Pesquisa do IB reduz em 70% aplicação de defensivos na produção de tomate

Publicado em 22/08/2017 16:33

Projeto de pesquisa do Instituto Biológico (IB-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, reduziu em 70% a aplicação de defensivos agrícolas na produção de tomate. O trabalho foi desenvolvido junto a três produtores da região de Mogi das Cruzes, principal fornecedora de hortaliças para a capital paulista. Com o sucesso, a pesquisa foi ampliada e começou a ser desenvolvida junto a produtores do assentamento Chácara Santo Ângelo, localizado também na região. A produção desses agricultores é comercializada, principalmente, na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e Centrais de Abastecimento.

O objetivo do trabalho foi transferir tecnologias e conhecimentos para os pequenos produtores da região, visando reduzir as aplicações de defensivos agrícolas no cultivo de hortaliças e melhorar a qualidade dos alimentos produzidos. “Além disso, o trabalho procurou diminuir os impactos ambientais da atividade, em um local estratégico, próximo ao Rio Tietê, procurando reduzir os riscos de contaminação na aplicação dos produtores rurais disponibilizando aos consumidores um alimento mais saudável”, afirma Fernando Javier Sanhueza Salas, pesquisador do Instituto Biológico.

Salas conta que o trabalho se iniciou em 2014, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), representado pela engenheira agrônoma Ariane Canellas, e contemplou três produtores familiares da região. O pesquisador explica que nos últimos anos, danos indiretos provocados por fitovírus, principalmente transmitidos pela mosca branca, reduziram a produção e a qualidade final dos produtos, prejudicando os agricultores.

“Durante três anos visitamos as propriedades e transferimos conhecimento. A ideia foi ensinar a identificar os insetos e a ocorrência das doenças e assim aplicar o defensivo apenas quando necessário. Muitos produtores aplicavam os produtos baseados no calendário e não de acordo com a infestação das doenças. Isso gera, além do impacto ambiental, prejuízos financeiros para as propriedades”, explica.

Outra estratégia para reduzir a ocorrência de mosca branca foi a implantação de microtúneis ou coberturas flutuantes de Agrotextil. “O Agrotextil é um tecido derivado de polipropileno, que pode ser reciclado, sendo uma tecnologia muito utilizada na produção de hortaliças na Espanha e na produção de melão para exportação em Mossoró, no Rio Grande do Norte. De forma simples e bem mais barata do que a implantação de uma casa de vegetação, por exemplo, o produtor consegue diminuir a ocorrência da mosca branca e outros insetos e reduzindo a incidência de doenças”, afirma.

O uso racional da água na produção é obtido por meio da implantação do sistema de irrigação por gotejamento. “Realizamos o projeto em 2015, em meio à crise hídrica. Os produtores participantes conseguiam produzir utilizando apenas os 5m3 de água permitidos”, conta.

Além disso, o Agrotextil, de acordo com Salas, pode reduzir o ciclo da planta de tomate, antecipando a colheita em, aproximadamente, 15 dias, e aumentar o brix – escala que mede a doçura.

Projeto é estendido a produtores assentados

Um projeto similar começou a ser realizado pelo Instituto Biológico junto a produtores familiares do assentamento Chácara Santo Ângelo, local que abriga mais de 400 famílias.

“O projeto tem o objetivo de estudar aspectos epidemiológicos dos vírus que atacam hortaliças e seus vetores, permitindo determinar algumas táticas de manejo junto aos agricultores”, explica o pesquisador do IB. Iniciada há seis meses, a pesquisa terá como foco a produção de tomate e de alface. “Mas a ideia é atendermos também produtores que cultivam abóbora, pepino, mini-moranga, cenoura e especiarias, por exemplo”, diz Salas.

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, o trabalho é importante para melhorar a renda dos agricultores e fazer uma agricultura harmônica com o ambiente. “Além disso, é importante para diminuir a distância entre a pesquisa e o setor produtivo e disponibilizar um alimento seguro ao consumidor, diretrizes do governador Geraldo Alckmin”, afirma.

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Fonte:
Asscom Apta

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