2021, em uma área de plantio comercial localizada em Dois Córregos, SP”, explica Ferrari.
Valor comercial e para a saúde
O Instituto Agronômico (IAC) teve grande importância na introdução do plantio da macadâmia, possibilitando a sua implantação na década de 80 e, posteriormente, inserindo o Brasil em uma parcela significativa da produção mundial, ocupando o oitavo lugar no ranking.
A noz da macadâmia é benéfica para a saúde, contendo diversos nutrientes, como vitamina E e ômega 3, importantes para a manutenção cerebral, o que chama a atenção para seu consumo. O interesse de produtores brasileiros deve-se tanto ao alto valor agregado da amêndoa, que em 2022 custa em média R$ 10,00/kg, quanto à fácil adaptação das plantas aos climas tropicais e solos das regiões brasileiras.
De acordo com a Associação Brasileira de Noz Macadâmia, a safra em 2019 foi estimada em sete mil toneladas, apresentando um crescimento de 20% em relação ao ano anterior, com destaque para o estado de São Paulo, sendo somente o município de Dois Córregos responsável por 35% do processamento nacional da noz. Outros estados, como o Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná, também se destacam na produção.
Controle do tripes
Segundo a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e coordenadora da pesquisa, Jeanne Prado é necessário realizar um monitoramento dos tripes nas plantas, para que o controle seja feito quando e se necessário, evitando que os insetos atinjam grandes populações. "Algumas espécies danificam as folhas, deixando-as com manchas ou deformadas, e outras podem atacar os racemos, prejudicando a formação de novos frutos", enfatiza a s pesquisadora.
"Como no Brasil não há estudos sobre o manejo desses insetos na cultura de macadâmia, a seleção de cultivares mais tolerantes a tripes pode ser uma estratégia a ser utilizada no manejo da praga", acredita Prado.
Cultivares
Conforme o engenheiro agrônomo Leonardo Moriya, plantas de macadâmia das cultivares IAC, em geral, possuem maior crescimento em altura e copas arredondadas, enquanto as plantas das cultivares HAES apresentam maior crescimento em largura e copas cônicas. "Também existem diferentes características físicas nos racemos de ambas as cultivares, destaca o agrônomo.
Assim, estudos acerca das características fisiológicas das flores e da emissão de possíveis compostos voláteis atrativos a insetos precisam ser desenvolvidos para que seja possível compreender a maior atratividade exercida pela cultivar IAC 4-12B a tripes em relação à cultivar HAES 333.
A pesquisa faz parte de estudos desenvolvidos a partir de um acordo de cooperação técnica estabelecido entre a Embrapa Meio Ambiente e a empresa QueenNut, envolvendo também outros pesquisadores e visando aos objetivos de dois planos de trabalho: “Levantamento da entomofauna associada presente e identificação de insetos-pragas exóticos ausentes com potencial de dano ao cultivo de macadâmia”, coordenado pela pesquisadora Jeanne Prado, e “Identificação de agentes causais de doenças com alta severidade observadas em macadâmia”, coordenado pelo pesquisador Bernardo Halfeld.
O estudo é de Lara Dreux Ferrari, bolsista Faped e Unicamp; Leonardo Moriya, colaborador da QueenNut Macadâmia; Élison Ferreira Lima, colaborador da Universidade Federal do Piauí (UFPI); Alfredo Barreto Luiz e Jeanne Scardini Marinho-Prado da Embrapa Meio Ambiente.
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